Papão vive diretoria de futebol feminino 40 anos após queda da lei que proibia mulheres no esporte
Em 1979, foi revogado o decreto de Getúlio Vargas que vetou o futebol para mulheres
Nos último anos, o futebol feminino tem ultrapassando barreiras. Cobranças têm sido feitas e, para participar de torneios masculinos, os clubes precisam ter um time de futebol feminino. 2019 é o ano limite para isso. Justamente quando se completam 40 anos que as mulheres voltaram a ter o direito de jogar futebol no Brasil. Em 1941, o presidente Getúlio Vargas proibiu por meio de decreto a prática de esportes que seriam incompatíveis com a natureza feminina. O futebol era um desses. O decreto só foi revogado em 1979.
MEDIDAS LEGAIS
De lá pra cá, muita coisa mudou, mas as mulheres ainda enfrentam alguns problemas para garantir a oportunidade de jogar futebol. Para tentar ajudar nesse sentido, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Conmebol tomaram medidas para o Licenciamento de Clubes. A medida exige times femininos para todas as equipes que disputarem o Campeonato Brasileiro e também para os que disputam as Copas Libertadores e Sul-Americana. Elas são baseadas no artigo 23 do estatuto da Fifa, que prevê, entre outras questões, a igualdade de gênero.
Com alguns problemas, muitos clubes ainda tentam se adequar a exigência. Mas alguns dão passos importantes para garantir o direito da mulher de jogar futebol. É o caso do Paysandu, que mesmo não jogando a Série A do Brasileirão (o time está na Série C) e nem a competição da Conmebol, criou recentemente uma Diretoria de Futebol Feminino.
PAYSANDU
A diretora é Aline Costa, que também é técnico do time feminino do Paysandu. Tudo começou por meio do convite da vice-presidente do clube, Ieda Almeida, que acompanha o time feminino bicolor.
"O convite surgiu no dia da apresentação do futsal. Eu tive os primeiros contatos com a Ieda para falar sobre o futebol feminino. Ela me repassou a situação do clube e me fez o convite de ser diretora para ter a carta branca para correr atrás de recurso e tocar o time. Aceitei de primeira porque é meu clube do coração. Eu pretendo dar meu melhor, ser incansável e lutar pelo departamento", conta Aline Costa.
Para a técnica e diretora do Papão, a criação da diretoria vai alavancar o time feminino. "É fundamental essa diretoria, porque vai alavancar todos os princípios do futebol feminino. A repercussão é muito grande e o que estiver ao meu alcance e, com os conhecimentos que eu tenho, vou lutar para fazer o futebol feminino do Paysandu uma equipe forte para as competições", comenta.
FUTEBOL FEMININO NO PARÁ
Aline é uma das referências no estado quando se fala em futebol feminino. Ela tem no currículo títulos paraenses e um acesso no Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino pelo Pinheirense, que neste ano vai disputar o Campeonato Brasileiro Futebol Feminino da Segunda Divisão.
Mesmo com essas conquistas, Aline ainda está atrás da vaga para o Paysandu no Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino. Para isso, o Papão precisa ser campeão estadual. Neste mês começa o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino A1 e A2 (a primeira e segunda divisão do Brasileiro). A técnica e diretora do Paysandu diz que vai ficar de olho nos dois representantes do Pará na competição, Esmac e Pinheirense, até para avaliar as fortes adversárias do Campeonato Paraense.
"Eu já estive em outras agremiações, em competições nacionais. Mas um dos meus sonhos é participar dessas competições pelo meu time do coração, que é o Paysandu. Nós sabemos que isso não é fácil, não é só o Paysandu que deseja essa vaga. Neste ano a luta será mais difícil, porque o Pinheirense desceu e vamos ver como será o andamento das duas agremiações que defendem nosso estado. Vamos aguardar para ver como vão se comportar na competição. Pensando nisso, eu pedi para que o nosso trabalho começasse cedo já pensando no Campeonato Paraense, no qual o campeão representa o nosso estado na competição nacional. Sabemos que não será fácil, mas vamos lutar bastante para conseguir isso para o Paysandu", afirma Aline Costa.
COBRANÇA
O Paysandu não é o primeiro time que Aline comanda. Mas é o primeiro que ela será dirigente. Com esse novo desafio na carreira, Aline sabe que tudo será mais complicado. No entanto, a treinadora ressalta que vai ter uma valorização do futebol feminino.
"Muda tudo. Agora tudo é em dobro. Cobrança é em dobro, trabalho é em dobro. Mas quando a gente trabalha no que gosta, todo dia é feriado. Isso é bom demais. Pensando nisso, eu vou arregaçar as mangas e vou correr atrás para que tudo dê certo e dar condição para as meninas, porque elas precisam. De tudo que está acontecendo, eu vejo que as meninas serão as mais beneficiadas. Porque eu vou correr atrás para que tenham condição e sejam valorizadas", avalia.
OPORTUNIDADE
Um dos motivos para a criação da Diretoria de Futebol Feminino no Paysandu foi a oportunidade para ir atrás de patrocínio que possa ajudar no pagamento de salários e outras coisas para as jogadoras. "O clube com certeza vai nos apoiar. Mas de primeiro eu quero conseguir patrocínio para o Paysandu. Quanto menos a gente tirar do clube, melhor. Até pela situação que estamos passando hoje", explica.
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