Presidente da comissão de arbitragem da FPF sobre VAR no Pará: 'Não estávamos preparados'
De acordo com Fernando Castro, a interrupção ocorreu devido a uma falha no cabo que conecta a sala do VAR às imagens do jogo. Logo depois, uma tentativa de transmissão via Wi-Fi foi frustrada devido à estrutura do Mangueirão
A paralisação de 21 minutos na partida entre Remo e Capitão Poço, pelo Campeonato Paraense, na última segunda-feira (3), expôs as dificuldades estruturais dos estádios do Pará para receber a tecnologia do Árbitro de Vídeo (VAR). Em entrevista à Rádio Liberal + nesta terça-feira (4), o presidente da comissão de arbitragem da Federação Paraense de Futebol (FPF), Fernando Castro, explicou os motivos da demora e apontou a falta de infraestrutura como um dos principais desafios.
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De acordo com Fernando Castro, a interrupção ocorreu devido a uma falha no cabo que conecta a sala do VAR às imagens do jogo. "O sistema pode ser conectado por ligação direta, por um cabo que sai da sala de imagens, que é o nosso caso. A questão é que o cabo pode ser danificado no caminho. Alguém pode passar e pisar, mesmo que tenhamos feito proteções para isso", explicou.
Tentativa de transmissão por Wi-Fi frustrada
A equipe responsável tentou restabelecer a conexão via Wi-Fi, mas sem sucesso. Segundo Castro, a estrutura do Mangueirão dificultou a transmissão sem fio. "O Mangueirão tem uma estrutura de concreto muito robusta, e a sala do VAR fica abaixo do setor de cadeiras. Dessa forma, a conexão do VAR ficou prejudicada", disse o presidente da comissão de arbitragem.
Diante da impossibilidade de restabelecer a conexão, a arbitragem seguiu o protocolo e manteve a decisão de campo. "Quando o árbitro não consegue visualizar as imagens do VAR, vale a decisão inicial de campo. Naquele momento, comunicamos aos capitães que a partida não contaria com a ferramenta até o final", afirmou o presidente da comissão de arbitragem.
“Não estávamos preparados”
Para Castro, o futebol paraense não estava preparado para receber a tecnologia VAR e mudanças rápidas serão necessárias para que transtornos como esse não voltem a ocorrer ao longo do ano. "Não estávamos preparados para utilizar a tecnologia dentro de campo. Precisamos de canaletas para acomodar os cabos ópticos. Atualmente, vemos vários cabos de transmissão passados de forma improvisada. É necessário aplicar essa infraestrutura nos estádios para evitar que os cabos sejam danificados", disse Castro. Ele destacou que apenas Mangueirão, Curuzu e Baenão possuem estrutura mínima para receber o VAR, enquanto os demais estádios do estado ainda não estão adaptados.
A engenheira responsável pelo equipamento esteve no Mangueirão para avaliar soluções, incluindo a realocação da cabine do VAR para um local com menos interferências. No entanto, em jogos com grande público, há o risco de perda de sinal de comunicação. "Em jogos de grande público, perdemos os sinais de comunicação, como celular e rádio", alertou.
Apesar das dificuldades, a FPF pretende manter o VAR para o próximo clássico Re-Pa, utilizando o mesmo equipamento. "Tivemos jogos sem cartões e gols recuperados pelo VAR. Assim, a ferramenta demonstra um lado positivo", disse Fernando Castro. A previsão da entidade é que até 2026 todos os estádios do Pará estejam estruturados para receber a tecnologia.