Greve de garis deixa Paris com mais de 5 mil toneladas de lixo acumulando nas ruas
Profissionais protestam pelo sétimo dia consecutivo contra a reforma da Previdência na França, que pretende aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos
A greve dos garis em Paris já se estende por sete dias e tem causado transtornos para a população e para as autoridades da cidade. Os sacos de lixo se acumulam em algumas ruas da capital francesa, em um cenário que lembra a greve semelhante ocorrida em 2019.
O protesto dos garis é contra a reforma da Previdência proposta pelo governo do presidente Emmanuel Macron. A medida, que foi aprovada no Senado francês no sábado (6), pretende aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030. Além disso, antecipa para 2027 a exigência de 43 anos de contribuição (e não 42 como atualmente) para o direito a receber pensão integral.
O sindicato CGT, que representa os trabalhadores do setor de limpeza, afirma que a reforma prejudica especialmente os garis e motoristas de caminhões de lixo, que têm expectativa de vida 12 a 17 anos inferior aos demais trabalhadores. A categoria reivindica a manutenção da idade de aposentadoria atual, sem aumento.
Segundo a prefeitura, 5.400 toneladas de resíduos não foram recolhidos devido ao protesto contra a reforma da Previdência.
Outras categorias apoiam o movimento
Além disso, a greve dos garis em Paris ganhou o apoio de outras categorias profissionais, como os funcionários da companhia de transportes públicos RATP e os empregados do setor de energia elétrica. A paralisação em Paris tem sido acompanhada de outras manifestações e protestos em várias partes do país.
O prefeito de Paris, Anne Hidalgo, anunciou que está tomando medidas para minimizar o impacto da greve. Segundo ela, os agentes municipais estão recolhendo todo o lixo em metade da cidade, enquanto a outra metade é administrada por empresas privadas. Hidalgo também pediu à população para reduzir a produção de lixo o máximo possível, a fim de ajudar a manter a cidade limpa durante a greve.
Moradores reclama de ratos
Enquanto isso, os moradores de Paris se queixam do acúmulo de lixo nas ruas. Algumas pessoas relataram a presença de ratos e ratazanas, que se aproveitam do lixo para se alimentar e proliferar. Mas a maioria dos entrevistados pela AFP no domingo (7) demonstrou apoio ao movimento grevista. "São pessoas que normalmente não têm nenhum poder, mas se deixarem de trabalhar, têm um poder real", afirmou um confeiteiro de 36 anos.
A greve dos garis em Paris deve continuar nos próximos dias, até que haja um acordo entre o governo e os trabalhadores. A reforma da Previdência é uma das principais pautas do governo Macron e tem enfrentado forte resistência por parte das categorias profissionais afetadas pelas mudanças propostas.
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