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Folclore do futebol ganhou vida nova com o mestre Gentil Cardoso

“Moço Preto” foi o 1º verdadeiro técnico do futebol brasileiro e descobriu Garrincha

Ferreira da Costa
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Gentil Cardoso morreu em 1970, três meses após o Brasil conquistar a Taça Jules Rimet, no México, mas até hoje seu nome é lembrado como o profissional que treinou numerosas equipes do Brasil, conquistou títulos e mais títulos, revelou dezenas de craques, entre os quais Garrincha, e comandou a seleção brasileira no Campeonato Sul-Americano Extra de 1959, no Equador. Gentil Cardoso passou por Belém, em duas oportunidades, dirigindo o time do Paysandu.  

Gentil Alves Cardoso nasceu no Recife, na data de 5 de julho de 1906 e faleceu no Rio de Janeiro, dia 8 de setembro de 1970, aos 64 anos de idade. Foi engraxate, garçom, motorneiro, padeiro, militar (marinheiro), filósofo, poeta e técnico de futebol.

Na sua juventude, mudou-se para o Rio de Janeiro, passando a se constituir em torcedor do Bonsucesso. Como técnico, seu primeiro clube foi o Sírio Libanês, da Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em 1929 e 1930. Em 1931, assumiu o comando técnico do Bonsucesso, clube pelo qual torcia. Gentil Cardoso foi o 1º técnico do Brasil a ter diploma, sendo que sua origem foi a Inglaterra.

Depois, Gentil Cardoso treinou o Rio Grandense (RS), e em 1938/1939, o Vasco da Gama. Em 1939, voltou ao Rio Grandense (RS). Em 1945, foi contratado pelo Fluminense e no Tricolor, na temporada de 1946, os dirigentes do “Pó de Arroz” queriam saber do técnico como seria feito para o Fluminense ganhar o Campeonato Carioca: “Deem-me o Ademir, que eu lhes darei o Campeonato.” Dito e feito. O Fluminense tirou Ademir do Vasco da Gama e foi o campeão de 1946. Gentil ficou mais um ano no Fluminense e 1948, foi contratado pelo Corinthians Paulista. Em 1949/1950, treinou o Flamengo. Em 1951, foi trabalhar nos Pampas, dirigindo o Cruzeiro (RS). Em 1952, foi contratado pelo Vasco da Gama e montou uma grande equipe, sagrando-se campeão, sendo carregado pela torcida, mas logo depois, dispensado.

Em 1953/1954, Gentil Cardoso foi convocado pelo Botafogo e se constituiu no 1º técnico profissional a treinar o fenomenal Mané Garrincha, que antes só jogava pelada com seus amigos de Pau Grande. No dia em que Mané Garrincha foi ao Botafogo para o seu 1º treino, Gentil Cardoso não compareceu a General Severiano. Quem comandou o treino foi seu auxiliar técnico e também seu filho, Newton Cardoso. Garrincha deu vários dribles no fenomenal lateral-esquerdo Nilton Santos, “entortando-o” literalmente.

Newton Cardoso não tinha o poder de ir aos dirigentes e indicar a contratação daquele jogador das pernas tortas, que havia deixando Nilton Santos em apuros. Mas os botafoguenses tiveram muita sorte, pois quando os jogadores já tinham tomado banho, se vestindo e indo embora, apareceu Gentil Card oso. Foi-lhe relatada a situação. E por insistência de Nilton Santos, Gentil Cardoso concordou que todos voltassem ao campo para novo treino. Garrincha fez diabruras em cima de Nilton Santos e Gentil Cardoso o indicou aos dirigentes para firmar contrato.               

Gentil Cardoso depois do Botafogo, foi trabalhar na sua terra natal, Pernambuco, treinando o Sport Club do Recife, em 1954/1955. Em 1957/1958, esteve no Bangu e em 1959 foi chamado para dirigir a seleção pernambucana no Campeonato Brasileiro de Seleções. Gentil Cardoso montou a seleção Cacareco, que fez sucesso, por isso quando se avizinhou o Campeonato Sul-Americano Extra em Guayaquil, no Equador, em dezembro de 1959, Gentil Cardoso foi guindado a técnico do escrete brasileiro, formado pelos jogadores do Sport, Náutico e Santa Cruz.

O Brasil disputou cinco jogos, vencendo três (Paraguai, 3 a 2, Equador, 3 a 1 e Equador, novamente, 2 a 1), perdendo dois jogos (Uruguai, 3 a 0 e Argentina 4 a 1) e acabou ficando com o terceiro lugar, tendo marcado 9 gols e sofrido 11, com saldo negativo de 2 bolas.

Em 1959, Gentil Cardoso treinou ainda o Santa Cruz e o Náutico, em 1960.

Em 1961, o Paysandu começou o Parazão fazendo uma péssima campanha, perdendo até para os times pequenos, os mais fracos. Gentil Cardoso foi contratado a peso de ouro pelo Departamento Autônomo do Papão, dirigido pelo industrial Nélson Souza Rosa. A estreia de Gentil Cardoso aconteceu na data de 30.12.1961 em jogo amistoso contra o Júlio César, vitória bicolor por 2 a 1.

No segundo turno do certame de 1961, que começou já em 1962, o Paysandu levou o título dessa fase invicto e na disputa do Campeonato contra o Remo, ocorreram dois empates – 2 a 2, 0 a 0 e uma vitória do Papão, por 1 a 0, gol de Ércio e a conquista do cetro de campeão.

Ainda em 1962, dirigido por Gentil Cardoso, na data de 30.12.1962 o Papão ganhou o Bicampeonato Paraense, ao vencer a Tuna por 2 a 0.

Assim, o “Moço Preto” deu dois Campeonatos Paraenses ao Paysandu no período de um ano.    

Depois de orientar o Paysandu, Gentil treinou ainda o Sporting (Portugal), Bangu, Vasco, América (RJ), Ponte Preta, Portuguesa e São Paulo.

Em 1968, Gentil Cardoso voltou ao Paysandu, mas a sua idade avançada não o ajudou a ter sucesso, novamente à frente do Papão.

FOLCLORE

O termo “zebra” no futebol foi criação de Gentil Cardoso, em alusão ao fato de que os favoritos ao título ficariam de fora de festa final e um time sem grande expressão, seria o vencedor.

“Quem se desloca, recebe. Quem pede, tem preferência”, era uma máxima de Gentil aos elencos que dirigia.

“Só me chamam para enterro, ninguém me convida para comer bolo de noiva” em alusão ao fato de raras vezes ter sido convocado para treinar times de grande poderio técnico.

“Se a bola é feita de couro, se o couro vem da vaca e se a vaca come capim, então a bola gosta de rolar na grama e não ficar lá por cima. Portanto, meus filhinhos, vamos jogar com a bola no chão.” Afirmando aos jogadores que queria ver a bola rolar rente a grama e não queria nada de chutão alto para cima.

O Paysandu poderia muito bem homenagear o “Moço Preto”, que lhe deu dois títulos do Parazão, tendo se constituindo no único técnico da seleção brasileira que treinou uma equipe do Pará.

Fica a sugestão para a edição de uma camisa alusiva ao grande técnico do futebol brasileiro, que foi Gentil Cardoso.       

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