França anuncia corte de ajuda à agência da ONU em Gaza
Medida se deu após funcionários do órgão serem acusados de envolvimento no ataque do Hamas a Israel
A França anunciou que vai cortar o financiamento à agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês). Com a decisão, ao menos dez países já estabeleceram medidas semelhantes desde que funcionários do órgão foram acusados de envolvimento no ataque do Hamas a Israel em outubro passado.
O governo francês disse que as acusações são sérias e não planeja novos pagamentos à agência da ONU em Gaza nos primeiros quatro meses deste ano.
"A França vai decidir em momento oportuno, junto dos demais principais doadores da ONU, se continuará [os repasses], garantindo que todos os requerimentos de segurança e transparência sejam cumpridos", disse o Ministério de Assuntos Estrangeiros em nota.
Além dos franceses, ao menos nove países já haviam anunciado medidas semelhantes: EUA, Canadá, Austrália, Reino Unido, Alemanha, Itália, Holanda, Suíça e Finlândia.
Decisão pode ameaçar continuidade do trabalho, diz ONU
ONU pediu a países que revejam posição. "Essas decisões ameaçam a continuidade do nosso trabalho humanitário na região, principalmente na Faixa de Gaza", disse o diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini.
"A UNRWA é a principal agência humanitária em Gaza, com mais de 2 milhões de pessoas que dependem dela para sobreviver".
Entenda
Funcionários da UNRWA foram demitidos na última sexta-feira (26) após serem acusados de envolvimento com o Hamas no ataque a Israel em 7 de outubro. As Nações Unidas disseram ter aberto uma investigação para "estabelecer a verdade" quanto antes.
O governo israelense pediu fim das atividades da agência em Gaza. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, disse querer que a UNRWA interrompa suas atividades no território palestino ao fim da guerra.
Crise
A crise amplia tensão entre o governo de Israel e a cúpula da ONU, acusada pelo país desde o começo da guerra de não agir "de forma suficiente" contra o Hamas. Em 7 de outubro, combatentes do grupo extremista mataram 1.140 israelenses e sequestraram outros 250.
Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva na Faixa de Gaza que deixou mais de 26 mil mortos, segundo o último boletim do Ministério da Saúde da Palestina, divulgado hoje.
Por outro lado
A Noruega declarou que continuará a financiar agência. "Apoio internacional à Palestina é mais necessário do que nunca", disse o escritório de representação norueguesa na Palestina nas redes sociais. "Precisamos distinguir o que indivíduos podem ter feito do que a UNRWA faz. A organização [...] tem um papel crucial de distribuir ajuda, salvar vidas e resguardar necessidades e direitos básicos".
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