Pesquisa aponta as possíveis causas da progressão do Alzheimer no cérebro
Cientistas identificaram grupos de proteínas tóxicas que se acredita serem responsáveis pelo declínio cognitivo associado à doença
Pesquisa realizada a partir de dados humanos para quantificar a velocidade dos processos moleculares do Alzheimer identificou grupos de proteínas tóxicas que podem ser responsáveis pelo declínio cognitivo associado à doença. Essas proteínas chegam a diferentes regiões do cérebro precocemente e se acumulam ao longo de décadas. A descoberta altera a teoria de que aglomerados se formam em um local do cérebro quando uma reação em cadeia ocorre em outras áreas; um padrão visto em ratos. O entendimento é de que essa disseminação pode acontecer, mas não é o principal motivador, segundo os pesquisadores. As informações foram publicadas pelo Estadão.
De acordo com Georg Meisl, químico da Universidade de Cambridge e principal autor do artigo, publicado na última sexta-feira, 29, na revista Science Advances, o estudo foi possível graças aos dados muito detalhados obtidos por PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons) e vários outros conjuntos de dados reunidos, além dos modelos matemáticos desenvolvidos pelos pesquisadores nos últimos dez anos.
Foram usadas cerca de 400 amostras de cérebro post-mortem de pacientes com Alzheimer, assim como 100 tomografias PET de pessoas que vivem com a doença para rastrear o acúmulo de tau, uma das duas proteínas-chave envolvidas na doença.
No Alzheimer, a tau e outra proteína chamada beta amilóide se acumulam em nós e placas - ambas conhecidas como agregados - que matam as células cerebrais e encolhem o cérebro, resultando em perda de memória, alterações de personalidade e incapacidade de realizar funções cotidianas.
"Uma vez que temos essas sementes, pequenos pedaços de agregados por todo o cérebro, eles simplesmente se multiplicam e esse processo controla a velocidade", explicou Meisl. O estudo conseguiu determinar que os agregados levam cerca de cinco anos para dobrar de quantidade. Esse número é "encorajador", de acordo com Meisl, porque mostra que os próprios neurônios do cérebro são bons em neutralizá-los. "Talvez se pudermos melhorá-lo um pouco, possamos atrasar significativamente o início de uma doença grave”, avalia.
Estima-se que 44 milhões de pessoas sofram da doença em todo o mundo.
Agora, a equipe tenta investigar a demência frontotemporal e lesões cerebrais traumáticas. "Tau é uma proteína culpada por vários tipos de demência e faria sentido explorar como ela se espalha em doenças como a demência frontotemporal", disse Sara Imarisio, do instituto Alzheimer's Research UK.
"Esperamos que este e outros estudos semelhantes ajudem a desenvolver tratamentos futuros que tenham como alvo a tau, de modo que tenham uma chance melhor de desacelerar o processo da doença e beneficiem pessoas com demência."
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