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Comprador de íris: saiba quem é Sam Altman, dono da World

Segundo a empresa responsável pelo projeto World, mais de 115 mil brasileiros já tiveram os olhos escaneados em troca de criptomoedas

Hannah Franco
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Nas últimas semanas, vídeos de pessoas indo ao shopping para "vender os olhos" chamaram atenção nas redes sociais. Essa curiosa prática está relacionada ao projeto World, que paga 48 worldcoins — criptomoeda que pode ser convertida em reais — para quem aceitar ter sua íris escaneada. A iniciativa, criada por Sam Altman, CEO da OpenAI, já registrou a íris de mais de 115 mil brasileiros até o final do ano passado.

A ideia central do projeto World é criar uma forma de "verificação de humanidade", permitindo que as pessoas provem que são reais e não robôs. Assim como as impressões digitais, a íris é única, o que garante a autenticidade dos usuários.

Quem participa do escaneamento recebe um World ID, um código que serve como prova de identidade no sistema da World. De acordo com a empresa, o objetivo é ajudar a diferenciar interações humanas de conteúdos gerados por inteligência artificial.

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Quem está por trás da World?

O projeto é administrado pela Fundação World, uma organização sem fins lucrativos com sede nas Ilhas Cayman. O desenvolvimento e operação do aplicativo World App ficam a cargo da Tools For Humanity (TFH), uma empresa global de tecnologia com sede em São Francisco, nos Estados Unidos, e uma filial na Baviera, Alemanha.

Apesar de trabalharem juntas no projeto, a TFH é governada de forma independente da Fundação World. A liderança do projeto está nas mãos de Sam Altman e Alex Blania. Os participantes são pagos com worldcoins, a criptomoeda nativa do projeto, através do aplicativo World App. Uma unidade da moeda é o equivalente a US$ 2.

Quem é Sam Altman?

Sam Altman, conhecido por ser o criador do ChatGPT, é uma figura de destaque no mundo da tecnologia. Ele é CEO da OpenAI e presidente da TFH. Formado em Ciências da Computação por Stanford, Altman iniciou sua carreira empreendedora aos 19 anos, quando fundou a Loopt, uma rede social baseada em localização, vendida por US$ 43,4 milhões.

Altman também foi presidente do Y Combinator, uma das principais aceleradoras de startups do mundo, responsável por empresas como Airbnb, Twitch e Zoom. Em 2019, ele deixou o cargo para assumir a liderança da OpenAI, onde se destacou globalmente com o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022.

Embora tenha conquistado reconhecimento, a carreira de Altman também passou por momentos controversos. Em 2023, ele foi demitido do cargo de CEO da OpenAI, mas retornou ao posto após forte pressão de acionistas e funcionários. Ele também é conhecido por suas opiniões políticas e declarou apoio a Donald Trump nas eleições, contribuindo com US$ 1 milhão para a posse do presidente.

Fiscalização no Brasil

Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), responsável por proteger os dados pessoais dos brasileiros, afirma por meio de nota que está fiscalizando a movimentação da empresa que encabeça o projeto.

“Em 11 de novembro de 2024, a Coordenação-Geral de Fiscalização da Autoridade Nacional de Proteção de Dados instaurou o processo de fiscalização nº 00261.006742/2024-53 em face da empresa para investigar o tratamento de dados biométricos de usuários no contexto do projeto World ID da equipe da Coordenação de Fiscalização. "Não há um prazo definido para conclusão da análise", destaca a entidade.

Para a ANPD, a íris dos olhos, assim como as digitais, palmas das mãos e outros, são dados pessoais sensíveis, por isso, o tratamento dessas informações assume riscos elevados. Como parte da fiscalização da entidade, foi solicitado esclarecimentos à empresa sobre o uso desses dados. A TFH já enviou os documentos e as informações requeridas, agora o processo está em fase de análise do material recolhido.

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Quais os riscos?

A partir do monitoramento realizado pela ANPD, a entidade aponta os principais riscos de fornecer dados biométricos tão sensíveis. Entre eles: o uso desses dados para finalidades não informadas previamente, coleta de dados sem consentimento ou com consentimento inadequado, ações discriminatórias, além de tecnologias falhas ou sistemas mal protegidos, que podem expor os usuários a situações constrangedoras e inseguras.

Especialistas também apontam também a incapacidade de resetar as informações biométricas após fornecidas, o que torna as informações vulneráveis, já que as empresas que a possuem estão sujeitas a ataques cibernéticos, por exemplo. Além disso, a vigilância exagerada e o compartilhamento de dados pessoais entre empresas também são pontos discutidos.

Como se proteger?

É possível tomar cuidados antes de fornecer informações pessoais. Nesse caso, ficar atento aos termos estabelecidos ajuda a evitar que os dados sejam utilizados indevidamente. Além disso, conhecer a empresa que receberá o seu registro e avaliar possibilidades menos invasivas, caso existam, também surgem nas recomendações da nota da ANPD.

Dados biométricos são identificações únicas e permanentes. Por isso, ao contrário de outros mecanismos de identificação, como senhas e cartões de acesso, não podem ser facilmente trocados ou apagados em casos de uso indevido, vazamento ou fraude.

*(Hannah Franco, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editor web de OLiberal.com)

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