Racismo no futebol: Remo e Paysandu citam novas punições e aprovam mudanças feitas pela CBF

Clubes podem perder mandos de jogos e pontos, caso atos de racismo sejam realizados em competições realizadas pela CBF

Fábio Will
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A Copa do Brasil já iniciou e com ela uma novidade. A punição aos clubes em caso de racismo no futebol brasileiro. O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, primeiro negro a comandar a instituição, fez questão de colocar no Regulamento Geral de Competições de 2023 as mudanças. No Pará, Remo e Paysandu comentaram o assunto.

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A CBF considera de extrema gravidade atos racistas de cunho discriminatório, seja os atos vindos de dirigentes, representantes dos clubes, técnicos, jogadores, membros da comissão técnica, além de torcedores e arbitragem. A punição será imposta pela própria CBF e posteriormente encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que julgará a aplicação de perde de pontos ao clube que cometeu a infração. Outro ponto são as análises de súmulas, que serão encaminhadas ao Ministério Público e Polícia Civil, saindo esfera esportiva e que as pessoas sejam punidas por seus atos, já que o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou uma lei equipara o crime de injúria racial ao racismo, prática que agora é inafiançável e imprescritível, além de penas mais rígidas para crimes que ocorram em eventos culturais e esportivos no Brasil.

image Ednaldo Rodrigues presidente da CBF, primeiro negro a comandar a instituição (Rafael Ribeiro / CBF)

O Remo, primeiro clube paraense a participar de uma competição nacional, já com mudança realizada pela CBF, aprovou as medidas. O presidente do Leão Azul, Fábio Bentes, encara a situação como uma conquista e acredita nas mudanças e punições para casos de racismo no futebol.

“Muito importante esse avanço [punições para quem pratica atos racistas]. O Remo já foi vítima no passado envolvendo esse tipo de situação. Considero uma conquista importante esse tipo de punição”, disse ao O Liberal.

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O Paysandu, que só estreia na Copa do Brasil na terceira fase, foi questionado pela equipe de O Liberal sobre as mudanças, porém, o presidente do clube não respondeu. O técnico do Papão, Márcio Fernandes, em entrevista coletiva, ponderou algumas situações, como um torcedor infiltrado na torcida adversária, pode cometer atos racistas e o clube ser punido, mesmo com o torcedor sendo de outra agremiação, porém, Márcio Fernandes concorda com as punições mais rígidas para quem comete esse crime.

“A gente precisa rever bem isso, para não causar nenhum problema. Já é do brasileiro sempre burlar alguma coisa, achar sempre uma saída e isso [perda de pontos por atos racistas] é ruim, porque pode ter um torcedor infiltrado numa equipe e prejudicar essa equipe. A gente tem que ver bem. Agora, quanto ao racismo, acho que nós estamos em 2023 e não dá mais para a gente entender de outra forma que não seja, realmente, uma punição, mas precisa ser revista [a decisão da CBF] para a gente não cometer mais um erro”, falou o técnico bicolor.

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Relembre alguns casos de racismo envolvendo Remo e Paysandu

Em 2019, na Série C do Brasileiro, o Remo enfrentou o Juventude-RS, no Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul (RS), o atacante do clube paraense, Emerson Carioca, afirmou ter sido chamado de “macaco”, por torcedores. Nada foi feito.

No Indepêndência, em Belo Horizonte (MG)

Em 2021, pela Série B do Campeonato Brasileiro, o Remo venceu o Cruzeiro-MG por 3 a 1, no Estádio Independência e o atacante Jefferson, do clube paraense, foi chamado de “macaco” por torcedores do Cruzeiro, após marcar um dos gols do triunfo azulino. O clube formalizou a queixa à CBF, o caso foi para o STJD, que aplicou uma perda de mando e uma multa de R$50 mil ao clube mineiro, porém, o Cruzeiro recorreu e conseguiu derrubar a decisão.

No Ceju, em Belém

O Paysandu também passou por uma situação de racismo. A jogadora Silmara, foi chamada de “macaca”, após o clássico Re-Pa, disputado no Ceju, em Belém, no mês de outubro do ano passado pelo Parazão feminino. De acordo com o Paysandu, um homem vestido com a camisa do Remo gritou “Essa 9, essa macaca nem faz gol”. A jogadora ouviu e teve uma crise de choro, foi e foi amparada por outras atletas. O Remo lamentou o caso e afirmou não compactuar com essa situação. Ninguém foi punido.

Leão Azul

O Remo é bem ativo nas redes sociais em relação ao racismo. O clube vem lançando camisas em alusão ao mês da Consciência Negra, além de ser bem incisivo nas campanhas nas redes sociais. Em 2020 o clube lançou uma camisa com a frase: “Se você é racista, não seja remista”. O material foi feito pela marca própria “Rei” e também fez parte da campanha de alusão ao mês da Consciência Negra.

Papão da Curuzu

O Paysandu também trata o assunto de forma séria. O clube fez um mural na fachada do Estádio da Curuzu, chamado “Vidas negas importam”. O mural possui desenhos de atletas que passaram pelo clube bicolor de várias modalidades, além de torcedores e artistas, como o músico Pelé do Manifesto, que teve seu rosto no local.

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