Espanha, Irlanda e Noruega oficializam reconhecimento da Palestina como Estado

Em resposta, governo de Israel prometeu 'medidas punitivas' contra o consulado da Espanha em Jerusalém

Diego URDANETA, Pierre-Henry DESHAYES e Peter MURPHY (AFP)
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Espanha, Irlanda e Noruega oficializam nesta terça-feira (28.05) o reconhecimento da Palestina como Estado, uma decisão que provocou a indignação de Israel, que acusou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de ser "cúmplice de incitação ao assassinato do povo judeu".

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O reconhecimento é uma "necessidade para alcançar a paz" entre israelenses e palestinos, além de ser "uma questão de justiça histórica" para o povo palestino, afirmou Sánchez em um breve discurso em espanhol e inglês.

A decisão não é adotada "contra ninguém, muito menos contra Israel, um povo amigo (...) com o qual queremos ter a melhor relação possível", afirmou. O reconhecimento do Estado Palestino reflete a "rejeição frontal, retumbante, ao Hamas, que é contra a solução de dois Estados", acrescentou.

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Em uma mensagem publicada em espanhol na rede social X, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, acusou a Sánchez de ser "cúmplice de incitação ao assassinato do povo judeu" com o reconhecimento da Palestina como Estado e a manutenção em seu cargo de Yolanda Díaz, número três do governo, que afirmou recentemente que a "Palestina será livre do rio até o mar".

A frase faz referência às fronteiras da Palestina sob mandato britânico, que seguia do rio Jordão até o Mar Mediterrâneo, antes da criação do Estado de Israel em 1948.

Os críticos, em particular o governo israelense, a interpretam com um apoio à eliminação de Israel. 

Anunciado na quarta-feira da semana passada, de forma coordenada por Sánchez e seus homólogos da Irlanda e Noruega, o reconhecimento do palestino será oficializado ao longo do dia.

Uma reunião do Conselho de Ministros espanhol aprovará formalmente o decreto. O governo irlandês também deve se reunir durante a manhã, enquanto a Noruega entregou no domingo uma nota verbal ao primeiro-ministro palestino, Mohamed Mustafa, para anunciar que a decisão entraria em vigor nesta terça-feira.

Os três países europeus - embora a Noruega não integre a UE - querem que a iniciativa de grande significado simbólico estimule outros Estados a seguir seus passos.

Noruega e Espanha desempenharam um papel importante no processo de paz dos anos 1990 no Oriente Médio. Madri foi sede de uma conferência de paz árabe-israelense em 1991, que abriu o caminho para os Acordos de Oslo de 1993.

Divisão na UE

O reconhecimento da Palestina como Estado, passo que pode ser anunciado pela Eslovênia em breve, provoca divisão dentro da UE.

Para a França, por exemplo, não é um bom momento para adotar a medida, enquanto a Alemanha consideraria dar este passo como resultado de negociações diretas entre as partes em conflito.

Com Espanha, Irlanda e Noruega, o Estado da Palestina passa a ser reconhecido por 145 países dos 193 Estados-membros da ONU.

Uma lista que não conta com a maioria dos países da Europa Ocidental e da América do Norte, Austrália, Japão e Coreia do Sul. 

A decisão de Madri, Dublin e Oslo provocou a indignação de Israel e as tensões aumentaram nos últimos dias.

"Recompensa" ao Hamas

O chefe da diplomacia israelense, Israel Katz, anunciou na segunda-feira "medidas punitivas" contra o consulado da Espanha em Jerusalém, ao qual determinou que interrompa o atendimento aos palestinos a partir de 1º de junho.

"Não vamos tolerar um ataque à soberania e à segurança de Israel", disse Katz.

O seu governo chamou o reconhecimento de "recompensa ao terrorismo" do Hamas, cujo ataque de 7 de outubro no sul de Israel desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.

Os milicianos islamistas mataram mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses. 

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra Gaza que deixou 36.050 mortos até o momento, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo movimento islamista.

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