Ana Clara e a Copa Feminina em Belém: 'Sonho que mais meninas se interessem por futebol'

Belém ainda não foi confirmada oficialmente como sede, mas a menina de 13 anos que joga no meio dos meninos sonha que o evento sirva de incentivo para mais meninas

Igor Wilson
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Ana Clara ajeita a fita no cabelo antes de entrar na quadra no melhor estilo boleira. A bola rola entre os pés dos colegas e, quando sobra para ela, o jogo muda de ritmo. Rápida, ágil, ela avança, finta, chuta e marca. Os meninos vibram. Ela sorri fácil. No bairro da Pedreira, em Belém, já se acostumou a ser chamada de "Martinha", em referência à maior jogadora da história do futebol feminino. Aos 13 anos, estudante do oitavo ano, Ana Clara tem a mesma fome de bola da ‘Rainha Marta’. Mas, diferente dos meninos, precisou se acostumar a lutar pelo direito de jogar até mesmo em sua escola.

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“Joguei os jogos internos na escola como única menina no meio dos meninos e fomos campeões. Tive que lutar pra me botarem pra jogar. A diretora não queria deixar, mas eu insisti, pedi ao professor, e ele conversou com ela. No final, entrei, fui titular e marquei o gol da final”, conta Ana, que se apaixonou pelo futebol ainda criança, influenciada pelos pais. “Meu pai sempre me levava pra assistir ele jogando bola e eu criei essa paixão pelo futebol. Tentei fazer balé, natação, não gostei de nada”, conta.

A história de Ana Clara é como a de muitas meninas que amam o esporte, mas encontram barreiras para jogar. Para ela, a possibilidade de Belém sediar jogos da Copa do Mundo Feminina de 2027 pode significar uma mudança de perspectiva. “A Copa Feminina na minha cidade traz uma importância gigante pra nós meninas, promovendo igualdade de gênero e mostrando que somos capazes de alcançar nossos sonhos. Mostra que podemos chegar na seleção brasileira um dia”, diz a menina, que gosta de jogar futsal e sonha mesmo em vestir a amarelinha.

image Depois que mostrou seu talento, os meninos passaram a chamar Ana Clara para jogar com eles (Cláudio Pinheiro/O Liberal)

A escolha do Brasil como sede da competição marca a primeira vez que um país da América do Sul recebe o evento. E, nos bastidores, Belém já é apontada como uma das cidades que terão jogos. Oficialmente, a definição ainda não saiu, mas a expectativa cresce na capital paraense. O Mangueirão passou por reformas recentes e atende aos padrões exigidos pela FIFA.

Para a pesquisadora Milene Sousa, que estuda o futebol feminino no Pará, a realização da Copa em Belém seria um impulso fundamental para a modalidade. “O fato desse evento ser realizado aqui vai servir para impulsionar a visibilidade, fazendo muitas pessoas que sequer acompanham o futebol feminino terem a possibilidade de ver e se apaixonar. A partir desse interesse, as coisas podem começar a mudar”, explica.

image Milene Sousa acredita que se houver divulgação correta, a Copa pode servir como estímulo para que mais pessoas se interessem pela modalidade feminina (Cláudio Pinheiro/O Liberal)

Divulgação = Mais Interesse

Mas a pesquisadora alerta que o sucesso da Copa em Belém não depende apenas da cidade ser escolhida como sede. É necessário que o poder público e os meios de comunicação incentivem a modalidade. “O futebol feminino tem um problema de falta de divulgação. Eles têm que divulgar assim como estão divulgando a COP-30. Vamos precisar muito disso pra conseguir um público que a gente deseja”, diz.

O desafio é grande. O futebol feminino ainda enfrenta dificuldades de patrocínio e estrutura e, no Pará, isso se torna ainda mais latente. “Falta apoio porque não rende como o masculino, não dá tanto Ibope. Mas isso acontece porque não tem visibilidade. Se a Copa for aqui, pode ser uma oportunidade de quebrar esse ciclo”, analisa Milene.

Para Ana Clara, ver mais meninas apaixonadas por futebol é um sonho, mas ela acredita que a Copa pode transformar a realidade. “Acredito que sim, já pensou, um monte de meninas gostando de futebol, ia ser maravilhoso”, diz ‘Martinha’, momentos antes de entrar na arena para fazer o que mais gosta.

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