Presidente da COP28 diz que 'não há ciência' na demanda por redução de combustíveis fósseis
Para Al Jaber, eliminar o uso de combustíveis fósseis, ainda que progressivamente, não permitiria o desenvolvimento sustentável
O sultão Al Jaber, presidente da COP28, afirmou que “não há ciência” que comprove a necessidade de redução progressiva para o uso de combustíveis fósseis para aliviar os efeitos das mudanças climáticas. A declaração aconteceu durante um evento online, em 21 de novembro, em resposta às perguntas de Mary Robinson, ex-enviada especial da ONU para mudanças climáticas. O caso foi revelado pelo jornal britânico The Guardian.
A informação contraria o consenso científico e vai de encontro às conclusões da Organização das Nações Unidas (ONU), que organiza a COP28, e afirma que os combustíveis fósseis são a principal causa do aquecimento global.
Durante o evento, Mary Robinson disse que o mundo está em uma crise que prejudica mais as mulheres e as crianças e que isso acontece porque ainda não há comprometimento com a eliminação progressiva de combustíveis fósseis. "Essa é a única decisão que a COP28 pode tomar e, de muitas maneiras, porque você é o chefe da Adnoc, você poderia realmente tomá-la com mais credibilidade". No entanto, o sultão rebateu dizendo que esperava ter uma conversa "sóbria e madura" na reunião e pontuou não estar aderindo ao que chamou de "discussão alarmista".
Desde a era pré-industrial, a queima desses combustíveis, como petróleo, gás natural e carvão, já elevou a temperatura média da terra em 1,25ºC. Para limitar o aquecimento a 1,5°C, meta estabelecida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês Intergovernmental Panel on Climate Change), as emissões globais de gases de efeito estufa precisam ser reduzidas pela metade até 2030, com 48%, e 99% até 2050.
O aumento da temperatura está associado a consequências como elevação do nível do mar, eventos extremos mais frequentes e desequilíbrio nos ecossistemas.
Para Al Jaber, eliminar o uso de combustíveis fósseis, ainda que progressivamente, não permitiria o desenvolvimento sustentável "a menos que se queira levar o mundo de volta às cavernas". De acordo, ainda, "não há nenhuma ciência por aí, ou nenhum cenário por aí, que diga que a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis é o que vai atingir 1,5º C", afirmou.
Desde que o presidente foi escolhido para presidir a COP28, levantou questionamentos de ativistas ambientais que têm apontado o conflito de interesses de Al Jaber, que também é líder da empresa petrolífera estatal nos Emirados Árabes Unidos (EAU), a companhia Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc).
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