Elenco mal montado e ‘loteamento de cargos’: colunistas opinam sobre crise do Paysandu em 2023
Segundo Carlos Ferreira e Abner Luiz, Papão está sem um ‘norte’ nas contratações e vive efeitos do último processo eleitoral na Curuzu
Problemas na elaboração do elenco, péssima forma física e o "loteamento de cargos" na Curuzu. Segundo os colunistas do Núcleo de Esportes de O Liberal, esses são os principais pontos que podem ajudar o torcedor do Paysandu a entender a crise vivida pelo Papão nesta temporada. De acordo com eles, o atual momento do Bicola pode ser comparado ao de "um carro atolado, durante uma grande corrida".
Planejamento mal elaborado
Segundo o jornalista Carlos Ferreira, a crise bicolor tem dois fatores principais: o excesso de contratações e o "loteamento de cargos" que virou a Curuzu, para abrigar aliados eleitorais do atual presidente, Maurício Ettinger. Ele explica que, desde as eleições, que ocorreram ano passado, o clube já demonstrava que teria um 2023 difícil.
"Acho que se fossemos procurar um culpado é o caso de se voltar às eleições. Na ocasião, Ettinger se cercou de apoiadores, teve o apoio de Vandick, Lecheva, Aguilera, Robgol, Zé Augusto... Ele fez um loteamento de cargos, ao tempo que não conseguiu escolher um executivo. Esse foi o erro de tudo. O clube vive as consequências de um processo eleitoral que teve cargos distribuídos para apoiadores, sem projeto. Foi feita uma composição política que prejudicou o projeto, explicou.
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A partir da ausência de um executivo, o processo de administração do departamento de futebol bicolor e, consequentemente, as inserções do clube no mercado de transferência, ficaram sem norte. Segundo Ferreira, o elenco do Paysandu pode ser assemelhado a uma "colcha de remendos", que contrata e dispensa sem critério.
"Do ano passado pra cá o Paysandu fez uma renovação de elenco de mais de 50%. Ao fazer as trocas, nem todas por opção do clube, como os casos de José Aldo e Marlon, o Paysandu não pensou em um projeto para 2023. Ao invés disso, o time criou uma equipe para montar o elenco, com [Roger] Aguilera, Vandick e Lecheva. Aparentemente, não se definiu um projeto esportivo, se fez um mutirão. As contratações foram feitas a critério de cada um. Roger buscou os estrangeiros, alegando que queria 'sair da mesmice', mas ele acabou internacionalizando a mesmice, já que os jogadores não vingaram", disse.
Hélio com o "chicote nas mãos"
Segundo a análise de Carlos Ferreira, o Paysandu está sem norte nesta temporada. Para Abner Luiz, que vai ser o mandachuva bicolor no último semestre de 2023, será o técnico Hélio dos Anjos, recém-contratado e o terceiro a assumir o cargo no ano.
De acordo com Abner, Hélio usou o "desespero" do Paysandu para fazer uma alta pedida salarial e fechar um contrato de três meses com o Papão. Além da elevada remuneração, o colunista afirma que eles terão "carta branca" para mexer na bagunçada casa bicolor.
"Está muito claro que Hélio dos Anjos e seu filho vão desembarcar mais uma vez na Curuzu para mandar e desmandar. Conhecem, os dois, os caminhos e quem é quem no clube internamente. Quis o destino que a Curuzu fosse mais uma vez a sua casa e que está bem desarrumada. O Hélio veio para também fazer o que o presidente não faz. Ou seja, trabalhar com o chicote nas mãos", disse Abner.
De acordo com apurações do Núcleo de Esportes de O Liberal, o contrato de Hélio dos Anjos com o Paysandu foi em formato de "pacote". Foi acertada uma quantia, para que ele e a comissão técnica atuem em um prazo de três meses. O valor acordado, segundo uma fonte ligada ao clube, foi de R$ 500 mil para 90 dias de serviço.
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