Cientista político Edir Veiga, da UFPA, sobre desistência de Biden: "Traz muita incerteza"

Em conversa com a reportagem de O Liberal, o cientista político analisou as implicações da renúncia, destacando a incerteza sobre como será a política externa dos EUA no próximo governo

Igor Wilson
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo (22) que desistiu de sua campanha à reeleição para a Presidência dos Estados Unidos, 24 dias após o desastroso debate em que enfrentou a Donald Trump, iniciando uma série de equívocos que criaram uma onde de pressão por sua desistência. Em comunicado, Biden afirmou que pretende concentrar todas as suas energias em suas funções como presidente até o fim de seu mandato. Em seguida, o presidente publicou em seu perfil no Instagram uma foto ao lado da vice-presidente Kamala Harris, declarando seu apoio à candidatura dela para defender o Partido Democrata nas eleições de 2024.

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"Minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha Vice-Presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje, quero oferecer meu total apoio e endosso para que Kamala seja a candidata do nosso partido este ano. Democratas — é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso", escreveu Biden.

Em conversa com a reportagem de O Liberal, o cientista político Edir Veiga, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), analisou as implicações da renúncia de Biden, destacando a incerteza sobre como será a política externa dos Estados Unidos no próximo governo. Veiga ressaltou que Biden concentrou seu mandato na recuperação do protagonismo norte-americano no cenário global, uma área que pode sofrer mudanças significativas dependendo do resultado das próximas eleições.

“A renúncia do Biden tem impacto a nível global, porque traz muita incerteza sobre a política externa americana. O Biden, ao assumir o governo, recuperou a lógica americana de um império que está presente em todos os continentes. E hoje os EUA dão apoio efetivo ao financiamento da OTAN, que é o tratado do Atlântico Norte, um tratado militar que protege a Europa, os Estados Unidos e todos os aliados. É um governo que atua fortemente, que recuperou a posição americana de estar alinhado com o mundo no enfrentamento da crise climática, de mudarmos a matriz energética mundial, de alinhar os Estados Unidos a metas de combate a este aquecimento”, afirmou Veiga.

O especialista também comentou sobre as possíveis mudanças que uma vitória de Donald Trump poderia trazer. Para Veiga, a saída de Biden da disputa favorece ainda mais ao ex-presidente norte-americano. Além de priorizar a economia local, existe uma forte possibilidade de que Trump faça os EUA recuarem em pautas e metas globais já estabelecidas junto à comunidade internacional. Apoio financeiro a Otan e a busca pela mudança de matriz energética mundial não seriam as prioridades de um possível segundo governo trumpista.

“A retirada da candidatura Biden coloca numa situação muito ativa a possibilidade imediata da eleição de Donald Trump. E Trump promete mudar radicalmente políticas de financiamento da Otan, isso afetaria o conflito na Ucrânia e em Israel, por exemplo. Outro ponto: Ele não vai assumir com tanta veemência a defesa de uma política de mudança da matriz energética mundial e do combate ao aquecimento global. Pelo contrário, ele promete estender a produção de petróleo, muito mais comprometido em gerar e ampliar o PIB americano, melhorar o financiamento de sua economia e se preocupar menos com a problemática global. Os EUA deixariam de ser um ator de vanguarda da política global para se preocupar mais com a política interna”, avalia Edir Veiga.

As próximas semanas serão decisivas para definir os rumos da campanha democrata e o futuro da política externa e interna norte-americana. Ao renunciar, Biden expressou apoio a sua vice-presidente, Kamala Harris, mas existem movimentos para convocação de uma espécie de ‘mini-primárias’ no partido Demócrata, para voltar a escolher um novo candidato. 

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