Paraense Ian Coelho é referência no jiu-jitsu no Brasil; técnica atrai vários lutadores de MMA

Treinador já trabalhou como nomes de peso do esporte como Deiveson Figueiredo

Aila Beatriz Inete
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Nos últimos anos, atletas do Pará vem conquistando espaço em vários eventos de lutas, seja no MMA ou em competições de modalidades como o jiu-jitsu, karatê e boxe. E isso é o reflexo do bom trabalho desenvolvido pelos lutadores e treinadores paraenses. Uma dessas referências técnicas aqui no estado é Ian Coelho, ou Mestre Coelho, ele é especialista na arte suave e o estilo de trabalho, tem atraído muitos atletas.  

Ian Coelho tem 35 anos e está no jiu-jitsu há 22. Desde que começou a ensinar, o paraense já trabalhou com nomes de peso do MMA mundial. Deiveson Figueiredo, atual campeão do peso-mosca do UFC, recorre a Coelho quando está em camp; a carioca Priscila Cachoeira, a Pedrita, vem para o Pará quando tem luta marcada para fazer os treinamentos. Além deles, o técnico tem no currículo trabalhos com Antonio Arroyo, Bruno Souza e Michel Pereira. 

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A equipe de esporte de OLiberal.com conversou com o Mestre Coelho para entender um pouco da técnica que o tornou uma das principais referências do jiu-jitsu no Pará. 
 

OLiberal: Quando você passou a se dedicar a ensinar sua técnica para outros atletas?

Ian Coelho: Assim que eu peguei a faixa-preta, após 10 anos de dedicação na modalidade, eu recebi um convite para ensinar um pouco do que eu sei para atletas locais. Nós também tivemos uma equipe de MMA, que mandava os seus treinos na minha academia, se chamava hard fight, ali eu trabalhei com atletas do nosso cenário regional, mas também trabalhei com atletas internacionais como o ‘Mondragon’. Então, a gente começou a desenvolver um trabalho mais próximo dos atletas profissionais de MMA, e esse trabalho foi se desenvolvendo, um foi puxando o outro, as pessoas viam que estava sendo bem feito e já pediam para eu treinar.

OL: Existe alguma diferença entre o jiu-jitsu desenvolvido aqui no Pará para o resto do Brasil?

IC: A gente fala muito sobre isso, inclusive, mas não existe nenhuma diferença. O Brasil é o país número um da modalidade no mundo, e o Pará figura, sem dúvida, como um dos maiores celeiros do jiu-jitsu no nosso país. Mas, a grande diferença está nos atletas: o quanto ele acredita, se dedica para aquilo, se entrega para o processo que é necessário para dar certo. E lá fora, muitas das vezes, eles tratam com mais profissionalismo e seriedade o esporte, enquanto que aqui isso não acontece. Mas em termos de nível, a gente não deve em nada para outros países, inclusive, muitos acabam levando profissionais daqui para treinar, dar aulas ou lutar por equipes de lá. 

OL: Hoje tu és uma referência no jiu-jitsu aqui no Pará e no Brasil. O que te diferencia de outros treinadores?

IC: A grande diferença no meu trabalho é a habilidade de conseguir adaptar a arte suave para o MMA. A gente tem grandes atletas, profissionais, mestres e professores que entendem muito de jiu-jitsu, mas que não conseguem fazer a adaptação para o MMA. E temos conseguido fazer isso: colocar nos atletas o suficiente para eles se defenderem ou até para que eles consigam atacar também. Temos um trabalho muito forte com striker, que são lutadores oriundos da luta em pé - do boxe, muay thai, karatê, kickboxing -, e a gente consegue ensinar e inserir o jiu-jitsu no jogo deles. Então, tem atletas que vieram [da trocação] mas que desde que iniciaram o trabalho comigo finalizaram as suas lutas. 

Ian Coelho

OL: Acredito que o Pará nunca teve tantos atletas em eventos de MMA como o LFA e UFC, ou em competições de jiu-jitsu como o BJJ Star. Há que tu deves esse crescimento?

IC: Como eu falei, o Pará é um grande celeiro de atletas, não só no jiu-jitsu, mas também no karatê, do judô, do boxe. O povo paraense ama a luta. E esse crescimento que o MMA teve no mundial também foi seguido no nosso estado. É uma trajetória longa, que o atleta precisa se dedicar para poder se figurar nos maiores eventos estaduais, nacionais e internacionais e esse trabalho tem sido feito. Realmente, temos grandes representantes nos maiores eventos de MMA do mundo. A temos um potencial enorme, mas, como a gente sempre ressalta, falta incentivo para esses atletas. Às vezes é preciso que muitos passem por um caminho tortuoso para poder representar. Mas não falta raça, vontade para que esses lutadores, com o talento que eles têm, possam chegar [no topo] e a gente sempre fica muito feliz quando tem alguém da nossa terrinha que chega lá fora e representa muito bem a nossa arte marcial. 

OL: Como é o trabalho na base das academias com os atletas e o que precisa ser feito para o crescimento, ainda mais, da modalidade?

IC: O trabalho para que o nosso jiu-jitsu seja cada vez mais reconhecido é incessante. Nós temos grandes equipes no nosso estado, com grandes talentos, que investem em cada uma dessas pessoas para que elas possam se desenvolver enquanto atleta - a parte física, técnica, psicológica -, e isso é bom, porque cada vez mais esse movimento vai crescendo, a gente vai trazendo mais pessoas novas, os atletas vão ficando mais confiante com isso. Às vezes é necessário um tempo longo para que uma ‘joia rara’ seja lapidada e possa aparecer no cenário internacional, mas o que não nos falta é vontade de trabalhar para que isso aconteça. Após cada luta, voltamos para casa e reiniciamos o trabalho, na esperança de que as oportunidades apareçam e quando acontecer, que a gente consiga, realmente, mostrar todo o nosso potencial, que temos sim lugar no mundo das arte marciais e que merecemos respeito e admiração por isso.

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