O primeiro endereço, a rivalidade no Estado e a "Payxão": Tudo sobre os 105 anos do Paysandu

Torcedor símbolo do Papão, Antonio Couceiro revela fatos históricos do Paysandu Sport Club

Nilson Cortinhas
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Antônio Couceiro, 78 anos, dedica o dia aos assuntos relacionados ao que chama de cachaça: o Paysandu. Ele não tem vícios com álcool. Nunca teve. Portanto, fala com certeza: "Este clube é a minha cachaça", diz ele, que trabalha ao lado do filho, o também ex-presidente bicolor, Tony Couceiro, que foi o antecessor do atual, Ricardo Gluck Paul. 

Ex-presidente do Paysandu da década de 80, tendo atuado por 12 anos como presidente do Conselho Deliberativo, Couceiro dá nome ao hotel bicolor pelos serviços prestados ao clube. Hoje, a cachaça Paysandu ganhou, de fato, uma outra conotação. Ao invés da intensa atuação administrativa, ele observa e aconselha os atuais gestores do clube, inclusive o filho mais velho. "O Tony só não ganhou o futebol. E aí tudo vai por água abaixo. Ninguém quer saber se o Paysandu fez hotel, tem um setor administrativo completo, uma academia maravilhosa...". 

É assim, com toda a história, com toda bagagem e dedicação que Couceiro se tornou uma espécie de pesquisador da história bicolor. Com material vasto e rico. "Da fundação do Paysandu até 1966, tenho a história toda escrita. De lá para cá, documentos esporádicos. Mas, acredito que tenho a maior parte do conteúdo de material relativo ao Paysandu". 

Entre papéis amarelados, pela força natural do tempo, livros, revista e medalhas, há vários documentos da rica história do clube que completou 105 anos de fundação no último dia 02 de fevereiro. "Tenho o documento mais antigo da vida do Paysandu. É um pedaço do jornal Estado do Pará, com a ata da fundação do Paysandu. do dia quatro de fevereiro de 1914. Segunda-feira, faz 105 anos". 

image Antonio Couceiro mostra um dos primeiros contratos de atletas do Paysandu (Fábio Costa / O Liberal)

SEDES

E informações curiosas, como a que diz respeito a primeira sede bicolor. Para Couceiro, o Paysandu foi fundado nas Rua Dos Pariquis, entre Padre Eutíquio e Apinagés. O número da casa era 22. O dono, a imagem do imóvel ainda permanece como uma incógnita. "Hoje, neste trecho, as casas são de número 1500, 1530. É a primeira sede do Paysandu, que foi depois transformada num bar. Estive lá, tirei fotografias de todos os bares. E pedi a certidão vintenária e daí vou saber quem foi o primeiro dono dessa casa. Quem sabe não encontrarei a (casa) do Abelardo Conduru?", diz. 

Como o clube foi fundado em residências de abnegados provisoriamente, o Papão se mudou várias vezes e teve os seguintes locais como sede - que hoje se perdem na paisagem da cidade. Pela ordem, pós-casa 22 da Rua dos Pariquis, ainda teve: a casa Edgar Proença (o mesmo que dá nome ao Mangueirão), Sede da Associação Recreativa, Espaço na Padre Eutíquio (que depois se tornou um campo do Liberto Esporte Clube), espaço na então Rua Lauro Sodré, hoje Ó de Almeida, e outro local na Serzedelo Correia, além dos Altos da Garagem Náutica.

Depois, o clube se mudou, de forma definitiva, para a Avenida Nazaré. Couceiro ostenta, com orgulho, a escritura original da sede do Paysandu, que data de 1926, com a assinatura do então presidente do clube Ophir de Loyola. Também tem uma relíquia: o contrato do Dário Maravilha com o Paysandu. Seu salário era 55 mil Cruzeiros, no ano de 1979, nove anos depois do título com da Copa do Mundo com a seleção de 70. "Ele jogou com a amrelinha e não podia receber salário pequeno", diz.

RIVALIDADE

Além disso, o ex-presidente do Papão questiona quem considera que o nome Paysandu tenha origem na guerra do Paraguai. "Há controvérsias com relação a isso". E não apenas questiona como é definitivo quanto às considerações que apontam que o Paysandu surgiu de esportistas insatisfeitos no rival Clube do Remo. "Era um grupo que era o Time Negra. Alguns tinham ligações com o Clube do Remo, mas não era Remo. O Time Negra que virou Paysandu. Eles não saíram do Remo para fundar o Paysandu", defende. 

Na visão de Couceiro, procede a famosa frade de Hugo Leão: "Vou fundar um grupo para vencer o grupo do Remo", respondeu quando convidado para ir ao Remo. 
Daí, surgiu, rapidamente, a rivalidade com o Remo. "E a frase do Hugo se confirmou: o Paysandu tem 47 títulos estaduais, o Remo tem 45. E o Remo é nove anos mais velho. Na questão nacional nem se fala...", compara.

Outra passagem curiosa na relação entre Paysandu e Remo, é a primeira reunião internacional do Conselho Deliberativo do Paysandu, no Paraguai. "Foi só pra fazer gozação com o pessoal do Remo. Era uma reunião internacional. Mexeu no cotovelo do remista, que era a nossa intenção", diverte-se. Na época, o Paysandu disputava a Libertadores da América em 2003. E venceu o poderoso Boca Jrs, na Argentina. "Foi a maior emoção da minha vida no Pasyandu. Coisa de louco. No futebol tudo é possível".

É por esses e outras que ele utiliza um broche cor de ouro com o escudo do Papão de forma ininterrupta. "Uso há 32 anos e coloco ele em todas as roupas que uso". O broche vai continuar ali, já os outros materias serão cedidos ao museu do Paysandu, projeto na fase da concepção, na estrutura do estádio da Curuzu.  

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