Primeiro time indígena do país agora tem o primeiro técnico de futebol com formação superior; veja
Além de cacique, Zeca Gavião é técnico do Gavião Kyikatejê e concluiu formação em nível superior voltada a profissionais do futebol, estando devidamente licenciado para ser treinar e formar atletas
O Gavião Kyikatejê continua fazendo história no futebol nacional. Depois de ser o primeiro time formado por jogadores indígenas, a agremiação esportiva de Bom Jesus do Tocantins tem o primeiro técnico de futebol profissional, Zeca Gavião, certificado por uma instituição de ensino superior reconhecida.
A honraria dada ao técnico e cacique da tribo Kyikatejê veio após dois anos de estudo em uma universidade localizada na cidade de Joinvile (SC), conforme explica o treinador. De acordo com Zeca, de 55 anos, a conquista de uma certificação profissional significa a continuidade de um projeto voltado para a realidade dos povos indígenas.
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"Na realidade eu acho que o futebol precisa do conhecimento a mais. Temos muitos exemplos, até mesmo com a nossa Seleção [Brasileira]. Isso motivou mais ainda a buscar o conhecimento e a gente precisa. O meu projeto é ver o Gavião 100% indígena. E agora, com esse conhecimento, eu posso abrir uma escola, posso ensinar tanto ao masculino quanto femininio, da nossa ou outras etnias", argumenta.
A ideia, segundo ele, é "transformar o clube" de maneira que os avanços possam ser sentidos em todas as áreas. "Com esse conhecimento, conseguiremos trabalhar, lapidar novos talentos. Com fé em Deus teremos os indígenas no ano que vem, em todos os cantos do clube ou em qualquer outro. Este conhecimento nos permitirá dizer em um futuro breve: 'Hoje eu posso dizer que passei pela mão de um treinador profissional'", espera.
Atualmente, o Gavião Kyikatejê está na segunda divisão do Campeonato Paraense e, segundo o técnico, deve iniciar os trabalhos para a disputa da Segundinha agora no apagar das festas de fim de ano. "Vou sentar com a comissão que trabalha comigo e iniciar o planejamento para a segunda divisão. Aí podemos começar a garimpar jogadores indígenas e depois mesclar com alguns nomes que estejam dentro do nosso perfil de jogo".
Até alcançar a certificação de padrão internacional, Zeca Gavião havia se especializado em outras plataformas de ensino voltadas ao futebol, mas nenhuma delas com o certificado exigido na maioria dos clubes. "Eu fiz vários cursos pela CBF, curso de 80 horas, outros mais, outros menos, mas não era o que eu queria, então decidi fazer o mais completo, que é este. Nele tem abordagem sobre física, parte psicologia, fisiologia, estuda tudo", explica o técnico.
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