EUA registram primeiros casos de gonorreia resistente a antibióticos

Se não for tratada, a infecção pode causar dor pélvica e infertilidade em mulheres e cegueira em recém-nascidos

Luciana Carvalho
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Autoridades públicas dos Estados Unidos confirmaram dois casos de infecção por gonorreia que parecem ser mais resistentes a todos os tipos de antibióticos disponíveis para o tratamento da doença. Essa é a primeira vez que a cepa da gonorreia resistente a antibióticos é registrada no país. As informações são da CNN Brasil.

Globalmente, infecções resistentes a antibióticos matam aproximadamente 700 mil pessoas a cada ano. Esse número pode subir para 10 milhões de mortes por ano até 2050 se não forem tomadas medidas para impedir a propagação de organismos resistentes. Especialistas dizem que nunca foi uma questão de “se” essa cepa de gonorreia altamente resistente chegaria aos Estados Unidos, mas “quando”.

“A preocupação é que essa cepa em particular tenha circulado pelo mundo, então era apenas uma questão de tempo até que chegasse aos Estados Unidos”, diz Jeffrey Klausner, professor clínico de saúde pública na Escola Keck de Medicina da Universidade do Sul da Califórnia, de Los Angeles.

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“É um lembrete de que a gonorreia está se tornando cada vez mais resistente, cada vez mais difícil de tratar. Não temos novos antibióticos. Não temos novos antibióticos para tratar a gonorreia há anos e realmente precisamos de uma estratégia de tratamento diferente”, disse Klausner, que faz parte do grupo de trabalho do CDC para tratamento de gonorreia.

Além da resistência ao antibiótico ceftriaxona, as cepas de gonorreia identificadas em Massachusetts (EUA) também se mostraram resistentes à cefixima e azitromicina. As cepas se mostraram resistentes à ciprofloxacina, penicilina e tetraciclina, de acordo com um alerta clínico enviado aos médicos pelo Departamento de Saúde Pública de Massachusetts. O departamento diz que ainda não encontrou nenhuma conexão entre os dois casos.

Essas infecções, incluindo a gonorreia, estão se tornando cada vez mais resistentes aos antibióticos disponíveis para tratá-las, um problema que está se tornando uma terrível ameaça à saúde pública. O aumento da atividade sexual durante a pandemia somado à redução nos exames de saúde de rotina amplificou a disseminação de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) em todo o mundo.

A gonorreia é sexualmente transmissível e uma das infecções mais comumente diagnosticadas nos EUA. É causada pela bactéria Niesseria gonorrhoeae, que pode infectar as membranas mucosas dos órgãos genitais, reto, garganta e olhos.

As pessoas podem ser infectadas sem apresentar sintomas. Se não for tratada, a infecção pode causar dor pélvica e infertilidade em mulheres e cegueira em recém-nascidos. Os primeiros sintomas da gonorreia geralmente são dor ao urinar, dor abdominal ou pélvica, aumento do corrimento vaginal ou sangramento entre os períodos. No entanto, muitas infecções são assintomáticas, de acordo com o CDC, tornando os exames de rotina importantes para detectar a infecção.

(Luciana Carvalho, estagiária sob supervisão de Heloá Canali, coordenadora de O Liberal.com).

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