Passageiros reclamam de descaso dos ônibus coletivos de Ananindeua
Situação é rotineira na vida de quem precisa do transporte, afirmam viajantes
A equipe do Eu Repórter recebe com frequencia denúncias sobre as condições em que o serviço de transporte público coletivo é oferecido à população. Dessa vez, denunciantes apontam falhas na estrutura de linhas da empresa Viação Forte, que opera em Ananindeua.
De acordo com relatos, os ônibus trafegam com portas e janelas quebradas, fiação exposta dos sinalizadores de parada além do espaço reservado para cadeirantes, como assentos e escadas elétricas, sem o seu devido funcionamento.
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Laércio Ferreira, 29 anos, Geógrafo e morador do bairro do Marco, contou que semanalmente faz viagens para o município de Ananindeua por trabalhar em uma escola, no bairro do Curuçambá. Segundo ele, não é a primeira vez que encontra o ônibus da linha Paar - São Brás nessas condições. "Parece que não fazem manutenção há meses nesses ônibus", relatou.
Em um vídeo feito por ele, encaminhado para a redação do Grupo Liberal, o ônibus trafega em alta velocidade com as portas traseira semi-abertas. Mostra também a estrutura de acesso de cadeirantes sem funcionar.
"Idosos se apoiam nessa porta com o ônibus em movimento", contou, afirmando que a situação além de frustrante, é perigosa.
Em outro relato de um denunciante que optou por não se identificar, as linhas 40 Horas Ver-o-peso e Cidade Nova 8 fazem parte do seu cotidiano. "Há anos eu ando nesses ônibus e sempre foi assim, não adianta nem reclamar mais", concluiu.
A redação integrada do Jornal O Liberal solicitou nota para a Prefeitura de Ananindeua sobre as fiscalizações das frotas, e também para a Viação Forte para que esclarecimentos fossem prestados, mas não recebeu respostas até o fechamento da matéria.
Posicionamento do Setransbel
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel) foi procurado pela redação integrada de O Liberal para comentar sobre o assunto.
De acordo com o Setransbel, de problemas na prestação de serviço de todas as frotas são de “conhecimento público” e que as empresas passaram por dois anos de pandemia sem apoio do poder público.
A entidade alegou que após a alteração no valor da tarifa da passagem de ônibus em março deste, resultou num prejuízo mensal maior que R$ 18 milhões, que supostamente se acumulou durante os oito meses. Por conta disso, “resulta em eventuais deficiências na prestação do serviço”.
Confira a nota na íntegra:
“Os motivos de eventuais deficiências constatadas na prestação de serviço - não apenas em nossa frota, mas de todas operadoras - são de conhecimento público.
As empresas atravessaram o longo período pandêmico, maior crise da história do sistema de transporte, sem nenhum apoio do poder público. Diferentemente do que ocorreu no Brasil e no mundo, Belém e RMB não receberam subsídios nem foram amparadas com desonerações no custo do serviço.
Ao mesmo tempo, o setor viveu 33 meses de congelamento tarifário, e em março deste ano, quando a atualização ocorreu, a homologação se deu com corte de R$1,00 na tarifa técnica calculada pelo próprio órgão gestor (SeMOB). Apenas esta supressão na remuneração das operadoras é responsável por um prejuízo mensal superior a R$18 milhões ao sistema, que vem se acumulando há oito meses, sem que as promessas de subsídios e desonerações no custo do serviço sejam cumpridas pela Administração Pública.
Este cenário resulta em eventuais deficiências na prestação do serviço, quando se sabe que no sistema de transporte de Belém quem paga o serviço é apenas o usuário.
A despeito do quadro de colapso e prejuízos acumulados em razão da queda de passageiros ainda não retomada no pós pandemia, a Viação Forte segue a operação cumprindo com suas obrigações para atender à população, respeitando a programação das ordens de serviços emitidas pela Superintendência de Mobilidade Urbana”.
O projeto Eu Repórter é uma iniciativa que busca reforçar a proximidade com os leitores e internautas, incentivando ainda mais o jornalismo colaborativo. Para participar das reportagens e conteúdos, compartilhando histórias, denúncias e sugestões de matérias com a redação de O Liberal, basta acessar o site eureporter.grupoliberal.com ou enviar suas informações para o Whatsapp (91) 98565-7449, onde será iniciada uma conversa diretamente com repórteres da redação. A denúncia pode ser feita de forma anônima.
(Carolina Mota, estagiária sob supervisão de Mariana Azevedo)
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