Quatro ativistas pró-democracia foram executados por enforcamento em Mianmar
Eles foram acusados de ‘terrorismo’ pela junta militar. As execuções, que foram as primeiras no país após mais de 30 anos, estão sendo condenados pela ONU e grupos de direitos humanos
A junta militar do Mianmar confirmou a execução por enforcamento de quatro prisioneiros por acusações envolvendo terrorismo. Os mortos são ativistas pró-democracia, sendo dois deles políticos de oposição, e essas foram as primeiras execuções judiciais no país após mais de três décadas. O regime militar anunciou que iria retomar a pena capital no início de junho deste ano, após assumir o controle em Mianmar, em fevereiro do ano passado, num golpe de Estado. As informações são da CNN e SIC Notícias.
Conforme anunciado pela mídia estatal do país nesta segunda-feira (25), os quatro executados foram o ativista veterano Kyaw Min Yu, mais conhecido como Ko Jimmy, o ex-legislador da Liga Nacional para a Democracia Phyo Zayar Thaw, acusados pelos militares de estarem “envolvidos em atos terroristas, como explosões e mortes de civis”, segundo informou o porta-voz da junta, Zaw Min Tun, à CNN, além de Hla Myo Aung e Aung Thura Zaw, acusados de matar uma mulher por, alegadamente, ser uma informante dos militares.
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Não há detalhes sobre o dia da execução.
Desde que os militares tomaram o poder, 114 pessoas foram condenadas à morte em Mianmar, de acordo com a organização internacional Human Rights Watch.
Os julgamentos tem sido condenados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e grupos de direitos humanos. Casos civis são julgados em tribunais militares com procedimentos fechados ao público. Além disso, conforme as denúncias de grupos de direitos humanos, esses tribunais militares secretos negam a chance de um julgamento justo e são projetados para condenações rápidas – e quase certas -, independentemente das evidências.
“Esses indivíduos foram julgados, condenados e sentenciados por um tribunal militar sem direito de apelação e supostamente sem advogado, em violação da lei internacional de direitos humanos”, declarou o relator especial das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos em Mianmar, Tom Andrews, em um comunicado.
Pesquisador de Mianmar da Human Rights Watch, Manny Maung afirmou em um comunicado em junho que o desrespeito aos direitos básicos pelos tribunais militares de Mianmar “ficou evidente nos julgamentos ridículos e nas sentenças de morte de Phyo Zayar Thaw e Ko Jimmy”.
“Esses tribunais secretos com suas condenações relâmpago visam abrandar qualquer dissidência contra a junta militar”, disse o comunicado.
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