Policiais impedem bispo crítico do governo de sair para realizar missa; entenda
O bispo Rolando Álvarez foi impedido de deixar a casa paroquial nesta quinta-feira para presidir uma missa
Policiais da Nicarágua impediram o bispo Rolando Álvarez, membro da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) e crítico do governo de Daniel Ortega, de deixar a casa paroquial nesta quinta-feira (4) para presidir uma missa por ocasião de uma "cruzada de orações" realizada pela Igreja. “Queria ir à catedral para rezar a santa missa, mas obviamente as autoridades superiores não deram permissão”, declarou o religioso, em um vídeo publicado no Twitter do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos. Ele declarou ainda que iria permanecer ao lado de seis sacerdotes e leigos até que fosse liberado. As informações são do Portal O Globo.
A Igreja Católica da Nicarágua está realizando "um dia de oração pela santificação e proteção dos padres" que foram fortemente criticados pelo governo desde os protestos de 2018. Na ocasião, vários templos abrigaram manifestantes feridos ou fugidos da repressão dos movimentos daquele ano, que deixaram 355 mortos, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
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O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, afirma que esses espaços religiosos foram usados como "quartéis" pelos manifestantes durante os protestos que, segundo ele, eram parte de um golpe fracassado promovido pela oposição com o apoio de Washington, e que os bispos foram cúmplices.
O Governo de Ortega já havia fechado vários meios de comunicação católicos e é alvo de denúncias de perseguição. Cinco emissoras de rádio da diocese de Matagalpa foram fechadas pelas autoridades, bem como o canal da Conferência Episcopal, a TV Merced da Diocese de Matagalpa e o canal católico San José de Estelí.
"Isso constitui uma nova violação da liberdade de expressão e liberdade de religião ou crença", disse Peter Stano, porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em um comunicado.
Em março passado, o Vaticano informou que o governo nicaraguense retirou de seu núncio em Manágua desde 2018, Waldemar Sommer, a aprovação para permanecer no país. Os governo também proibiu o trabalho das freiras da Associação Missionárias da Caridade, da ordem de Santa Teresa de Calcutá, que tiveram que deixar o país em julho.
Ex-guerrilheiro de 76 anos, Ortega governa a Nicarágua desde 2007 após três reeleições sucessivas, sendo a última delas em novembro de 2021, com vários de seus rivais presos, acusados de ameaçar a estabilidade do país.
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