Terra Indígena Mãe Maria: incêndio mobiliza bombeiros e indígenas há semanas no Pará

A área de 62 mil hectares vem sendo consumida pelas chamas, que avançam rápido pela mata

Tay Marquioro
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Indígenas da Terra Indígena Mãe Maria, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do Estado, e equipes do Corpo de Bombeiros combatem há mais de um mês incêndios que se espalham pela mata, afetando diversas aldeias da região. Sem equipamentos de proteção e com apoio limitado, os indígenas enfrentam dificuldades para controlar as chamas, enquanto o Corpo de Bombeiros planeja ações mais agressivas para conter o fogo.

A área, com seus 62 mil hectares — comparável a 62 mil campos de futebol — é o lar de aproximadamente 1.300 indígenas de diferentes povos, como os Gavião Akrãtikatêjê, Gavião Parkatêjê, Guarani e Guarani Mbya. A região, atravessada pela rodovia BR-222, se destaca por projetos de cooperativismo que incluem a produção de peixes, criação de pequenos animais como pacas, mel, hortas e outras atividades tradicionais.

No entanto, esses esforços estão sendo prejudicados pelo avanço dos incêndios, que, segundo os indígenas, começaram em julho deste ano e vêm causando danos crescentes desde então.

Kátia Gavião, líder do povo Gavião, descreve a dificuldade enfrentada pelas comunidades locais. "Já tem mais de um mês que esse fogo está queimando. Vai queimando por baixo das folhas, e quando o vento vem, o fogo se alastra. A gente apaga, mas logo aparece fogo sujo mais adiante", relata. Segundo ela, a comunidade tem combatido as chamas dia e noite, sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados, utilizando apenas galhos e a própria vegetação para tentar conter o incêndio.

As condições perigosas do terreno, somadas à falta de capacitação adequada, tornam o trabalho ainda mais arriscado. "A gente tem medo de perder alguém assim, queimado, porque o fogo vai por baixo, e é perigoso cair num buraco sem ver", conta Kátia. Ela afirma que poucas pessoas nas aldeias receberam capacitação para combate a incêndios, e o Corpo de Bombeiros não entra nas áreas mais fechadas da mata, o que aumenta a responsabilidade dos próprios indígenas.

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O tenente-coronel Felipe Galúcio, do Corpo de Bombeiros, explica que a situação é complexa devido à dispersão dos focos de incêndio. "Estamos com equipes baseadas em Bom Jesus há 10 dias, com 15 bombeiros e duas viaturas equipadas para combater incêndios florestais", afirma. No entanto, ele ressalta que, com 31 tribos espalhadas pela Terra Indígena, o fogo se projeta das aldeias para áreas de mata fechada, o que dificulta o controle.

Segundo ele, o Corpo de Bombeiros está avaliando estratégias mais agressivas, como a utilização de maquinário para abrir aceiros, visando conter a expansão das chamas. Mesmo assim, a luta contra os incêndios continua desafiadora para os indígenas e bombeiros, que seguem trabalhando para evitar que o fogo se alastre ainda mais.

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