Paraense formado na base da Tuna e Remo estreia na 1ª Divisão Nacional Sub-19 de Portugal
Cauã Libonati trilhou um caminho bastante conhecido pelos grandes craques do passado, incluindo o meia Giovanni, que deu uma "força" ao jovem talento
Neste sábado, o jogador Cauã Libonati, de 18 anos, faz sua estreia com a camisa do Sport Club Lusitânia, diante do Sporting, pelo campeonato da 1º Divisão Nacional Sub-19. O atleta é uma das revelações da nova safra paraense e contou com o apoio de ninguém menos que o "Messias", apelidado dado ao meia Giovanni, nos tempos de Santos, para ajudá-lo na escalada que hoje chega ao velho mundo.
Embora tenha ainda 18 anos, Cauã pode ser considerado um "veterano" no futebol. Para quem não sabe, a carreira no esporte começa cedo, muitas vezes ainda na infância. Ao chegar na maioridade, muitos atletas já possuem alta rodagem. Apesar do ritmo precoce, essa velocidade acaba criando um filtro natural. Enquanto algumas promessas não vingam, nomes desconhecidos aparecem, tornando o futebol uma verdadeira roleta mágica.
No caso de Cauã, a sorte misturada ao talento vai lhe guiando por um caminho promissor, sobretudo após a entrada de um personagem crucial: o ex-jogador e ídolo Giovanni. O craque do Santos, Barcelona, entre outros clubes, se afeiçoou pelo futebol do garoto e o ajudou a chegar ao interior de São Paulo, hospedando-se inclusive na casa do craque.
Voltando ainda mais no tempo, Cauã começou aos 5 anos de idade, no futsal da Tuna Luso Brasileira. Permaneceu dos 5 aos 8 anos e depois se transferiu para o futsal do Remo. Esteve por lá dos 9 aos 13 anos, período em que o clube foi Campeão Paraense em todos os anos em suas respectivas categorias ao passar dos anos. Em 2016, no sub-11, foi eleito o melhor jogador do Campeonato Paraense.
A virada de chave veio em 2018, quando ascendeu ao futebol de campo e logo foi para o América-MG. Por lá acabou Campeão Mineiro e Campeão da Copa Timóteo. No título mineiro sub-13 esteve em campo com Vitor Roque, atual Athletico-PR, hoje vendido ao Barcelona. Em 2020 se transferiu para o Fortaleza para jogar no sub-15, sendo Campeão Cearense. Em 2021 se transferiu para o Ceará, já no sub-17, até retornar ao futebol paraense.
Em 2022 recebeu o convite do Remo e veio para Belém, até o fim do ano passado. No Leão Azul fez 15 jogos e marcou uns 6 gols. Em seguida, já este ano, Giovanni o indicou ao São Bernardo, para disputar o Paulista sub-20. Com tanta estrada em pouco tempo, o garoto se mostrou apto para alçar voos maiores, e assim veio a oportunidade de jogar na Europa.
No Sporting Clube Lusitânia vai disputar a 1º divisão do Campeonato Nacional Português, na categoria sub-19. A estreia será neste sábado, contra o Sporting. Antes da primeira atuação oficial em solo europeu, o jogador conversou com o Núcleo de Esportes de O Liberal e contou um pouco sobre a carreira.
Desde cedo a sua carreira foi movida por conquistas, seja na Tuna Luso, no Remo ou em clubes de fora. Como foi a descoberta desse talento para o futebol?
Meu pai é professor de educação física e tinha uma escolinha. Desde os meus 3 anos ele me levava e eu ficava brincando. Com o passar do tempo, virei aluno dele e fui desenvolvendo meus fundamentos. Já aos 5 anos ele me levou pro futsal da Tuna para vivenciar as competições no estado e nacional, que foram muitas.
Depois da primeira passagem fora do estado, você volta para o Remo e depois sai para o interior Paulista. Como foi essa relação com o Remo, clube que você teve duas passagens? O clube trata bem a questão da base?
Meu primeiro momento no Remo foi através do futsal e lá conquistei tudo no estado que disputamos, e quando voltei, encontrei basicamente a metade do grupo que esteve comigo no futsal, só que no campo e por conhecê-los isso facilitou muito.
