Clubes gaúchos retomam rotinas de treinos após paralisação por inundações no Rio Grande do Sul
O Grêmio ficou, ao todo, 15 dias parado e voltou a treinar em 17 de maio, no CT do Corinthians, em São Paulo
A semana é marcante para o futebol brasileiro. Ela marca o retorno dos primeiros times gaúchos às competições após as chuvas que abalaram o Rio Grande do Sul. Um recomeço carregado pelo sentimento de esperança, mas também por incertezas. Como estarão as equipes técnica, física e mentalmente após praticamente um mês sem atuar é uma incógnita. Nesta quarta-feira, o Grêmio começará a saber diante do The Strongest-BOL, no Couto Pereira, pela Libertadores. Mas a resposta será conhecida aos poucos.
O Grêmio ficou, ao todo, 15 dias parado. Voltou a treinar em 17 de maio, já no CT do Corinthians, em São Paulo. Sua última partida foi em 30 de abril.
Já o Inter passou 12 dias sem treinos e 30 sem jogar. Retornou em 14 de maio. Primeiro, nas instalações de uma universidade em Porto Alegre. Depois, mudou para um resort na cidade de Itu-SP.
O Juventude foi o único que continuou em suas instalações, menos afetadas pela chuva. Mas está há 31 dias sem jogar. Só voltará a campo no sábado, contra o Fluminense, no Rio.
O que não faltou no período foram alertas dos clubes gaúchos sobre o prejuízo sofrido por eles, já que os concorrentes seguiram com suas atividades. Mas o máximo que conseguiram foi suspender duas rodadas do Brasileiro.
- Treino é treino, jogo é jogo. O ritmo de jogo é muito diferente do de treino - afirmou o atacante Lucas Barbosa, do Juventude, que fez jogos-treino para minimizar o período sem competitividade. - Treinar com alvo é bem diferente de treinar sem um alvo.
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Os prejuízos técnico e tático estão entre as preocupações. Ao contrário da parte física, dependem da rotina de jogos. Envolvem repetição, tentativa e erro e um contexto de competitividade.
- A parte puramente física talvez seja o mais simples. Eles perdem, mas não demais. De alguma forma, a equipe de preparação física e fisiologia manteve contato diário com os atletas no período sem treinos e passou treinamentos para eles fazerem em casa ou no prédio - explicou ao GLOBO Marcelo Martorelli, ex-preparador físico do Flamengo que atuou no clube por 28 anos:
- Dá para melhorar a parte física treinando integralmente todos os dias. Mas e a técnica e tática? Porque o treinador precisa de tempo. E nada se iguala aos jogos.
Outra preocupação é quanto ao aspecto psicológico. Foram comuns relatos de atletas sobre a dificuldade de ter o foco no trabalho em meio à tragédia. Para o psicólogo e doutor Rodrigo Pieri, membro da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte, os clubes precisam estar atentos à resposta emocional dos envolvidos não só nestes primeiros jogos, mas no dia a dia.
- Um trabalho interessante a ser feito é ficar atento a essa pluralidade de reações. Como cada um lidou, foi atravessado e está respondendo a essa situação que, apesar de ser no Rio Grande do Sul, atravessa todo o país. Temos atletas que jogam fora do Estado com famílias lá. E temos atletas que estão lá, mas que as famílias estão distantes. E ficar atento de forma contínua, não momentânea. Até porque as reações podem ser em momentos diferentes. Não necessariamente imediatamente depois.
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