Novos atletas e futuros lutadores: projeto social na Pratinha ensina artes marciais a crianças

Associação Menezes conta com 13 unidades do projeto em Belém e atende milhares de crianças e adolescente no estado

Aila Beatriz Inete
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Uma das máximas do esporte é a capacidade de transformação da vida de uma criança ou atleta. Boa parte dos maiores esportistas do mundo entrou neste universo ainda na infância, em escolinhas ou projetos sociais que provocaram uma mudança significativa no desenvolvimento pessoal e profissional dessas pessoas. 

Especialmente em bairros periféricos, os projetos sociais são uma ferramenta poderosa na formação de novos atletas. Em Belém, a Associação Menezes Esporte, Cultura e Lazer (AMECEL) possui 13 unidades em vários bairros da capital, como Pedreira, Outeiro e Terra Firme, que dão aulas para crianças, adolescentes e até adultos. 

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A principal sede do projeto está no bairro da Pratinha II, onde cerca de 400 pessoas, entre crianças e adolescentes, treinam diariamente jiu-jitsu, muay thai e treinos funcionais. O criador do projeto foi o mestre e multicampeão de jiu-jitsu Augusto Menezes. O projeto surgiu em 2018 e hoje já possui polos em várias regiões do Pará, em um total de 17 municípios e chega até em Macapá, no Amapá.

“Nosso projeto iniciou visando o ensino da arte marcial, como o jiu-jitsu, para pessoas de baixa renda, bem como a formação de atletas profissionais, dando oportunidades a jovens e famílias. Desde então, temos dedicado nossos esforços para proporcionar acesso e capacitação a indivíduos que, de outra forma, talvez não teriam essa oportunidade”, detalhou o idealizador do projeto, o Mestre Menezes. 

No espaço, que ainda é alugado, as crianças animadas cumprimentam o mestre e pedem autorização para entrar no tatame. A rotina dos treinos, desenvolvimento das técnicas e golpes, também vêm com a disciplina, que reflete no comportamento dos pequenos fora da academia. 

“Nós queremos dar suporte para essas crianças, da periferia, que não têm a chance de ter um esporte maravilhoso como esse. E aqui eu cobro muito o estudo do aluno. Se ele não estiver estudando, não pode fazer parte do projeto”, destacou o Mestre. 

Além do desenvolvimento pessoal, o projeto também visa formar novos atletas. No último ano, a Associação levou 45 alunos para disputar o Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu em Fortaleza. No fim, a academia saiu com o quarto lugar geral da competição. 

projeto social associação menese

“Através do nosso comprometimento, temos testemunhado a transformação de vidas e o surgimento de talentos promissores. Ao longo desses anos expandimos nosso trabalho para diversas áreas, como a formação de profissionais para a atuação nos campeonatos de Jiu-jitsu”, declarou. 

image Porjeto atende crianças, adolescentes e adultos (Igor Mota / OLiberal)

Histórias

Izadora Tavares tem 11 anos e é uma das crianças que participam do projeto na Pratinha II. A lutadora mirim já treina há um ano na Associação e contou que ficou encantada com o jiu-jitsu e hoje já participa de competições. 

“No primeiro dia que vim, fiquei com medo, mas, depois de um tempo, eu achei bem legal, vi os meus amigos treinando e falei ‘pai, eu quero treinar, porque eu vi e é muito legal, [aprender] a me defender’ Já participei de muitas competições. Já ganhei, perdi, chorei, mas a gente sempre se recupera. Tenho o meu professor e sinto que aqui é meu lugar”, declarou a jovem Isadora. 

Tatiane Ramos é uma das professoras que atuam no projeto. Na Pratinha II ao lado do Mestre Meneses, ela ressalta que ajudar as crianças a aprenderem um novo esporte e se desenvolverem é um trabalho muito gratificante. 

image Tatiane é projeto no projeto (Igor Mota / OLiberal)

“Nosso objetivo é tirar as crianças da rua, então, é um projeto que eu abraço mesmo porque o tempo que elas estão lá fora fazendo o que não devem, elas estão aqui dentro, tendo disciplina e aprendendo [o esporte] com a gente. Então, para mim, é muito gratificante estar com eles”, apontou.  

O projeto cobra apenas uma taxa de R$ 20 mensais dos alunos para conseguir custear o prédio que é alugado e pagar as despesas de água e luz. Os quimonos dos alunos são doados por outros atletas por meio das redes sociais. No mais, quando precisam viajar para competições, o grupo faz ações para bancar as viagens. 

“Eu fico muito emocionado quando vejo uma criança dessa que vai para um campeonato e vem com uma medalha no peito, fico muito satisfeito. Ainda mais quando é do interior, que o aluno não tem a chance de ter um espaço como esse maravilhoso. E aí eu vejo um aluno desse trazendo uma medalha para mim, é o resultado maior que existe”, concluiu Menezes

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