Boris Johnson provoca adversários em retorno ao Parlamento

Premiê britânico incitou adversários a derrubar o governo ou sair do caminho para que ele implemente o Brexit

Reuters
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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, provocou seus adversários em seu retorno ao Parlamento nesta quarta-feira, incitando-os a derrubar o governo ou sair do caminho para permitir que ele implemente o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia. 

Balançando seus braços e gritando "podem vir, podem vir", Johnson fustigou seus adversários em sessão na Câmara dos Comuns a realizarem um voto de não confiança no governo e acionarem uma eleição, para finalmente romperem o impasse envolvendo o Brexit.

Mas os líderes dos partidos da oposição, incluindo Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista, se recusaram mais uma vez a se envolver. Eles disseram que só irão concordar com uma eleição uma vez que Johnson descarte a ideia de deixar a União Europeia sem um acordo.

O Reino Unido tem 31 de outubro como prazo para deixar a UE. No entanto, após três anos de crise política, com o Parlamento incapaz de concordar em uma estratégia, ainda permanece incerto quando, se ou sob quais termos o país irá deixar o bloco ao qual se juntou em 1973.

"Este Parlamento precisa se afastar e deixar o governo implementar o Brexit ou apresentar um voto de confiança e finalmente enfrentar o dia de acerto de contas com o eleitor", disse Johnson, acrescentando que não irá "trair o povo" sobre o Brexit. 

Corbyn e partidos da oposição já aprovaram uma nova lei que exige que o governo solicite um adiamento do Brexit caso não consiga assegurar um acordo até 19 de outubro, mas ainda é incerto se o primeiro-ministro irá cumpri-la. 

Johnson, frequentemente comparado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo seu jeito de governar, disse que não irá solicitar uma extensão mesmo se as condições da lei forem cumpridas, mas também afirmou que irá obedecer as regras e finalizar o Brexit até 31 de outubro. 

Corbyn afirmou que ninguém pode confiar no primeiro-ministro, dizendo a ele: "Se você quer uma eleição, consiga um adiamento." 

Volta ao parlamento

Johnson esteve no Parlamento pela primeira vez desde que a Suprema Corte decidiu que ele havia agido ilegalmente ao aconselhar a rainha Elizabeth a suspender o Parlamento. 

Após perder sua maioria e uma série de votações envolvendo o Brexit, Johnson havia suspendido a Câmara dos Comuns por cinco semanas. Mas a Suprema Corte decidiu que o fechamento era nulo, em uma das mais humilhantes derrotas legais para um primeiro-ministro.

O Parlamento continua em impasse, com a tentativa de Johnson de tirar o Reino Unido da UE com ou sem acordo de saída, enquanto a maior parte dos parlamentares está determinada a bloquear um cenário sem acordo, por temores de que isto pode causar um grande problema econômico.

Pedidos de Johnson para uma eleição já foram rejeitados duas vezes 

Esgotando suas opções e pensando em uma campanha eleitoral, Johnson buscou retratar esta quarta-feira seus adversários como não só opostos a um Brexit sem acordo, mas opostos a todo o Brexit, desafiando a vontade do povo britânico. 

O porta-voz de Johnson afirmou que a rejeição da oposição em acionar uma eleição será vista pelo governo como um sinal verde para seguir com sua estratégia para o Brexit, de deixar o bloco até 31 de outubro.

Conforme parlamentares da Câmara gritavam pedindo a renúncia de Johnson, o primeiro-ministro afirmou que seus adversários se recusavam a aceitar uma eleição por temores de que não iriam conquistar o poder.

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