Alunos de Medicina no Pará: estudantes da Uepa Marabá denunciam suspensão das aulas
Denúncias afirmam que situação ocorre desde 2019. Uepa diz que está previsto um novo concurso público para professores em 2023
Os estudantes do curso de medicina da Universidade do Estado do Pará (Uepa) de Marabá, sudeste paraense, reclamam da frequente suspensão de aulas devido a quantidade de professores que não supre a demanda de matriculados na instituição.
Segundo relatos, há apenas 24 professores ministrando diversas disciplinas para cerca de dez turmas em andamento, sendo necessária uma carga horária de trabalho dobrada, o que é aceita pelos docentes de forma empática para não prejudicar o desempenho dos alunos.
As denúncias também falam que vários professores foram exonerados por conta de término de contrato e que outros pediram demissão devido estresse e exaustão. Há relatos também de que os docentes que realizam horas extras não recebem o valor pelo adicional.
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Ainda de acordo com as denúncias, ocorre com frequência a falta de aula em algumas disciplinas, sendo necessária a intervenção de professores para, ao menos, ministrarem atividades avaliativas para que os estudantes não percam o semestre.
O grupo de estudantes que denuncia a problemática, teme não conseguir a formação dentro do tempo registrado na ementa do curso ou se formar sem conhecimento suficiente para o exercício da profissisão, o que acarreta em uma série de questões que podem vir a gerar problemas graves no futuro.
Lucas Lima, aluno do curso e integrante do Centro Acadêmico de Medicina do campus do município, diz que conseguiu concluir o nono semestre mas não se sente satisfeito com a forma como o ensino está sendo feito. "Eu teria que ter aula seis vezes na semana, ou pelo menos de segunda à sexta-feira, mas pela falta de professores, eu ia duas, no máximo três vezes na semana assistir aulas", conta.
Lima fala que a situação ocorre desde 2019 e que alguns semestres estão sendo levados apenas com atividades, seminários e estudos de caso que contribuem sim para a formação, mas somente como reforço, e não como o ensino de fato.
Eles cobram que os professores que estão com contratos chegando ao fim possam ser renovados e que seja feito um novo concurso público pois há pelo menos 33 vagas em aberto para professor do curso. Também contestam uma melhor aproximação com a coordenação central da UEPA (campus Belém) que, segundo eles, a comunicação com a matriz não é centralizada.
Em nota, a Universidade do Estado do Pará (Uepa) informa que está previsto um concurso para professores efetivos no próximo ano. Em 2022, os contratos de servidores temporários não puderam ser renovados devido ao período de vedação eleitoral.
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(Carolina Mota, estagiária sob supervisão de Thaís Belém)
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