Em Israel, Pompeo pede cautela a novo governo
O secretário de Estado americano chegou a Jerusalém prometendo avançar com a proposta do governo Trump de resolver o conflito israelense-palestino
Com Israel se preparando para anexar território na Cisjordânia ocupada e em meio a uma enxurrada de confrontos que já deixaram um soldado israelense e um adolescente palestino mortos, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, chegou a Jerusalém nesta quarta-feira, 13, prometendo avançar com a proposta do governo Trump de resolver o conflito israelense-palestino.
"Ainda há trabalho a ser feito, e precisamos progredir nisso", disse Pompeo sobre a "visão de paz" do governo americano logo no início de sua rápida visita, de oito horas. Foi a primeira viagem oficial a Israel por diplomatas de qualquer país desde que a pandemia de coronavírus obrigou a adoção de reuniões por videoconferências.
Pompeo pediu ao novo governo israelense que assume amanhã que encontre uma proposta comum de anexação que se enquadre no plano de Washington.
A visita de Pompeo ocorre quase dois anos depois de governo Trump reconhecer Jerusalém como capital de Israel e na véspera da posse de um governo de união entre Netanyahu e seu ex-rival eleitoral, general Benny Gantz, para pôr um fim na pior crise política da história de Israel.
"A decisão (sobre a anexação) será tomada por Israel e quero saber o que pensa o novo governo a respeito", afirmou Pompeo em entrevista ao jornal Israel Hayom, antes de sua viagem.
Israel deseja anexar o Vale do Jordão, uma área estratégica que representa 30% da Cisjordânia, e os grandes blocos de colônias.
Na última década, sob o mandato de Netanyahu, a população das colônias israelenses aumentou em 50%, chegando a mais de 450 mil pessoas na Cisjordânia. Na área, também vivem mais de 2,7 milhões de palestinos.
Os líderes palestinos cortaram quase todas as relações com as autoridades americanas desde que Trump considerou Jerusalém a capital de Israel. Além disso, também rejeitaram o plano americano para resolver o conflito, apresentado há alguns meses, por considerar que obedece apenas aos interesses de Israel.
O plano dos EUA planeja tornar Jerusalém a capital "indivisível" do "Estado judeu" de Israel e prevê a anexação do Vale do Jordão e das mais de 130 colônias israelenses na Cisjordânia ocupada. Também contempla a criação de um Estado palestino em um pequeno território.
Em Israel, as pesquisas mostram um grande apoio à anexação por parte da direita, mas não tanto assim no centro e na esquerda, vertentes também representadas no governo de unidade, especialmente por Gantz, quem expressou suas dúvidas sobre uma anexação rápida.
Pompeo, que desembarcou de seu jato usando uma máscara com as cores da bandeira americana - vermelha, branca e azul -, também abordou os esforços para combater o coronavírus e para conter o Irã em seu projeto nuclear e seus movimentos expansionistas no Oriente Médio.
Em suas primeiras declarações em Jerusalém, o secretário de Estado acusou o Irã de "fomentar o terror" até mesmo durante a crise do coronavírus que afeta seriamente sua população.
"Até mesmo durante essa pandemia, os iranianos utilizam os recursos do regime dos aiatolás para fomentar o terror em todo mundo, embora o povo iraniano sofra enormemente. Isso diz muito sobre o espírito de quem comanda esse país", disse Pompeo, em uma entrevista coletiva ao lado de Netanyahu, já sem a máscara.
Inimigo declarado de Israel e Estados Unidos, o Irã é o país do Oriente Médio mais afetado pela pandemia, com mais de 110 mil casos, segundo dados oficiais.
O Irã "não parou nem por um minuto seus planos e ações violentas contra os americanos, israelenses e outros na região", afirmou Netanyahu, que garantiu que deseja "lutar e enfrentar" as "agressões do Irã na Síria" e em outras partes do mundo.
Pompeo também celebrou a "força da aliança" entre Estados Unidos e Israel, cuja prova, segundo ele, é sua visita - a primeira viagem do secretário ao exterior desde o início da pandemia de covid-19.
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