Conheça quais os impactos das tecnologias da quarta Revolução Industrial no mercado de trabalho
Para os especialistas, apesar das novas tecnologias, como a inteligência artificial, está mudando as formas de trabalho, isso não significa uma ameaça para os trabalhadores, mas um complemento do trabalho manual
A Inteligência Artificial (IA), já é uma realidade no cotidiano das pessoas e vem impactando diversas áreas, entre elas, as relações no mercado trabalho. À medida que essa tecnologia avança, surgem receios sobre a substituição de posto de trabalho para a nova ferramenta.
Em alguns casos, a IA é desenvolvida para complementar o trabalho humano, permitindo que os trabalhadores se dediquem em tarefas mais criativas, Enquanto isso a IA assume atividades rotineiras e repetitivas como um assistente virtual que pode auxiliar um profissional a organizar sua agenda e a se lembrar de tarefas importantes.
Já em outras situações, a IA é desenvolvida para substituir o trabalho humano, automatizando tarefas que antes eram realizadas por pessoas como, por exemplo, um software de reconhecimento de voz que pode assumir o papel de um transcritor humano em certas tarefas de transcrição.
De acordo com o relatório “Futuro do Trabalho 2023”, produzido pelo Fórum Econômico Mundial em colaboração com a Fundação Dom Cabral, estima-se que aproximadamente 23% das ocupações sofrerão alterações até 2027. O estudo revela que as inovações tecnológicas ( como a IA e o Big Data) e a chegada da 4ª revolução industrial terão o potencial tanto de criar quanto de eliminar milhões de empregos.
Com base na análise de dados de 673 milhões de empregos, prevê-se a criação de cerca de 69 milhões de novos postos de trabalho e a eliminação de 83 milhões de postos. Esses números representam uma redução líquida de 14 milhões de empregos, equivalente a 2% do atual mercado de trabalho.
O relatório do Fórum Econômico Mundial aponta ainda que, os cargos que tendem a ter um crescimento maior são os de especialistas em IA e aprendizado de máquina, especialistas em sustentabilidade, analistas de inteligência de negócios e especialistas em segurança da informação, mas o maior crescimento em números absolutos é esperado em educação, agricultura e comércio digital.
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Para gestora de Recursos Humanos, Rosana Menezes, de 54 anos, apesar das novas tecnologias, como a inteligência artificial, está mudando as formas de trabalho, isso não significa uma ameaça para os trabalhadores, mas um complemento do trabalho manual. “Hoje o mercado de trabalho é muito carente de profissionais voltados para a área tecnológica e a inteligência artificial, é mais uma ferramenta para os trabalhadores. Ao invés de substituí-los, a inteligência artificial vai está completando o trabalho dos colaboradores”, explica.
O presidente executivo da Associação Brasileira de Recursos Humanos - Seccional Pará (ABRH-PA), Júnior Lopes, diz que se tem muita preocupação sobre se daqui a alguns anos os postos de trabalho deixarão de ser ocupados por humanos e passaram a ser ocupados por maquinas. Ele explica que essa afirmação, até certo ponto, pode ser uma verdade, mas olhar por um prisma muito exagerado, pode-se trazer uma falsa percepção. “Os empregos não vão simplesmente desaparecer, ele vão se modificar. Vão surgir novas demandas. Aquelas atividades mais operacionais serão substituídas pela Inteligência Artificial e pela tecnologia”.
Para o presidente, os empregos do futuro deverão sim, ser mais colaborativos, e as máquinas vão fazer o trabalho repetitivo, denso e mais volumoso. “Imagina uma empresa, uma mineradora, por exemplo, que tem uma atuação global. Ela abre uma vaga no mundo todo e recebe, por dia, uma média de 2 mil currículos. Como uma pessoa ou um time de quatro a cinco recrutadores, conseguirão analisar esses dois mil currículos em um só dia? Esse processo iria demorar muito. Então, hoje, as grandes empresas estão utilizando, inclusive, inteligência artificial, para melhorar o desempenho e acelerar a rapidez dos recrutamentos e seleções” explica.
