Artur Tourinho visita Curuzu em comemoração aos 20 anos da tríplice coroa: 'Dei minha contribuição'

Ex-presidente compareceu à festa de 20 anos da conquista da tríplice coroa, que teve a presença de ex-jogadores, ex-dirigentes, torcedores e o capitão da vitoriosa nau bicolor, o polêmico Artur Tourinho

Luiz Guilherme Ramos
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Na noite desta quarta-feira, a Curuzu foi palco de um evento em comemoração à conquista da tríplice coroa, que há 20 anos deu ao Paysandu as maiores glórias conquistadas por um clube em toda a Amazônia. Na ocasião, uma visita ilustre foi muito notada, o ex-presidente Artur Tourinho compareceu ao estádio 15 anos depois de ter sido desligado do clube por forças políticas.

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A história de Tourinho no Paysandu possui pelo menos duas frentes. Na política, o ex-dirigente chegou ao clube na metade dos anos 90 e esteve diretamente envolvido nas administrações de Ricardo Rezende (96/99) e Joaquim Ramos (2000). Na sequência, Tourinho sentou na cadeira de presidente e deu início a uma revolução na frente futebolística, dando ao clube as maiores conquistas de sua história. 

"Eu, Ricardo Rezende, entre outros, assumimos o Paysandu e montamos um projeto para a torcida. Não tínhamos condição de ganhar nada. A torcida sabia. O Remo estava invicto e quebramos logo o tabu. Arrumamos o clube, unindo diretoria, tesouraria, administrativo, tudo. Médicos que eram colaboradores passaram a ser remunerados. Arrumamos a base com o Paulo Oliveira e o Mancha. Ganhamos basquete, regata, futebol, arrumamos o clube e começamos a ganhar tudo", lembra o ex-dirigente.

Uma década e meia depois de deixar o clube, Tourinho não esconde a alegria de encontrar o Paysandu com outra cara. "Depois de todos aqueles 12 anos no Paysandu, eu voltei ontem, convidado pelo presidente, pelo Felipe Fernandes. Me fizeram um convite e eu não podia me furtar. Não me desliguei em nenhum momento do clube, leio jornal, ouço rádio, vejo TV e sei do trabalho que a atual diretoria executa no clube. E fiquei impressionado com o que vi na Curuzu: está bonita, bem tratada, cuidada", elogia. 

Se hoje a estrutura bicolor está muito acima do início dos anos 2000, no gramado, o Papão foi insuperável sob o comando de Tourinho. Em seis anos, o bicolor foi tricampeão paraense, campeão da Copa Norte, Copa dos Campeões, Campeão da Série B e chegou nas oitavas da Libertadores. No gramado passaram ídolos como Vandick, Robgol, Iarley, Sandro, Zé Augusto. No entanto, como tudo o que é bom dura pouco, a fase áurea bicolor ruiu da mesma forma que alçou o clube ao topo do futebol paraense. 

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No final de 2005, o Paysandu foi rebaixado da Série A para a Série B. No ano seguinte, novo rebaixamento. Em 2007, na Série C, o Paysandu foi eliminado na primeira fase, terminando a competição na 62ª posição, a antepenúltima da tabela. Com fracassos sucessivos e suspeitas de corrupção, Tourinho deixa o clube pela porta dos fundos, numa decisão que remove até o o seu título de sócio. De salvador, o dirigente passou a ser persona non grata na Curuzu.

"De tudo o que fizeram comigo, nada me atingiu, pois eu sabia que era uma questão de tempo para tudo vir à tona. Onde eu encontrava torcedores, pessoas ligadas ao clube, o sentimento foi o mesmo. 'Volta! Volta!' Eu voltei como simples torcedor e para assistir os jogos. Esquecendo as maldades que fizeram. Eles acharam que eu queria ser dono do Paysandu. Não sou dono nem dos meus filhos", rebate, sem citar quem são 'eles'.

Hoje em dia, passados 15 anos de seu afastamento do clube, Tourinho parece ter feito as pazes com a direção bicolor. O abraço de paz entre o ex-presidente e a entidade centenária parece ter sido cordial e verdadeiro. Se hoje o Paysandu representa o que há de melhor no esquecido futebol nortista, isso se deve à presença de Artur Tourinho, que deixou o seu legado e hoje se considera satisfeito por tudo o que fez, descartando a possibilidade de um retorno.  

"Eu te diria o seguinte, impossível só pertence a Deus, mas a minha vontade, da minha família, dos meus filhos, não é mais essa. Antes eles recusavam até que eu fosse ver jogo. Eu quero ajudar, mas não quero cargo nenhum. O que eu podia fazer eu já fiz, já dei minha colaboração. Me dediquei 12 anos ao clube. Você viu a festa que fizeram. Eu acredito muito no atual da trabalho da diretoria, mas não ambiciono mais nada no Paysandu", encerra. 

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