Devoto, Jayme agradece pelo 'milagre' do Remo na Série C e pede o acesso da Tuna
Atacante marcou o gol que salvou o Remo do rebaixamento no Campeonato Brasileiro
O futebol e a fé andam sempre próximos. É comum ir ao estádio e ver torcedores com terço, imagens de santo nas mãos, pedindo um gol, uma tirada de bola, para que acabe o jogo. Os jogadores ao entrarem em campo que fazem o sinal da cruz, pedindo proteção, outros rezam, levantam as mãos para o céu. E em Belém os pedidos “viram realidade” na devoção por Nossa Senhora de Nazaré. Em 2018 ela foi lembrada pelo jogador Jayme, do Clube do Remo, mas que está emprestado à Tuna. Em “jogo” a permanência do Clube do Remo na Série C do Campeonato Brasileiro.
O mundo do futebol ao mesmo tempo que é um mar de rosas, um paraíso, em pouco tempo é um pesadelo que não tem fim. E quem vivenciou isso em 2018 foi o atacante Jayme, de 25 anos. Criado na base do Remo, Jayme foi destaque por onde passou, desde as categorias de base. Atuando em uma equipe onde a pressão do torcedor por resultados é enorme, o atleta que é natural de Belém se acostumou rápido com isso. Em 2017 Jayme retornou ao Remo após passagens por clubes menores do estado e nele a cobrança por conquistas de títulos e o tão sonhado acesso pelo torcedor azulino.
Mesmo criticado pelo torcedor, Jayme por dois anos seguidos ajudou bastante a não acontecer o pior com o Leão na Série C. No penúltimo jogo da fase classificatória da competição em 2017, o empate em 1 a 1 entre Moto Clube (MA) e Remo, em São Luís, deu ao Remo o livramento da tão temida Série D. O gol foi marcado por Jayme, já na reta final da partida. O ano mudou, veio 2018 e o Leão muito bem no Parazão. Quatro vitórias sobre o Paysandu, título em cima do rival e o sentimento de que a Série C seria passageira e que o acesso era realidade, mas não foi isso que ocorreu. A equipe remista não se encontrou na competição, resultados ruins, trocas de treinadores e o Leão afundado na última posição da tabela e o Jayme ali, encostado, muitas das vezes treinando com a molecada do Sub-20 e sem constar nas relações das partidas.
Foto: Akira Onuma / O Liberal
E o destino quis mais uma vez que Jayme tivesse na hora certa, no momento certo e tirasse o Remo desse pesadelo. O jogo era Salgueiro (PE) e Remo, no serão pernambucano. O Remo teve uma arrancada fantástica e chegou diante do Carcará precisando de uma vitória. Jogo truncado, pressão do time da casa, mas Jayme resolveu aparecer e em um chute despretensioso, em uma das poucas chances do Remo, abriu o placar e deu o alívio ao Fenômeno Azul. Mas Jayme nunca desistiu e sempre acreditou no poder de Nossa Senhora e após o jogo o pensamento estava na Santinha. “O futebol é assim, temos que saber vivenciar essas situações, já que temos momentos bons e em seguida momentos ruins. Temos que estar centrados no nosso trabalho, fiquei chateado por não estar jogando, não ser relacionado muitas das vezes, mas nunca perdi a fé que poderia ajudar o Remo de alguma forma, tanto dentro como fora, pedindo em orações. Isso foi uma prova de que tudo é no seu tempo e eu pude esperar. Fiz meu pedido à Nossa Senhora de Nazaré, não fiz promessas, mas ela estava em minhas orações, em meus pensamentos, na nossa oração dentro do vestiário. E ela nos ajudou, ela é a mãe dos paraenses e meu pedido foi atendido de uma maneira muito especial, saindo do banco para fazer o gol mais importante da minha vida”, disse Jayme.
O jogador sabe que lutar contra o rebaixamento não era o esperado pelo torcedor remista, mas Jayme sabia da responsabilidade que tinha nos pés, justamente por ser um atleta regional. “É complicado falar como foi o ano, tivemos o título do Paraense, saímos na Copa Verde de uma forma não muito legal, diante do nosso torcedor e o foco era a Série C, mas infelizmente não conseguimos jogar e tivemos que brigar para não cair. Mas serviu de experiência, para que isso não ocorra mais, pois a pressão é enorme. Tivemos o Baenão invadido por torcedores, não saíamos de casa, era pressão de todos os lados e no final conseguimos deixar o Remo onde encontramos”, comentou.
Jayme contou que este Círio é o mais importante, pelo momento que viveu no Remo e pelos novos desafios hoje encarados, já que está defendendo as cores da Tuna na Segundinha. A ida a Basílica de Nazaré fez Jayme voltar ao passado, lembrar da infância, tempo difícil do jogador. "Estar aqui é voltar no tempo, quando passávamos aqui, olhávamos os brinquedos, nada além disso pois não tinha dinheiro para comprar ingresso. Hoje posso frequentar, trazer a família e agradecer. Sempre agradecer à Nossa Senhora pelo que fez em minha vida. É um Círio importante por tudo vivenciado nesse ano. Hoje estou na Tuna, um novo desafio e fiz meu pedido para que possamos deixar a equipe na elite do futebol paraense. Estamos trabalhando para isso e com as bençãos de Nossa Senhora iremos conseguir", contou.
Foto: Everaldo Nascimento / O Liberal
O atleta de 25 anos possui contrato com o Clube do Remo para a próxima temporada e e está emprestado à Lusa para jogar a Segundinha do Parazão. Após a competição, o jogador volta ao Baenão para iniciar a preparação para a temporada 2019.
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