'Desejamos que colaboração dos EUA continue', afirma diretor da OMS

Tedros disse que a 'contribuição e generosidade' dos americanos à saúde global, ao longo das décadas, tem sido 'imensa'

Agência Estado

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, comentou a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de cortar relações do país com a entidade. Em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, Tedros disse que a "contribuição e generosidade" dos americanos à saúde global, ao longo das décadas, tem sido "imensa". "É desejo da OMS que essa colaboração continue", afirmou.

No pronunciamento, Tedros Ghebreyesus lembrou que mais de 6 milhões de casos de coronavírus já foram confirmados no mundo, com mais de 370 mil mortes. Segundo ele, em meio à pandemia, a OMS tem divulgado orientações para governos em relação ao fim das medidas de distanciamento social, que, para ele, devem ocorrer de forma gradual.

Um dos materiais com recomendações é uma manual para orientar organizações sobre a realização de grandes eventos. "A OMS atualizou sua ferramenta de avaliação de riscos para que as organizações possam pontuar cada fator de risco e medida de controle, o que resulta em uma pontuação geral de risco", disse.

O Diretor executivo da OMS, Mike Ryan também exortou que países adotem uma abordagem científica ao avaliar o fim da quarentena. Ryan voltou a destacar a América Central e a do Sul como epicentros da pandemia de coronavírus e disse que não acredita que as regiões tenham atingido pico da transmissão da doença. "Cinco dos 10 países que registraram mais casos nas últimas 24 horas estão nas Américas", salientou.

Questionado sobre a situação do Brasil, Ryan evitou tecer comentários específicos sobre o país e preferiu fazer uma análise geral sobre o continente, onde há rápido avanço do vírus. Ele explicou que, além de haver locais com sistemas de saúde frágeis, a região apresentou uma variedade muito grande de modelos de respostas à epidemia.

"Temos exemplos de governos que adotaram uma abordagem baseada em toda a sociedade, calcada na ciência, e outros que tiveram fraqueza nisso", salientou, instando a comunidade internacional a apoiar esses países.

Representantes da OMS reiteraram o alerta para que países aguardem os resultados das pesquisas que tentam comprovar a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento e prevenção do coronavírus. Cientista-chefe da entidade, Soumya Swaminathan lembrou que, em um dos estudos, pacientes que tomaram o medicamento apresentaram mais chances de morrer.

Responsável pela resposta da OMS à covid-19, Marie Kerkhove disse que ainda não há evidências de que o vírus esteja perdendo força, do ponto de visto genético, e que estudos estão sendo realizados na área. Para ela, é preciso ter cuidado com a noção de que a doença perderá força de forma milagrosa.

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