Recontagem do 1º turno da eleição presidencial é suspensa no Equador
O líder indígena Yaku Pérez aponta fraude para tirá-lo do segundo turno, em 11 de abril
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador suspendeu ontem a recontagem dos votos do primeiro turno das eleições presidenciais pedida pelo líder indígena Yaku Pérez, que aponta fraude para tirá-lo do segundo turno, em 11 de abril.
A revisão dos votos havia sido acertada na sexta-feira entre os candidatos e o CNE, mas precisava da aprovação do conselho do órgão. A proposta era de recontar 100% das urnas na Província de Guayas, maior colégio eleitoral do Equador, e 50% nas outras 16 províncias.
Na terça-feira, 16, o conselho começou a avaliar o pedido de Pérez, mas não chegou a uma conclusão. Dos cinco membros, dois votaram a favor da solicitação, um contra, outro se absteve e o quinto não compareceu.
"Este plenário do CNE, lamentavelmente, não dará resposta ao pedido (de Pérez), nem se aprova, nem se nega o relatório apresentado pela área técnica sobre a solicitação da recontagem", disse a presidente do CNE, Diana Atamaint.
Pérez, um advogado ambientalista de 51 anos, apresentou formalmente a solicitação de recontagem dos votos em 17 das 24 províncias do país. A revisão afetaria quase 6 milhões de votos, que representam 45% dos 13,1 milhões de eleitores registrados no sistema oficial do Equador, que tem 17,4 milhões de habitantes.
O líder indígena alega que na apuração preliminar ocorreu uma fraude para impedir sua presença no segundo turno. Ele foi superado pel ex-banqueiro Guillermo Lasso, de 65 anos, na metade da contagem dos votos.
De acordo com a apuração preliminar, o economista de esquerda Andrés Arauz, de 36 anos, pupilo do ex-presidente Rafael Correa, foi o mais votado em 7 de fevereiro, no primeiro turno da eleição, com 32,72% dos votos, e garantiu lugar no segundo turno.
Lasso e Pérez travaram uma disputa voto a voto pelo segundo lugar, que foi vencida pelo candidato conservador com 19,74% dos votos, e 19,38% do líder indígena, uma diferença de pouco mais de 30 mil votos, segundo a apuração preliminar - faltam contar apenas 0,07% das urnas.
Pérez reagiu e discursou em frente ao prédio do CNE. "Não vão nos derrotar, não vão nos aniquilar, a resistência continua. Hoje, (o CNE) acaba de tomar uma decisão que fica no limbo", afirmou.
O conselheiro José Cabrera votou contra o pedido de Pérez, alegando que antes seria necessário "terminar a apuração e proclamar os resultados para, então, serem apresentados os recursos de impugnação previstos na lei".
Já o vice-presidente do CNE, Enrique Pita, que optou pela abstenção, insistiu que "não se deve colocar em risco os prazos eleitorais" que contemplam, entre outros requisitos, a campanha do segundo turno, prevista no período de 16 de março a 8 de abril.
Grupos de indígenas ligados a Pérez realizaram protestos ontem e iniciarão uma marcha que começará na cidade de Loja, 425 quilômetros ao sul da capital, e percorrerá toda a região andina até chegar a Quito, na próxima semana. Em 2019, uma mobilização de estudantes e indígenas contra o aumento dos combustíveis levou o país à beira do rompimento institucional. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA