Presidente eleita do México terá poder de fazer mudanças profundas

Sucessora de Obrador terá maioria nas duas casas legislativas e aliados nos estados

Gustavo Freitas – Direto da Cidade do México / Especial para o Liberal
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O México vive um clima de expectativas com o novo governo eleito. Em outubro, Claudia Sheinbaum tomará posse como a primeira mulher a presidir o país, dando sequência ao governo progressista de López Obrador.

O ainda presidente, popularmente conhecido como AMLO, desfruta de grande popularidade entre os mexicanos, dando a ele a oportunidade de fazer sua sucessora sob certa tranquilidade. Sheinbaum governará sob condições inéditas, o partido governista Morena controlará 25 dos 32 estados do país e uma maioria absoluta nas duas casas do Congresso.

O excesso de poder dará a Claudia Sheinbaum a oportunidade de realizar mudanças profundas na política mexicana, principalmente no judiciário, alvo de muitas críticas de López-Obrador durante os seus seis anos de governo. AMLO propôs uma mudança na Suprema Corte que inclui a eleição popular de novos juízes, e a presidente eleita já afirmou que irá prosseguir com a reforma no seu governo.

Mexicanos querem reforma no poder judiciário

De acordo com pesquisas, cerca de 80% dos mexicanos acreditam que é necessário reformar o sistema judiciário. “Essas pesquisas são informações, elas não têm outro objetivo. Estas são apenas informações a serem consideradas nas discussões que começarão nos próximos dias“, destacou Sheinbaum em uma entrevista coletiva.

image Elias Pacheco afirma que poder de compra melhorou (Gustavo Freitas / Especial para O Liberal)

Nascido em Oaxaca, Elias Pacheco se mudou para a capital há vinte anos e, desde então, trabalha como motorista de táxi. Pacheco disse que, inicialmente, tinha dúvidas sobre o governo de Obrador, mas se surpreendeu positivamente nos últimos seis anos.

“Sinto que nosso poder de compra melhorou, hoje consigo ir ao mercado e comprar mais coisas do que antes. Acho que Lopez-Obrador arrumou a casa e deixou da melhor forma possível para que Claudia Sheinbaum consiga fazer maiores mudanças no país”, disse o motorista.

Todas as manhãs, o presidente mexicano vai ao ar nas suas redes sociais para falar sobre o seu governo por horas. As “mañaneras” se são rotineiramente criticadas pelos seus opositores e pela imprensa, principal alvo de AMLO, que os acusa de perseguição.

Para Elias Pacheco, as “mañaneras” são positivas. “Eu não acredito que Claudia vá continuar porque não é o seu perfil, mas acho que será aconselhada a fazer algo parecido. Eu não escuto todos os dias, mas é uma ótima forma do presidente se comunicar diretamente com o povo”, completou.

Aposentados passaram a receber pensão extra

Uma das medidas mais populares de López Obrador, foi a criação de uma pensão universal para idosos em 2019. Para reduzir os índices de vulnerabilidade, todos os aposentados passaram a receber um apoio extra de 350 dólares bimestrais, independentemente das aposentadorias.

O investimento em programas sociais triplicou durante o seu governo. Entre 2019 e 2024, López Obrador destinou mais de 160 bilhões de dólares para assistência social, atingindo cerca de 28 milhões de pessoas. Hoje, cerca de 79% dos mexicanos recebem pelo menos um auxílio.

image Luis Gonzales: "México nunca esteve tão inseguro" (Gustavo Freitas / Especial para O Liberal)

Embora tenha vencido com ampla maioria, Claudia Sheinbaum não desperta confiança em todos. Luis Gonzales é nascido e criado na Ciudad de México, trabalha como bartender em um bar no centro da cidade e acredita que o país não está no caminho certo.

“O México nunca esteve tão inseguro, o narcotráfico está cada vez mais forte e o governo não faz nada. Claudia e Obrador são muito amigos de países socialistas, e agora querem aumentar seus poderes no nosso país”. Luis acredita que Claudia Sheinbaum já teve sua chance quando foi chefe de governo da Cidade do México, mas “fez um péssimo trabalho e mostrou que não pode administrar nada, muito menos um país”, disse.

Embora tenha altos índices de aprovação, a política de combate à violência do atual governo é amplamente rejeitada pela população. Durante a corrida eleitoral, 37 candidatos foram assassinados em todo o país, tornando a eleição deste ano a mais sangrenta da história.

Um dos principais problemas que geraram essa atmosfera de insegurança é a significativa presença de cartéis de drogas e o frequentemente envolvimento com governos locais corruptos. A violência política, ao que parece, estava sendo empregada para influenciar os resultados eleitorais, beneficiando certos interesses e agendas políticas.

Críticas à política de segurança

Adolfo Hernandez, um ex-policial federal, preferiu não mostrar o seu rosto, mas concordou com Luís. Segundo ele, durante o governo de Obrador a polícia foi severamente prejudicada com a criação de uma Guarda Nacional em 2019. “AMLO sempre se posicionou contra a militarização do país, mas na primeira oportunidade no poder ele aprofundou o poder militar sob a segurança pública. E pelo que estamos observando, Sheinbaum seguirá o mesmo caminho do seu mentor”, afirmou.

A criação da Guarda Nacional levou Adolfo a largar a carreira para se dedicar à segurança particular. O aumento da violência e a falta de garantias financeiras se tornaram um problema pro ex-policial federal: “eles queriam acabar com nossas bonificações e zerar tudo a partir da criação da nova Guarda, e isso não faz sentido. Já estava contribuindo há muitos anos, e minha família teme pela nossa segurança”, disse Adolfo.

Apesar das severas discordâncias com o novo governo, Adolfo e Luis Gonzales concordam que o país vive um momento de ascensão econômica. Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Geografia(Inegi), o PIB do México cresceu 3,2% em comparação ao ano anterior. Todos os indicadores inserem o país mexicano na liderança do Índice de Clima Economico (ICE) da América Latina.

A onda de otimismo foi um dos principais fatores para o sucesso político do partido Morena nas eleições deste ano. No dia 1º de outubro, Claudia Sheinbaum se tornará a nova presidente do México pelos próximos seis anos.

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