O que levou Pablo Marçal a crescer 4,9 pontos na pesquisa para Prefeitura de SP?

Eleições 2024: Com o crescimento, o ex-coach assumiu o terceiro lugar na corrida eleitoral da cidade mais populosa do Brasil, segundo pesquisa AtlasIntel

Karina Ferreira / Estadão Conteúdo
fonte

A nova pesquisa divulgada pela AtlasIntel nesta quarta-feira (21.08), desembolou o terceiro lugar da corrida pela Prefeitura de São Paulo entre Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB). O empresário e ex-coach tem 16,3% das intenções de voto - 4,9 pontos porcentuais a mais do que na última pesquisa do instituto, divulgada dia 8, e 4,3 pontos à frente da deputada federal, atual quarta colocada.

Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que o comportamento de Pablo Marçal nos debates e nas redes sociais podem ajudar a explicar o resultado, mas pontuam que ainda é cedo para cristalizar uma tendência de crescimento de votos no candidato.

VEJA MAIS

image Justiça manda PF abrir inquérito contra Pablo Marçal por calúnia a Guilherme Boulos
Marçal deve apagar outros três vídeos que foram publicados em suas redes socais e trazem acusações falsas contra Boulos

image Nunes critica Pablo Marçal e minimiza comentários de Bolsonaro em campanha
Durante a caminhada de campanha em Capão Redondo, Nunes ainda lamentou a morte de Silvio Santos

image VÍDEO: Embate entre Boulos e Marçal tem bate-boca e tapa em carteira de trabalho; assista
Os dois candidatos à prefeitura de São Paulo protagonizaram um embate quente durante debate realizado na manhã desta quarta-feira

Considerando a série temporal, Pablo Marçal foi o único a crescer desde o último levantamento divulgado em agosto. Na ocasião, o ex-coach registrou 11,4% das intenções de voto. No mesmo período, Guilherme Boulos (PSOL), que tinha 32,7%, caiu 4,2 pontos porcentuais, e Ricardo Nunes (MDB), com 24,9%, recuou 3,1 pontos. Na pesquisa divulgada agora, Boulos segue em primeiro lugar, com 28,5% de menções, e Nunes em segundo, com 21,8%. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais.

O levantamento ouviu 1.803 paulistanos de 16 anos ou mais entre os 15 e 20 de agosto e o índice de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a identificação SP-02504/2024.

"Jogando em casa", é assim que Pedro Paulo de Assis, pós-doutorando no Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) avalia a estratégia usada pelo empresário ao usar as redes sociais, tanto para atacar concorrentes quanto para viralizar cortes de vídeos em embates em que "sai ganhando" e, como nova estratégia, "terceirizar" a tarefa de responder às perguntas dos entrevistados vista no debate de segunda-feira, 19, promovido pela Veja.

"Ele tenta fugir do debate político tradicional e trazê-lo para as redes sociais, que é onde ele se dá bem, afinal ele é um influencer com muitos seguidores", disse Assis. O pesquisador afirma que a estratégia pode ainda ser nova no Brasil, mas é bastante vista no pleito americano, onde candidatos "outliers" também tentam trazer o jogo para suas zonas de conforto.

Assis acredita, no entanto, que não será possível sustentar esse movimento ao longo de toda a campanha. Mesmo assim, para Pablo Marçal, a disputa até agora tem sido um jogo de "ganha-ganha", em que, mesmo que não consiga o mandato na Prefeitura, servirá para atrair e aglomerar mais seguidores nas redes sociais, e seguir monetizando esses números, avalia o pesquisador.

Método da pesquisa

Esta é a primeira pesquisa AtlasIntel divulgada após o registro das candidaturas e depois do início da campanha e da realização dos primeiros debates entre os principais candidatos a prefeito de São Paulo.

Para Vinícius Alves, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e diretor da Ipespe Analítica, a postura adotada por Marçal nos debates, que inclusive motivou a ausência de outros três candidatos - o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) -, deve ser considerada para analisar o crescimento das intenções de voto no ex-coach, porém, o método de pesquisa, realizado pela internet, também pode ser um fato que explique o crescimento.

"Ele bagunçou um pouco o tabuleiro, bagunçou a dinâmica do debate e isso acaba trazendo uma visibilidade forte para o candidato, mas eu destacaria também que ele é muito forte nas redes sociais, então o método de recrutamento que a Atlas utiliza para fazer as entrevistas favorece pessoas que estão mais engajadas no ambiente digital", explicou o professor, que pontuou que o aumento pode ter a ver com a disponibilidade de pessoas no ambiente online a responderem à pesquisa.

O método do instituto recruta entrevistados online, de forma aleatória, e conta com procedimentos estatísticos para calibrar a amostra e garantir que seja representativa. "Os entrevistados são recrutados organicamente durante a navegação de rotina na web em territórios geolocalizados em qualquer dispositivo (smartphones, tablets, laptops ou PCs)", informa o documento sobre a metodologia utilizada.

Transferência de votos e campanha oficial

A entrada de Marçal na disputa em meados de abril mexeu nas posições que ocupavam o terceiro lugar dos cenários colocados, com a desistência do deputado Kim Kataguiri (União-SP) e um "freio" no aumento gradual de Tabata, avalia Assis, pesquisador da USP.

Para ele, parte desses votos já podem ter sido transferidos para o empresário, que agora disputa o eleitorado de Nunes - apoiado oficialmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) -, candidato mais próximo a ele no espectro político - mesmo que Marçal insista em chamar o atual prefeito de "comunista".

"Os votos que Marçal está ganhando agora se devem muito a ele ser um ator de fora do círculo político mais tradicional, eu acho que chama grande atenção, no primeiro momento, do eleitorado", disse o pesquisador, que fez a ressalva de que o "fator novidade" pesa agora, mas há possibilidade de essa ascensão não se manter com o passar do tempo.

"Até antes da semana passada, a gente estava lidando com um cenário de pré-campanha, que basicamente são cenários simulados de quem seriam os candidatos. Agora que esses candidatos são oficiais, é natural essa redistribuição de voto", explicou o professor, afirmando que as próximas pesquisas serão fundamentais para revelarem tendências reais de crescimento ou não na disputa.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Eleições
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS NOTÍCIAS EM ELEIÇÕES

MAIS LIDAS EM ELEIÇÕES

1

POLÍTICA

Bolsonaro: O candidato para 2026 é Jair Bolsonaro

Ex-presidente afirmou que Michelle deve ser candidata a senadora pelo DF

2

PREFEITURA DE BELÉM

Igor Normando anuncia 10 nomes na equipe de transição e trabalhos devem começar até 5 novembro

Entre os integrantes estão nomes como o do ex-reitor da UFPA, Carlos Maneschy, e de André Bassalo, controlador-geral do Estado

3

‘não precisa dividir’

Tapajós: Helder critica projeto de novo plebiscito e diz que Pará está ‘mais unido que nunca’

Governador afirmou ter solicitado ao senador Jader Barbalho que pedisse vistas do projeto em tramitação no Senado, durante sessão da Comissão de Justiça

4

TRANSIÇÃO DE GOVERNO

‘Harmônica, republicana, democrática’: Edmilson e Igor Normando fazem 1ª reunião oficial juntos

Prefeito de Belém desejou sorte à nova gestão e prometeu transparência e harmonia na transição de governo; deputado estadual agradeceu Edmilson por fazer transição ‘democrática e respeitosa’.