Reino Unido registra nascimento de bebês com DNA de três pessoas
A fertilização in vitro usou mitocôndrias de tecidos de óvulos doados para gerar embriões sem mutações nocivas transmitidas por mães biológicas.
A Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana (HFEA), agência reguladora de fertilidade do Reino Unido, confirmou que pelo menos cinco crianças nasceram no país, em abril deste ano, usando um procedimento ainda em teste que impede os bebês de adquirirem doenças incuráveis transmitidas pelo DNA das mães biológicas. Para isso, os médicos fizeram a fertilização in vitro usando óvulos das mães biológicas adaptados com tecidos de óvulos de doadoras saudáveis. O resultado foi o nascimento de bebês com o material genético de três pessoas: pai, mãe e doadora.
O tratamento de doação mitocondrial (MDT, na sigla em inglês) ainda está em teste, mas foi realizado nos Estados Unidos há oito anos. A HFEA liberou a notícia em cumprimento ao direito de informação reivindicado pelo jornal The Guardian. No entanto, não foram dadas informações sobre as crianças.
O MDT separa o material nuclear dos óvulos afetados por mitocôndrias nocivas das mães biológicas e insere no óvulo de uma doadora cujo material nuclear foi descartado, mantendo apenas as mitocôndrias saudáveis. Após esse procedimento, o óvulo é fecundado. O DNA da doadora fica presente apenas no DNA mitocondrial.
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As mitocôndrias são organelas que fornecem energia para as células. Com o MDT, o bebê herda cerca de 37 genes da doadora. Ou seja, mais de 99,8% do DNA da criança continua sendo do pai e da mãe biológicos.
Esse tratamento é recomendado somente para mulheres que possuem mitocôndrias mutantes capazes de transmitir anomalias para os filhos. Essas mulheres podem gerar filhos saudáveis ou com doenças graves, progressivas e até fatais. Estima-se que um em cada 6 mil bebês pode ser afetado por anomalias de origem mitocondrial que tendem a afetar o cérebro, o coração, os músculos e o fígado. Estes podem se deteriorar na medida em que a criança afetada cresce.
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