Segundo a análise do especialista, nesse novo cenário, algumas profissões podem deixar de existir e outras demandas podem surgir. “Na área de produção, por exemplo, tem ocorrido um aumento na fabricação de produtos com menos trabalhadores, graças à presença da tecnologia. Por outro lado, em setores como atendimento ao cliente, vemos a substituição de trabalhadores por assistentes virtuais e chatbots. Os call centers estão sendo automatizados, e os assistentes virtuais e chatbots são utilizados para lidar com as demandas iniciais dos clientes. No entanto, é importante destacar que a inteligência artificial também precisa ser alimentada. Ela tem gerado empregos em setores como análise de dados e desenvolvimento, onde profissionais são necessários para criar soluções, aprimorar sistemas e garantir que a máquina possa continuar aprendendo”, pontua.
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O economista, Erick Douglas Costa, de 39 anos, destaca que um dos principais desafios do novo cenário será a interação entre os seres humanos e a inteligência artificial. Ele acredita que aqueles que souberem aproveitar as capacidades da tecnologia, explorando aspectos nos quais as máquinas ainda não são capazes de se desenvolver, estarão em vantagem. “As máquinas podem desempenhar tarefas rotineiras, coletar e analisar dados, mas a tomada de decisão, o posicionamento e toda a parte interpretativa será do ser humano. Portanto, aqueles que souberem utilizar essa tecnologia de forma eficiente certamente terão uma vantagem no mercado. Além disso, essa abordagem também pode levar a uma maior produtividade e menos perda de tempo. Ao liberar os humanos de tarefas monótonas, eles terão mais tempo para se dedicar à leitura, estudos e desenvolvimento pessoal. Se a máquina assume as atividades rotineiras, isso implica em uma necessidade de maior qualificação por parte dos indivíduos, a fim de obter uma vantagem competitiva sobre as máquinas.
Impacto das novidades tecnológicas no futuro dos empregos
A inteligência artificial (IA) tem o potencial de automatizar certas tarefas e trabalhos, o que pode levar à perda de empregos em determinados setores. No entanto, também é provável que se crie novos postos de trabalho e oportunidades em áreas como desenvolvimento e manutenção de IA, análise de dados e gerenciamento. Também é importante ressaltar que o impacto específico da IA no mercado de trabalho dependerá de como a IA é implementada.
Trabalhos que podem ser perdidos para a IA:
- Entrada e processamento de dados: as ferramentas com tecnologia de IA podem automatizar as tarefas de entrada e processamento de dados, tornando-as mais rápidas e precisas.
- Trabalhos de manufatura e linha de montagem: a robótica e a automação podem substituir os trabalhadores humanos nas linhas de montagem e nas fábricas.
- Transporte e logística: veículos autônomos e drones podem substituir motoristas e pilotos humanos.
- Varejo e atendimento ao cliente: os chatbots com IA podem lidar com consultas de atendimento ao cliente e fazer recomendações, substituindo os representantes humanos de atendimento ao cliente.
Trabalhos que podem ser criados pela IA:
- Desenvolvimento e manutenção de IA: à medida que o uso de IA aumenta, haverá uma demanda crescente por pessoas com habilidades em desenvolvimento e manutenção de IA.
- Análise e interpretação de dados: a IA gera grandes quantidades de dados, portanto, haverá uma necessidade crescente de pessoas com habilidades em análise e interpretação de dados.
- Coordenação humano - IA: À medida que a inteligência artificial se torna mais prevalente, haverá uma necessidade crescente de pessoas com habilidades para coordenar e colaborar com sistemas de IA.
- Ética da IA: À medida que a IA se torna mais comum, haverá uma necessidade crescente de pessoas com habilidades em ética da IA, como entender e gerenciar as implicações éticas dos sistemas de IA.
- Novos modelos de negócios: à medida que a IA se torna mais prevalente, novos modelos de negócios surgirão, criando novas oportunidades de trabalho.
(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).
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