O que mudou entre uma passagem e outra?
De novidade tive a comissão técnica e os diretores que me receberam muito bem e dentro das limitações que a base sofre no estado, eles procuravam superar as dificuldades do dia a dia. Na base acho que falta um pouco mais de coragem do clube em apostar e botar os atletas da base que se destacam, futebol é momento e tem que aproveitar, e a torcida incentivar e abraçar esse atleta pq ele é ativo do clube.
Como foi a saída de lá?
Sai do Remo porque recebi um convite para jogar o Paulista sub-20 pelo São Bernardo. E umas das coisas que me motivou foi a quantidade de jogos oficiais anual que eles fazem, em média 50 jogos e aqui ano passado em jogos oficiais não tivemos nem 20.
E o contato com o Giovanni? Ele te indicou para o São Bernardo, você morou com ele.
Fui pro São Bernardo por indicação dele e, como o alojamento do clube estava cheio, o Giovanni e sua esposa Ana Rosa me convidaram para morar com eles. Passei quase 6 meses e foi um período mágico de conviver com ele no dia a dia, uma vez cheguei até lhe acompanhar em um dos eventos do Santos que sempre é convidado.
Foi um período positivo? O que deu pra aprender com um dos grandes craques do futebol paraense?
Não deixaram faltar nada e me trataram como filho. Sou eternamente grato e sempre estarão no meu coração e em minhas orações. Morando com o Giovanni as nossas conversas diárias não poderiam ser sobre outra coisa a não ser futebol. Ele contava suas histórias do começo da carreira que não foi fácil e até chegar ao Barcelona. Precisa de dedicação e comprometimento que uma hora a oportunidade aparece e tem que tá preparado. Fora todas as dicas que me dava. E tá tudo guardado. Até hoje falo com e me pergunta como está por aqui e deseja boa sorte e que está na torcida
Após o São Bernardo veio a primeira experiência fora do Brasil. Como você avalia esse momento?
Sempre tive como meta um dia jogar na Europa e nunca imaginei que poderia acontecer tão rápido. Deus é maravilhoso. Entendo como uma oportunidade única em poder está jogando na 1º divisão do campeonato português sub-19 contra vários times grandes, e farei minha estreia no sábado dia 23 contra o Sporting Lisboa fora de casa. Uma grande oportunidade em fazer um excelente campeonato e despertar interesse de outros clubes e ir construindo ainda mais a minha história na Europa, que começou através do Sporting Clube Lusitânia que me fizeram o convite e não pensei duas vezes.
Quais as vantagens de jogar na Europa? O futebol por lá tem características muito diferentes do nosso?
Jogar na Europa acredito que seja o sonho de quase 100% dos jogadores brasileiros que buscam viver do futebol. Fora a educação das pessoas e respeito. Na Ilha Terceira em Angra do Heroísmo onde moro por exemplo não tem sinal de trânsito. A pessoa pisa na faixa e eles param e não se vê violência como estamos acostumados em ver diariamente aí.
Como tem sido essa adaptação num lugar onde muitos brasileiros tentam a sorte?
Com relação as característica de jogo, de cara percebi um estilo de jogo muito posicional, rápido e de muitos toques de primeira. Se carregar a bola o mister chama atenção e escuto muito eles falarem sobre intensidade europeia, não desistir fácil da jogada e lutar até o final. Cheguei aqui há um mês e minha adaptação foi até rápida, pois encontrei dois brasileiros que jogaram comigo na época de Fortaleza e Ceará e hoje em dia estou bem entrosado com o restante do grupo. E como estamos 24h juntos nos treinos e alojamento onde moramos, isso facilitou ainda mais a convivência.
Qual é a mensagem que você deixa para quem deseja seguir esse caminho? É só talento ou o atleta precisa daquela força, de um conhecimento a mais?
A mensagem que deixo será a mesma que o Giovanni me falou quando contei pra ele. Não existe você receber um convite da Europa e não ir. Só de pisar na Europa é diferente e imagine morar e viver do futebol. É maravilhoso! Não desistam de seus sonhos e lutem por eles. A gente sonha, luta e Deus realiza. Acredite!
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA