Presidente da Tuna Luso diz que ideia da SAF não partiu dela, mas pode ser avaliada: 'É um caminho'
Graciete Maués, que tem mandato à frente do clube até o fim de 2024, disse que o interesse na proposta de tornar o clube em uma SAF é tendência mundial, que pode vir a ser discutida pelo Condel e Assembleia Geral
A possibilidade de transformar a Tuna Luso em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ainda repercute nos círculos da alta cúpula tunante, desde que a proposta apresentada pelo ex-jogador e empresário Mariolino Costa chegou ao conhecimento de Conselheiros e membros da Assembleia Geral. Todavia, a ideia encontra forte resistência em alguns setores do clube, que enxergam na iniciativa um lado obscuro que, ao invés de ajudar, pode afundar de vez a "Nau" Cruzmaltina.
Isso porque o clube vive uma situação financeira descompassada, que já dura alguns bons anos. Desde que assumiu a presidência do clube, a atual mandatária, Graciete Maués, tem feito de tudo para reerguer o clube, incluindo apresentar outros "caminhos", como ela prefere dizer, que podem ajudar na reestruturação da agremiação. A mais impactante de todas, sem dúvida, é a transformação do clube em uma SAF, possibilitando investimentos futuros no Departamento de Futebol, entre outras melhorias administrativas.
Antes e depois do estádio Francisco Vasques, conforme projeto apresentado pelo grupo de investidores liderados por Mariolino Costa:
"Eu tenho a dizer que a tendência mundial e nacional no futebol é um dos caminhos para que o clube possa se modernizar e seja capaz de gerir um futebol competitivo", avisa, deixando em aberto a discussão entre os poderes do clube. "Dia 16 teremos uma reunião de prestação de contas, mas de repente pode surgir alguma pergunta sobre isso. Não sou eu que estou à frente. Isso vem há muito tempo. Ela (proposta) veio culminar na minha gestão, digo explodir. Há vêm há muito tempo. É um namoro, uma vontade", prossegue.
Graciete tem cerca de um ano e três meses de mandato e até o término dele espera chegar em um consenso, seja ele com ou sem a SAF, desde que haja um consenso junto ao Conselho Deliberativo e Assembleia Geral. "Quando falamos de uma SAF, é necessário ser aprovado pelos órgãos do clube. Eles é quem vão dizer sim ou não. Depois, todo mundo que é SAF, uma empresa que vem investir no futebol e na gestão do clube".
SAIBA MAIS
Proposta
O interesse em transformar a Tuna Luso em SAF partiu do empresário e ex-jogador Mariolino Costa, que se uniu a um grupo empresarial com atuação na Europa. O interesse do grupo à frente das negociações é trazer para o clube uma arena moderna, conforme frisou o empresário que se uniu a um grupo de investidores europeus. Todas as propostas estão contidas em uma carta de intenções assinada por Mariolino. O documento não apresenta possíveis valores, nem quanto seria investido no clube, porém, afirma que 30% das receitas líquidas da SAF seriam repassadas para a Tuna e o acordo teria validade por no mínimo 30 anos.
Além do estádio Francisco Vasques, o ginásio poliesportivo e o parque aquático tunante seriam reformados e haveria a construção de um novo centro de treinamento cruzmaltino, com hospedagem para os jogadores. Também estava prevista a construção de uma nova sede administrativa, restaurante, bar e salão de festas, entre outras obrigações administrativas.
Recusa
Apesar disso, não será fácil implementar um novo modelo administrativo no clube. Para o presidente da Assembleia Geral, Jacinto Campina, a proposta apresentada, além de não ter base sólida, pode ser um risco para o patrimônio do clube. "Não andou nada. Continua no mesmo. Enquanto não tivermos um grupo forte, com toda a documentação exigida por lei e por nós, nada será feito. Não colocaremos o patrimônio da Tuna Luso em jogo", garante. Enquanto o Condel e a Assembleia Geral rechaçam, o Conselho Diretor vê com bons olhos.
"Quando o clube é rico, tem dinheiro para se manter, não precisa. É uma situação ímpar, mas quando tem dificuldades, é claro que devemos procurar outros caminhos, com ajuda de diretoria, abnegados. E hoje você sabe que não é tão simples. É puramente futebol. Não é social. Não importa quem seja, se é SAF da Tuna, de quem quer que seja. O importante é que tenha alguém que possa gerir esse futebol e galgar os degraus que a Tuna Luso merece", contrapõe Graciete.
Futebol
Em campo, enquanto não há solução para o aperto financeiro instaurado no clube, o futebol segue caminhando a passos lentos. No Parazão deste ano o clube terminou na sétima posição, ao ser eliminado pelo Paysandu nas quartas de final. Fora isso, o time disputou a Série D do Campeonato Brasileiro, sendo eliminado na 2ª fase, além da Copa do Brasil, onde disse adeus na 1ª fase, ao cair para o CSA, em Belém. O último título conquistado pelo clube foi o Campeonato Paraense da segunda divisão, o Parazão B1, disputado em 2020. Para o próximo ano o clube tem confirmada apenas a participação no Parazão da Série A.