No 1º de abril, relembre contratações de Remo e Paysandu que viraram 'mentiras' quando a bola rolou

Ex-presidente do Paysandu falou da pressão em contratar atletas 'medalhões'

Fabio Will

O dia de hoje, 1º de abril, é conhecido como o dia da mentira, a famosa “potoca”, conhecida pelos paraenses. E no futebol algumas contratações realizadas por Remo e Paysandu tidas como “reforços”, acabaram sendo uma tremenda de mentira.

Neste passado não tão distante, tivemos jogadores que passaram pela Seleção Brasileira atuando por aqui, outros com passagens em clubes da Europa, além de situações vexatórias como despejo de atleta do hotel

MARCELO NICÁCIO (PAYSANDU)

Fama de goleador e experiente. Currículo vasto e passagens por Fortaleza e Ceará. O atacante Marcelo Nicácio chegou ao Paysandu em 2013, para a disputa da Série B. O Papão tinha acabado de conquistar o acesso e trouxe o “homem-gol”, mas...

Nicácio deixou o Vitória-BA para defender o papão. Foram 25 partidas na Série B e oito gols e um vídeo que ficou marcado, com ele xingando a torcida bicolor no jogo contra o Palmeiras. No final o Paysandu acabou rebaixado para a Série C. Hoje com 37 anos, Nicácio atua pelo Fluminense de Feira-BA.

SOUZA CAVEIRÃO (PAYSANDU)

Souza Caveirão surgiu no futebol no Madurira, mas foi no Vasco que teve destaque. Antes disso conquistou o Mundial Sub-17 pela Seleção. Atuou no Flamengo, conquistou títulos, foi para o Corinthians e jogou na Bulgária, Portugal e Grécia. A passagem pelo Paysandu foi 2015, mas decepcionou.

Acima do peso, o jogador pouco contribuiu com a equipe na temporada. Contratado como destaque para a Série B, Souza acabou deixando o Paysandu com 20 partidas e apenas um gol marcado. Souza encerrou a carreira aos 36 anos, no Madureira-RJ.

WALTER (PAYSANDU)

Campeão da Copa Libertadores de 2010 com o Internacional-RS, passagem pelo Goiás, Cruzeiro, Athletico Paranaense, Fluminense, o Paysandu então contratou o atacante Walter. Irreverente e “gordinho”, o jogador chegou ao Paysandu como principal aquisição para a Série B.

Mas as coisas não foram como o Paysandu e Walter queriam. O clube bicolor perdeu quatro vezes para o Remo, Walter resolveu deixar o clube alegando problemas familiares e saiu criticando a equipe.

Meses depois, já atuando pelo CSA-AL, na Série B, Walter gravou um vídeo “cutucando” o Paysandu, por não ter recebido parte do que havia acordado com o clube alviceleste. O jogador de 30 anos está sem clube e cumpre suspensão após ter sido flagrado no exame antidoping.

CARLINHOS (PAYSANDU)

Experiente e com o currículo vasto, o Paysandu contratou em 2018 o lateral esquerdo Carlinhos, na época com 31 anos. O jogador que foi campeão Sul-Americano Sub-20 pela Seleção Brasileira, vestiu também a camisa “amarelinha” profissional convocado pelos técnicos Dunga e Mano Menezes.

No Papão, na disputa da Série B, o jogador pouco acrescentou à equipe. Defendendo a camisa bicolor foram apenas seis partidas, muitos questionamentos da torcida até chegar à rescisão. Hoje com 33 anos, o atleta está sem clube.  Confira algumas dessas contratações que viraram “mentira” quando a bola rolou.

LEANDRO LIMA (PAYSANDU)

Em 2019 o Paysandu trouxe o meia Leandro Lima, de 33 anos. Com um currículo cheio e com passagens por clubes importantes como Porto, Vitória de Setúbal e Leiria, de Portugal, além de Cruzeiro, Santa Cruz e Fortaleza. O jogador que também vestiu a camisa da Seleção Brasileira Sub-20, chegou com o status de camisa 10 no Papão.

No decorrer das partidas Leandro não conseguiu desempenhar o que o torcedor esperava e chegou a ser vaiado. As lesões também atrapalharam o meia, que realizou 20 partidas com a camisa do Paysandu. Atualmente o meio-campista está sem clube.

FINAZZI (REMO)

O clube azulino fechou com o atacante Finazzi, em 2010. Remo e Finazzi era um “namoro” antigo e que começou de uma forma errada. O jogador estava com uma fissura na costela e não podia jogar. Mesmo avisando os dirigentes, decidiram contratá-lo.

Em campo Finazzi não marcou com a camisa do Remo. Fora de campo o jogador recebeu, mas o clube não guardou comprovantes de pagamento e na justiça Finazzi ganhou a causa e voltou a receber.

