Argentinos vivem incertezas no primeiro dia de Javier Milei na presidência

País atravessa uma das piores crises econômicas de sua história, com a inflação ultrapassando 142%

Gustavo Freitas - Especial para O Liberal
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Os argentinos vivem a expectativa dos próximos dias sob o comando do novo presidente, Javier Milei, que deve anunciar novos rumos para a economia. Em seu primeiro discurso à nação, Milei pediu paciência aos cidadãos, disse que não é possível consertar o país da noite para o dia e que será preciso fazer um duro ajuste fiscal.

A Argentina passa por uma das piores crises econômicas de sua história, com a inflação ultrapassando 142%, segundo dados do IPC(Índice de Precios al Consumo). A inconstância de preços tem sido a principal reclamação dos argentinos, que nunca sabem o preço real dos produtos no país.

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Na livraria mais antiga de Buenos Aires, o proprietário precisou colocar um aviso aos compradores, alertando que os preços nos livros “nem sempre refletem a realidade”, aconselhando consultar um vendedor para saber o valor real do livro de interesse.

Embora ainda não haja um temor generalizado, diversos supermercados amanheceram com longas filas na segunda-feira, 11. Muitos moradores têm receio que o encarecimento repentino após os reajustes se tornem inviáveis, portanto, estão optando por estocar comida antes dos anúncios do novo governo.

"O grande problema são as incertezas"

Fernando Ortelli, morador de Buenos Aires há 42 anos, comentou sobre a situação do país: “o grande problema são as incertezas. Não sabemos o que vai acontecer, nem o preço das coisas que compramos. Aqui o azeite custa um valor, se eu for no mercado da esquina, será completamente diferente. É insano viver assim ", completou o florista.

Esta não é a primeira vez que a Argentina vai passar por ajustes fiscais que acarretam em aumento desenfreado de preços. Durante a presidência de Maurício Macri, o liberal realizou um ‘tarifaço’, reajustando as contas de gás, água e combustíveis em até 300%. Na época, os sindicatos convocaram grandes protestos pelo país, que resultaram em grande queda de popularidade do então presidente, que não conseguiu a reeleição em 2019.

O movimento sindical, historicamente, tem grande poder de mobilização na Argentina e a grande maioria está ligado ao peronismo. “Não vamos dar um passo atrás na defesa dos direitos trabalhistas. Estamos em estado de alerta e vamos sair às ruas para defender o direito dos trabalhadores”, afirmou Pablo Moyano, membro da CGT(Confederación General del Trabajo).

"Inflação? Hiperinflação?"

Em carta publicada no La Nación, jornal de maior circulação do país, Angélica Pasman, moradora local, relatou a dura realidade dos dias atuais na Argentina. Sua filha tentou comprar uma máquina de lavar roupas, mas seu cartão foi negado. Três horas depois, voltou na loja com outro cartão, mas a máquina já estava 80% mais cara. Ao final, ela pergunta: “como chamamos isso? Inflação? Hiperinflação?”

Ao quebrar o protocolo e não discursar para o parlamento, segundo membros do seu governo, o novo presidente quis passar a mensagem de que seu compromisso é, primeiramente, com a população. Por isso, insistiu em pedir que o Congresso não obstrua seu pacote de reformas. Segundo Milei, não há tempo a perder e “não há espaço para medidas graduais”.

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