Da acusação de estupro à prisão na Espanha: entenda o caso Daniel Alves em dez pontos

Jogador de 39 anos está detido preventivamente na Espanha desde o último dia 20, acusado de ter agredido sexualmente e estuprado uma mulher de 23 anos no banheiro de uma boate de Barcelona

Pedro Cruz
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Daniel Alves está preso em Barcelona, na Espanha, desde o último dia 20. O lateral-direito brasileiro é acusado de estupro e agressão sexual a uma mulher espanhola de 23 anos, que não teve a identidade divulgada. A denúncia ocorreu no dia 2 de janeiro, três dias após o suposto crime na casa noturna Sutton, que fica na capital catalã.

Pela nova lei sobre abuso sexual na Espanha, Daniel Alves pode pegar até 12 anos de prisão caso seja confirmado que houve penetração forçada.

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Confira o caso ponto a ponto:

1. Quando ocorreu

  • O relato da vítima aponta que o crime ocorreu no banheiro da boate Sutton, em Barcelona, na madrugada do dia 30 para o dia 31 de dezembro, por volta das 4h da manhã. As imagens do circuito interno de câmeras mostram que ela ficou 14 minutos dentro do banheiro e, Daniel, 16.

2. Onde ocorreu

  • De acordo com informações vazadas à imprensa da Espanha, a vítima alega que, após conversarem e dançarem na pista da boate, Daniel Alves, a seguiu ao banheiro da área VIP do local, que é unisex.

3. Como aconteceu

  • A moça de 23 anos afirmou à polícia catalã que, já no banheiro, foi forçada pelo jogador brasileiro a sentar em seu colo. Ao resistir, contou que foi jogada no chão, esbofeteada e forçada a fazer sexo oral em Daniel Alves. Logo após o ato ela informou o que ocorreu à amigas e aos seguranças, mas o lateral-direito já teria deixado o recinto com um amigo.

4. Mudanças no depoimento

  • Assim que o caso veio a público, Daniel Alves negou todas as acusações em postagem nas redes sociais e para a imprensa da Espanha. O jogador primeiro afirmou que não conhecia a moça. "Quando você vai ao banheiro não tem que perguntar quem está lá para usar o banheiro. Não sei quem é essa senhorita, nunca a vi", disse o jogador a uma equipe de TV espanhola.
  • Quando intimado a prestar depoimento e apresentado a provas materiais contundentes, Daniel mudou a versão e informou que a relação sexual foi consensual. A juíza do caso entendeu as falas do jogador como contraditórias, enquanto o da vítima foi considerado sólido.

5. Provas

  • Segundo o jornal espanhol El Periodico, a jovem foi examinada por um médico legista e foram detectadas lesões compatíveis com as agressões alegadas, vestígios de líquido seminal (esperma) e impressões digitais de Daniel Alves. Ainda de acordo com o portal, surgiram novas imagens da mulher que acusa o lateral brasileiro. Um policial que trabalhava na boate Sutton com uma câmera no peito gravou acidentalmente as primeiras palavras da jovem, que estava nervosa e chorando.
  • Além disso, no depoimento dado pela vítima, ela citou uma tatuagem íntima do jogador, o que contradiz a versão de Daniel Alves. Ela afirma que, durante o ato, viu uma tatuagem de meia-lua no abdômen do jogador, próxima à cintura, enquanto era forçada a fazer sexo oral. Ao ser questionado, o lateral primeiro disse que foi a jovem quem o atacou enquanto ele estava sentado no vaso. 
  • Mas a juíza salientou que, neste caso, ela não teria como ter visto o desenho, já que a camisa do jogador estaria por cima. Foi então que Alves apresentou nova versão, dizendo que ele se levantou quando a jovem entrou no banheiro e que o ato foi consentido.

6. Prisão preventiva

  • Imediatamente após o depoimento, a juíza decretou a prisão preventiva de Daniel Alves sob algumas argumentações: primeiro, as provas robustas, depois o fato de Daniel Alves ter muito dinheiro e poder deixar o país com facilidade, já que também não reside mais na Espanha. Além disso não há acordo de extradição entre Brasil e Espanha. 
  • Assim que o lateral foi preso, o Pumas, time do México, anunciou a rescisão unilateral de contrato alegando justa causa.

7. Troca de prisão

  • Do período que cumpre prisão preventiva, o jogador de 39 anos está na segunda casa de detenção. Primeiro, ficou alocado em Brians 1, a 25 km de Barcelona. Na última segunda, foi transferido para Brians 2, que é mais moderna e com menor densidade de detentos, o que facilita a segurança e afeta menos a rotina da unidade. 

8. Indenização recusada

  • A juíza do caso alega que a vítima não pretende receber indenização financeira de Daniel Alves, caso ocorra a condenação. De acordo com jornal 'El País', a mulher abre mão dos direitos a indenizações pelas lesões e danos morais recebidos porque espera que o jogador pague com a prisão pelo ocorrido.

9. Nova estratégia de defesa e advogado

  • Insatisfeito com a condução da questão pela advogada Miraida Wilson, o brasileiro contratou o advogado especializado em direito penal Cristóbal Martell, um dos mais conhecidos da Espanha. Martell é famoso por conseguir acordos judiciais e trabalhar em casos midiáticos. Um deles foi quando Lionel Messi foi acusado e condenado por fraude fiscal quando ainda era jogador do Barcelona.
  • Messi foi condenado a 21 meses de prisão, mas Martell viu um brecha na lei que permitia liberdade a condenados a menos de dois anos de prisão que não tivessem antecedentes criminais.

10. Nova lei, mais rígida

  • O principal desafios da defesa de Daniel Alves é a nova lei contra a violência sexual aprovada na Espanha em 2022, que é conhecida como "Solo sí es sí" ("apenas sim quer dizer sim"), é focada no consentimento explícito da vítima, o que, neste caso, não foi feita, segundo a acusação.
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