ÁVALOS (REMO)

Zagueiro campeão brasileiro com o Santos, o zagueiro Ávalos chegou ao Remo com status de “xerife”. O jogador chegou a ser titular em algumas partidas na equipe azulina, mas não conseguiu se firmar.

Já próximo do fim da carreira, o zagueiro foi presa fácil para os ataques adversários. A saída do Remo na Série D para o Mixto-MT, colocou um fim na passagem do defensor por Belém. Ávalos se aposentou em 2014 e hoje está com 42 anos.

ALCEU (REMO)

Também em 2015 a diretoria do Remo bancou a contratação do volante Alceu. O jogador que tinha conquistado a Série B de 2003 pelo Palmeiras, inclusive enfrentando o Remo na derrota alviverde por 2 a 1, em Belém.

Vestindo a camisa do Leão Alceu já não era o mesmo que encantou os palmeirenses. Não vingou e depois da partida contra o Mixto-MT, pela Série D, deixou o clube.

RAMÓN (REMO)

A temporada 2013 no Remo foi um desastre. O clube não conseguiu a tão sonhada vaga na Série D e acabou ficando pelo caminho no Parazão. Naquele ano o leão contratou o meia Ramón, com passagens Atlético-MG, Corinthians-SP, Flamengo e clubes de fora do Brasil, como CSKA Moskva da Rússia e Consadole Sapporo, da Coreia do Sul.

O jogador foi bastante questionado pela torcida por estar acima do peso e não deixou saudades no torcedor azulino. Atualmente com 31 anos, está no União Cacoalense-RO.

LEANDRÃO (REMO)

Depois de seis anos sem conquistar o título do Parazão, o Remo resolveu trazer o atacante Leandrão, inclusive foi cogitado para ser o “camisa 33”, ação de marketing desenvolvida pelo clube. O atacante com passagens pelo Internacional-RS, Botafogo-RJ e que estava no Hapoel, de Israel, voltou ao Brasil para um recomeço.

Contratação de peso, ganhando bem, o atacante marcou apenas dois gols na sua passagem pelo Remo e foi bastante criticado pela torcida, que durante algumas partidas pedia a saída do atleta.

FLÁVIO CAÇA-RATO (REMO)

Em 2015 o Remo trouxe um jogador midiático. O atacante Flávio Caça-Rato, “xodó” da torcida do Santa Cruz-PE, que anos antes tinha conquistado a Série C pela equipe pernambucana.

Caça-Rato foi recebido com festa por vários torcedores no aeroporto de Belém, mas em campo as coisas não foram como a torcida queria. Más atuações, torcida pegando no pé e despejo do jogador do hotel por falta de pagamento. Assim encerrou a passagem de Caça-Rato pelo Leão, com sete jogos e um gol. Atualmente com 31 anos, o atleta está no Vitória da Conquista-BA.

O LADO DO DIRIGENTE

A reportagem de OLiberal conversou com Luiz Omar Pinheiro, que foi presidente do Paysandu e hoje comanda a equipe do Carajás. Segundo LOP, as contratações desses atletas não cabem mais no atual momento do futebol paraense e revela a cobrança por atletas de nome por parte da torcida.

“Contratar os ditos ‘medalhões’ é algo cultural, não só no futebol paraense, mas no do Nordeste também. Vários atletas estiveram por aqui vestindo camisas do Remo e do Paysandu na década de 80, 90 e 2000. Erramos em contratar, mas só quem está na pele de um dirigente, sabe da pressão que a torcida exerce em ter alguém de nome. A contratação de jogadores assim requer acima de tudo coragem e dinheiro, que muitas das vezes não se tem. Ele dar certo ou não são outros fatores, que vai desde a grana para quitar salário, a adaptação à cidade, clima de Belém entre outros”, disse.

NA CONTRAMÃO

O jornalista Carlos Ferreira, do Grupo Liberal, tratou o assunto como um despreparo dos clubes, desde a procura por um atleta. Ferreira citou o caso do atacante Finazzi e salientou que os critérios para a contratação deveriam ser outros.

“A vinda de ‘medalhões’ parte do clube, que quer o jogador aqui. Existem outros fatores que podem contribuir para que atletas não deem certo, mas existe o compromisso do jogador. Temos exemplos de jogadores que vieram jogar em Remo e Paysandu já em fim de carreira, mas deram certo, como Biro-Biro e Aílton (Predestinado) no Remo, Edson Boaro e Jorginho no Paysandu. Foram atletas que tinham comprometimento com eles, suas imagens e o clube. Nenhum deles passeou em Belém. Faltam critérios nas contratações por parte dos dirigentes”, disse.

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