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Entenda os impactos da greve geral na Argentina contra as políticas do presidente Milei

Apesar dos protestos, Milei ainda mantém boa popularidade, com média de 51% de aprovação dos argentinos

Gustavo Freitas

O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrentou a segunda greve geral convocada por sindicatos contra o seu governo na última quinta-feira, 9, em protesto aos pesados ajustes fiscais impostos pelo presidente libertário. A paralisação afetou serviços de transporte terrestre, marítimo e aéreo, além de diversos setores econômicos em todo o país.

A greve foi liderada pela Confederação Geral do Trabalho(CGT), que alega “falta de diálogo” com o governo, acusando o pacote de reformas de ser “um ajuste brutal que é especialmente sofrido pelos setores de baixa renda, pelas classes médias assalariadas, pelos aposentados e pensionistas".

Embora não tenha sido adotada por toda a população, os argentinos sentiram os efeitos da greve geral através da falta de trens e metrôs, comércios menos movimentados em Buenos Aires, bancos, escolas e aeroportos com muitos trabalhadores aderindo ao chamado dos sindicatos.

“Vamos fazer uma greve de 24 horas pelos reajustes dos pensionistas e reformados. Não se pode ajustar sobre os setores mais vulneráveis, queremos resolver as questões salariais”, afirmou o secretário-geral da CGT, Héctor Daer, durante a semana.

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A empresa aérea Aerolineas Argentinas, que é a principal companhia do país e atua sob direção estatal, é um dos principais alvos do governo de Javier Milei, que almeja inseri-la no pacote de privatizações de empresas públicas. Na última quinta-feira, a Aerolineas Argentinas anunciou que todos os 191 voos programados para o dia, seriam cancelados em função da greve.

A Confederação dos Trabalhadores na Educação, o principal sindicato docente da Argentina, também aderiu a greve e paralisou as aulas em escolas de todo o país. No fim de abril, milhares de estudantes universitários também foram às ruas de Buenos Aires para protestar contra o corte de verbas federais nas universidades públicas.

Na Argentina, os sindicatos tem grande poder de mobilização política e, historicamente, estão atrelados aos peronistas. Durante o governo de Alberto Fernandez, os principais líderes sindicalistas ocuparam cargos de alto escalão e exerciam influência direta no poder político do país.

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A Presidência argentina estimou que a greve afetou 6,6 milhões de pessoas. Mais de 700 voos foram cancelados e 100 mil passageiros foram prejudicados, aproximadamente, segundo levantamento do jornal argentino La Nación.

Economia

O país vive um momento dúbio. A Argentina ainda enfrenta uma crise econômica severa, com a inflação próxima dos 290%, uma herança de sucessivos governos que agravaram os problemas nos últimos anos.

O forte ajuste fiscal anunciado nos primeiros dias de governo, veio acompanhado de uma escalada nos preços dos alimentos, combustível, transporte público e gás, principalmente. Milei foi eleito sob o discurso de necessidade de consertar a economia e, para isso, todos iriam sofrer nos primeiros meses.

Por outro lado, a Argentina conseguiu o seu primeiro superávit fiscal desde 2008 e o peso argentino teve uma valorização de 25% em relação ao dólar nos últimos meses, segundo dados da Bloomberg. O superávit foi celebrado pelo presidente argentino, que discursou em cadeia nacional para fazer o anúncio positivo.

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Sobre a greve geral, o governo se manifestou através do seu porta-voz oficial, Manuel Adorni, que criticou a CGT e afirmou que eles “são fundamentalistas do atraso” e confirmou que o dia será contado para os servidores públicos que aderirem à greve.

O porta-voz também afirmou que os protestantes liderados pelos sindicalistas são “delinquentes atuando para não deixarem os trabalhadores trabalharem”. Embora não tenha se pronunciado sobre a greve geral, Javier Milei usou sua conta pessoal no X para compartilhar vídeos que apontam para um fracasso dos protestos.

As últimas pesquisas realizadas no país, apontam que Javier Milei ainda tem uma média de 51% de aprovação dos argentinos, sugerindo que boa parte da população ainda acredita que as promessas e reformas podem trazer benefícios à economia argentina.

Diego Reynoso, analista da Universidad de San Andrés, alega estar surpreso com o apoio ao governo argentino, que mantém boa popularidade apesar dos fortes ajustes. “Eu sinceramente esperava algo em torno de 40%, e foi de 51%. A metade do país que está com Milei é silenciosa, e escolheu acreditar nele - disse em entrevista.

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