Entenda o que são e como funcionam os corredores humanitários
Na maioria dos casos, os corredores humanitários são negociados pela Organização das Nações Unidas
Nos últimos tempos, um termo tem sido bastante usado nos noticiários mundiais: corredores humanitários. O termo corresponde a tentativas de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia para permitir que eles sejam abertos para retirada de civis da área de conflito e para o fornecimento de suprimentos para as regiões ucranianas sitiadas por tropas russas. As informações são do portal G1 Nacional.
As Nações Unidas consideram os corredores humanitários uma das várias formas possíveis de uma pausa temporária em um conflito armado. São zonas desmilitarizadas, em uma área específica e por um tempo específico, onde todos os lados de um conflito armado concordam com elas.
Os corredores humanitários são necessários quando as cidades estão sitiadas e a população está sem suprimentos básicos de alimentos, eletricidade e água. Por esses corredores, civis podem ser evacuados ou alimentos e ajuda médica podem ser levados para áreas de conflito.
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Na maioria dos casos, os corredores humanitários são negociados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Às vezes, eles também são criados por grupos locais. Como todos os lados precisam concordar em estabelecer os corredores, existe o risco de abuso militar ou político. Por exemplo, eles podem ser usados para contrabandear armas e combustível para cidades sitiadas.
Por outro lado, eles também podem ser usados por observadores da ONU, por ONGs e por jornalistas para obter acesso a áreas contestadas onde crimes de guerra estão sendo cometidos.
Quais e quantos corredores foram estabelecidos na Ucrânia?
No leste da Ucrânia, um cessar-fogo de cinco horas deveria ter vigorado no último sábado (05) para permitir a saída de cerca de 200.000 pessoas de Mariupol e 15.000 moradores da cidade de Volnovakha. Mas a iniciativa falhou depois de algumas horas.
A administração da cidade de Mariupol disse que a retirada de civís foi "adiada por razões de segurança" porque as tropas russas continuaram a bombardear a cidade e seus arredores.
Segundo a agência de notícias Reuters, a Rússia, no entanto, disse que os corredores montados perto de Mariupol e Volnovakha não foram usados. Já a agência de notícias russa RIA disse que "nacionalistas" impediram que os civis escapassem e que as tropas russas também foram atacadas durante o cessar-fogo. Uma nova tentativa neste domingo (06) também fracassou.
A Ucrânia disse também que na cidade portuária de Kherson, a Rússia não cumpriu a promessa de um corredor humanitário e que 19 veículos com ajuda humanitária não foram autorizados a passar.
Em um post publicado no facebook, o prefeito de Kherson, Igor Kolykhaiev, disse que os próprios russos planejavam enviar apoio de alto nível à população civil. "Primeiro eles levaram a situação a um estado crítico e depois nos resgataram para que possamos agradecer ao nosso 'benfeitor' para as câmeras", escreveu.
Quem tem acesso aos corredores humanitários?
O acesso aos corredores humanitários é determinado pelas partes em conflito. Geralmente, é limitado a atores neutros, a ONU ou organizações de ajuda como a Cruz Vermelha. Eles também determinam o tempo, a área e quais meios de transporte podem usar o corredor (caminhões, ônibus ou aviões).
Onde mais eles foram usados?
Corredores humanitários foram criados desde meados do século 20. Por exemplo, durante o chamado "Kindertransport", de 1938 a 1939, crianças judias foram evacuadas para o Reino Unido de áreas sob controle nazista.
Corredores humanitários também foram criados durante o cerco a Sarajevo, na Bósnia, entre 1992 e 1995, e para a evacuação da cidade de Ghouta, na Síria, em 2018.
No entanto, há muitas guerras e conflitos em que os apelos por corredores civis ou uma pausa nos combates foram feitos em vão. Na guerra em curso no Iêmen, por exemplo, a ONU até agora falhou em suas negociações.
(Luciana Carvalho, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política.)
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