Comida asiática é uma das preferidas em Belém e faz negócios crescerem
Empreendedores investem em alimentos famosos pelo sabor marcante, sem perder a originalidade
Os alimentos tradicionais da culinária oriental ficaram populares em Belém nos últimos anos, abrindo oportunidades de negócios que alcançam pratos além de sushi e yakisoba, ambos queridos pelos moradores da capital paraense, e agora há disponível uma variedade de produtos que fazem referência a culturas de países situados no continente asiático. Com isso, empresas formais e informais conquistam, a cada dia, clientes fixos e fazem sucesso no centro de Belém, oferecendo comidas famosas pela cor, aroma, sabor marcante e aparência.
Chef de cozinha, Thyago Guarany, de 34 anos, percebia que boa parte dos restaurantes locais que produzem comidas asiáticas se preocupa em adaptar os pratos para agradar o paladar de quem mora no Pará, e viu a necessidade de servir refeições originais da cozinha internacional. É o que ele faz no Mirakuru Street Food, um restaurante que fundou há três anos e meio em Belém. Embora o negócio tenha começado com foco na culinária asiática, se expandiu para países ocidentais, como Grécia, Peru, Estados Unidos e México. Agora a ideia é desmembrar e voltar somente para a cozinha da Ásia.
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“Eu digo que o Mirakuru é uma startup de comida. E, como as startups, nós lançamos um produto simples, chamado de MVP, ou mínimo produto viável. Se o público aceitar a versão simples dele, nós recolhemos feedbacks e melhoramos esse produto, e, por fim, ele passa a compor a miríade de pratos que temos”, destaca. No total, são cerca de 50 tipos de refeições servidas, sendo que, a cada dia, o cardápio muda e só é servido o prato escolhido para a data.
Culinária chama a atenção
Os mais vendidos, segundo Thyago, são ramen, yakisoba, Taiwan mazesoba, ma Jiang Mian, tacos, frango no estilo americano, bibimbap e murgh makhani. O primeiro, que é o destaque da casa, é um macarrão com caldo, que, geralmente, tem um tempo de preparo de 8 a 48 horas, dependendo do estilo. O prato possui diversos toppings, entre proteínas - geralmente porco -, vegetais in natura ou em conserva, ovos de gema mole marinados e algas. O macarrão é feito no Mirakuru, o que deixa com sabor mais original.
Mesmo fazendo sucesso na capital paraense, o chef de cozinha e empresário diz que o público ainda apresenta muita resistência a essa culinária, que foi introduzida há pouco tempo na cidade. No caso do Mirakuru, um agravante é a falta de adaptação para o gosto local – quando o prato é apimentado, é servido apimentado; quando tem algo fermentado, o prato é fermentado. “É um trabalho lento, mas que já vemos resultados”, opina.
Informalidade é marca da empresa
Um diferencial da empresa é a informalidade. Thyago tenta manter sempre uma proximidade com o cliente, e não pretende abandonar essa característica. Além de só servir um prato a cada dia, a quantidade de refeições é limitada e todas as vendas são feitas sob encomenda. O cliente entra em contato com o restaurante durante o dia, faz o pedido e escolhe um horário para ir ao local comer ou apenas buscar o alimento (takeout). Também há a opção de delivery, com uma taxa adicional. Em frente ao estabelecimento, que é aberto ao público, mas com um espaço pequeno, um food truck fica à mostra, ressaltando a informalidade e simplicidade do Mirakuru.
“É cultural do brasileiro comer na rua. Grande parte do nosso público gosta da pegada. Os que não gostam pedem delivery e takeout. Não recomendamos essas duas últimas, pois a comida perde a qualidade. Colocamos essas opções por conta da pandemia, mas em breve retiraremos e voltaremos a trabalhar somente com o atendimento presencial”, adianta o chef da cozinha.
Uma vantagem de trabalhar com oferta limitada, na opinião do empreendedor, é que isso permite que a oferta seja igual à demanda, além de evitar desperdícios. Também é possível oferecer preços mais atrativos, garantindo o acesso de mais clientes. A média é R$ 36, sem contar a taxa de entrega. “Conseguimos, desta forma, ter foco total na comida. Não temos oscilações de qualidade que ocorrem em restaurantes comuns, porque de repente chegam várias pessoas ao mesmo tempo e você prepara vários pratos de uma vez. A atenção que você dá a dez pratos não é a mesma que você dá a um”.
Em alguns dias, inclusive, o restaurante deixa de atender várias pessoas por conta da capacidade. Nos próximos dois anos, Thyago quer expandir a empresa em nível regional e, nos próximos cinco, nacional, tendo a mesma pegada da informalidade e da proximidade com o cliente.
Restaurante mistura culinária asiática com cultura pop
Outro estabelecimento que valoriza a culinária oriental é o Kaijin, um pouco mais formal, que fica na Vila Container, no centro de Belém. O proprietário da empresa, publicitário Heitor Costa, de 31 anos, diz que, inicialmente, o espaço foi inspirado na cultura pop, nos mangás, séries e animes que sempre são muito carregados da relação com a culinária. Além disso, dentro da família, existe um relacionamento próximo com a comunidade japonesa no Pará.
Hoje, com quatro anos de empresa, Heitor vê uma grande aceitação do público pelos pratos oferecidos no restaurante. “Os elementos da cultura pop influenciam bastante na curiosidade pela culinária, sem contar o fato de o Pará ser a segunda maior colônia japonesa. Acho que isso ajuda a criar uma familiaridade com a culinária asiática”, opina.
O foco da empresa sempre foi a comida de boteco dos tradicionais “izakayas”, que são um tipo de bar japonês que também serve alimentos para acompanhar as bebidas. As referência são as entradas, como gyoza, pork sando e tonkatsu, e uma variedade de massas, incluindo udon, bifum e lamen. O tonkotsu lamen é o carro-chefe: trata-se de um lamen de caldo suíno e missô, acompanhado de carne suína defumada, naruto e ovo curado, prato muito popular e constantemente retratado em animes.
Antes de fundar o Kaijin, o publicitário elaborou um plano de negócios, fez visita a fornecedores nacionais de insumos e visita técnica a empreendimentos similares em centros considerados referência na gastronomia oriental. Hoje faz sucesso com o empreendimento, situado em um grande complexo gastronômico e cultural que, na opinião de Heitor, contribui para despertar a curiosidade do público e para apresentar a empresa. “Cria-se uma rede maior do que isolado. A culinária asiática é muito rica. E falando da nossa especialidade, que é o lamen, é algo relativamente novo aqui e ainda tem muito público para conquistar”.
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