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Britânicos vão às urnas e elegem Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista

Após um período de 14 anos à frente do Reino Unido, o Partido Conservador cede vitória aos adversários

Gustavo Freitas
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Nesta quinta-feira (04/7), os britânicos foram às urnas e deram vitória histórica ao Partido Trabalhista, elegendo 410 parlamentares contra 131 do Partido Conservador. Essa foi a maior derrota já registrada na história dos tories, que entregarão o poder para os adversários após 14 anos à frente do Reino Unido.

Pelos próximos anos, o país será comandado por Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista e ex-procurador geral do Ministério Público. Durante a campanha eleitoral, Starmer reiterou diversas vezes o seu vínculo com o partido e os ideais trabalhistas, mencionando com frequência suas origens na classe trabalhadora.

Conhecido pelo pragmatismo, Keir Starmer foi o responsável por reformular a imagem do partido após a dura derrota em 2020, quando o ex-líder Jeremy Corbyn foi severamente derrotado por Boris Johnson, que conquistou 364 assentos, tendo o melhor resultado desde o triunfo de Margareth Tatcher em 1987. Na época, muitos britânicos consideravam Corbyn extremo demais e, em 2020, foi suspenso do partido após acusações de negligência com casos internos de antissemitismo.

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Desde então, Starmer aproximou o partido do centro e fugiu de grandes polêmicas. Quando deputado, era abertamente contrário ao Brexit e pressionou diversas vezes o governo por um novo referendo, mas já disse que o retorno à União Europeia não está nos seus planos.

O político também abandonou algumas de suas ideias. No passado, ele lutava pela estatização de serviços concessionados, como água e luz, mas depois passou a defender que as empresas particulares teriam mais capacidade de atuar para reanimar a economia.

No final do ano passado, Starmer anunciou cinco missões de um futuro governo trabalhista, envolvendo economia, energia limpa, reformulação do sistema de saúde, reforma na política e no sistema judicial e elevar os padrões de educação do país. A mais ambiciosa, certamente, é a meta de “alcançar o maior crescimento sustentável do G7”.

Em maio deste ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou crescimento de 0,7% em 2024 e 1,5.% em 2025, números bem abaixo da média do país. Nos últimos meses, os trabalhistas culparam reiteradas vezes o partido conservador pela primeira queda no padrão de vida em décadas.

Crises no Partido Conservador

O fim melancólico do ciclo de 14 anos do partido no poder é reflexo de sucessivas crises políticas nos últimos anos. Em 2019, Boris Johnson foi o grande responsável pela maior vitória dos conservadores desde Margareth Tatcher, mas foi durante o seu governo que o partido sofreu os maiores danos na imagem institucional.

Durante a pandemia, Boris Johnson ficou conhecido pelo escândalo do Partygate, quando foi denunciado por frequentes reuniões e festas com mais de 100 assessores no jardim da residência do governo, em Downing Street. Na época, o país vivia sob intensas medidas restritivas para frear o avanço da Covid-19, incluindo a proibição de reuniões de duas ou mais pessoas em locais fechados. 

O estopim para a sua queda, foi o escândalo sexual de um aliado. A nomeação do deputado Chris Pincher para vice-líder de governo, acusado de apalpar dois homens em um clube privado da capital londrina, irritou seus aliados e causou uma onda de renúncias no governo, incluindo o ex-ministro do Tesouro e atual premiê britânico, Rishi Sunak.

Após a renúncia de Boris, o Partido Conservador optou por Liz Truss para sucedê-lo, mas o anúncio de um grande plano de corte de impostos gerou pânico no mercado financeiro, que entendeu a proposta como um risco fiscal e um erro político.

A falta de políticas de combate à inflação e crises políticas levaram Liz Truss a renunciar ao cargo após seis semanas no poder, aumentando a impopularidade do partido que passou a viver uma crise de lideranças.

Rishi Sunak foi o encarregado de contornar as crises internas e, em menos de dois anos, conseguiu relativo sucesso na estabilização política. Apesar disso, não cumpriu com a sua promessa de reduzir o tempo de espera no serviço de saúde pública e não concretizou o seu plano de enviar imigrantes ilegais para Ruanda. 

Apesar da vitória com grande margem, Keir Starmer sofre severas críticas entre eleitores e membros do Partido Trabalhista, que o acusam de não tomar lado em assuntos críticos, como a guerra na Faixa de Gaza.

O líder trabalhista causou grande insatisfação interna ao não tomar o lado dos palestinos no conflito. Sameh Akram, jornalista de grande influência no partido, alegou que Starmer “vendeu a “alma do Partido Trabalhista para buscar as chaves do número 10”, referindo-se à residência dos primeiros-ministros britânicos.

Em pesquisa realizada pela Ipsos, o líder trabalhista teve o menor índice de satisfação da oposição desde 1996. “Ele [Starmer] não é mais definido por seus valores e princípios fundamentais”, disse Akram.

Defensor da causa Palestina, George Gallaway é membro do Partido Trabalhista e foi eleito para o parlamento britânico em março deste ano. No seu discurso de vitória, se dirigiu diretamente a Keir Starmer: “Esta vitória é por Gaza”.

Na noite anterior ao dia da eleição desta quinta-feira, Gallaway usou sua conta no X (antigo Twitter) para criticar mais uma vez o líder trabalhista: “Com o apoio da classe empresarial, do sistema e a maior parte dos meios de comunicação de massa, Starmer está atualmente com uma parcela de votos menor (38%) do que Corbyn em 2017. Não seja massa de manobra, não vote em Starmer”.

Agora eleito, o próximo primeiro-ministro britânico terá a missão de mudar os rumos da economia britânica enquanto busca unidade política no próprio partido.

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