Caso Daniel Alves: advogada da vítima dá entrevista e explica opção de não querer indenização
Ester Garcia López é responsável por defender a mulher que acusa Daniel Alves de tê-la agredido e estuprado em uma boate de Barcelona
A advogada Ester Garcia López é responsável por defender a mulher espanhola que acusa o jogador Daniel Alves de tê-la estuprado na madrugada do dia 31 de dezembro, na boate Sutton, em Barcelona. Ester concedeu entrevista exclusiva ao Portal Uol, deu mais detalhes sobre o caso e reforçou o desejo de sua cliente em não ser indenizada pelo lateral-direito ex-Barcelona e PSG.
"Ela me olhou e disse: 'Ester, eu tenho a sorte de ter boas condições de vida e não quero indenização, quero prisão'. Eu disse que ela tinha direito, apesar de não querer, mas ela permaneceu contundente. 'Se tiver dinheiro de indenização envolvido, eu não vou contratar você'", revelou a advogada.
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O caso, que ocorreu na véspera da virada do ano, só foi formalizado como denúncia no dia 2 de janeiro e logo ganhou repercussão, mas se tornou foco de cobertura mundial principalmente no último dia 20, quando Daniel Alves teve decretada a prisão preventiva pela juíza Maria Concepción Canton Martín, sem direito a fiança. Na visão da advogada da vítima, isso se deu muito em razão da velocidade da apuração.
"A rapidez com que iniciaram o protocolo foi essencial. Tudo aconteceu naquela mesma madrugada: um segurança, ao ver o estado em minha cliente estava, perguntou o que tinha acontecido, a levou para uma sala separada e foi nesse espaço que ela explicou o que aconteceu. Por ela apresentar algumas lesões, chamaram a ambulância e a polícia, ela foi conduzida ao Hospital Clínic, que o hospital referência no atendimento de agressões sexuais em Barcelona, e a polícia já começou a fazer investigações, a interrogar profissionais da discoteca, a recolher provas dentro do local. Essa ação imediata foi o que levou a investigação a ter indícios contundentes de uma maneira muito rápida. É isso que deve acontecer: quando uma mulher é agredida, a ação deve ser imediata", reforçou Ester ao Uol, em entrevista que durou cerca de uma hora.
Em resumo, a mulher de 23 anos acusa Daniel Alves de ter sido jogada no chão, esbofeteada e forçada a fazer sexo oral no jogador. Desde então ela está reclusa em casa, fazendo tratamentos contra doenças sexualmente transmissíveis e tido dificuldades para dormir.
"Ela está recebendo apoio psicológico através de uma entidade pública, especializada em tratar vítimas de violência. O Hospital Clínic prescreveu todo um tratamento dirigido a evitar qualquer tipo de doença infectocontagiosa, porque não foi utilizado nenhum preservativo. Ela também tem um tratamento farmacológico com ansiolíticos para poder dormir, mas me disse que não consegue dormir desde o depoimento. [...] O medo dela é ser identificada em algum momento. Isso ela quer evitar a todo custo", contou a advogada.
Ester Garcia López ainda afirmou que o caso se difere te outros que conhece e trabalhou em razão da quantidade de indícios.
"É um caso com mais indícios que o comum, de fato, e não acho que seja porque o denunciado seja um personagem público. Há mais indícios porque as coisas foram feitas de forma imediata. Minha cliente saiu da discoteca em uma ambulância e isso já mostra como a atuação foi imediata. Há muitas vezes que as mulheres demoram 15 dias, um, dois meses para denunciar. Com isso, muitas provas desaparecem: já não há roupas íntimas, já não se pode fazer o protocolo de qualquer hospital de coleta de DNA. No mesmo dia dos fatos, essa mulher foi atendida", avaliou, ao Uol.
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