Tesouro Direto: entenda o investimento e saiba se é hora ou não de investir
Investimento mantém trajetória de expansão em 2024 e cresce no número de investidores com aplicações realizadas.
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O Tesouro Direto cresceu 22% e atingiu 3 milhões de investidores ativos em 2024. Os números foram divulgados em 4 de fevereiro deste ano pela Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério da Fazenda. Durante o ano passado, os vencimentos de títulos ocorridos foram os maiores da série histórica do Tesouro Direto, em um total de R$ 16,48 bilhões. No entanto, o volume de reinvestimento desses valores também foi significativo, com as vendas líquidas do ano totalizando R$ 14,48 bilhões.
Agora é a hora de investir nessa aplicação?
André Cutrim, economista e um dos conselheiros do Corecon-PA/AP (Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá), avalia que o investimento no Tesouro Direto, assim como qualquer decisão econômica, não é guiado apenas por números e projeções racionais, mas também pela confiança dos agentes no futuro.
Segundo ele, a expectativa de uma política monetária mais flexível sob a gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central pode sinalizar um ciclo de queda da Selic - a taxa básica de juros da economia - favorecendo a valorização dos títulos prefixados e IPCA (Índice de Preços ao Consumidor), uma vez que os juros futuros tendem a cair.
“Se essa percepção se consolidar e os investidores agirem antecipadamente, pode haver uma valorização desses papéis antes mesmo da materialização da queda da taxa básica”, analisa o economista.
Entretanto, Cutrim pondera que a economia é influenciada por mais do que apenas decisões técnicas.
“Assim, ruídos políticos e incertezas fiscais podem afetar a confiança dos investidores, elevando prêmios de risco e tornando o cenário mais instável. Em momentos assim, comportamentos mais conservadores tendem a predominar, favorecendo investimentos como o Tesouro Selic, que acompanha a taxa de juros e protege contra volatilidades inesperadas”, ressalta.
O economista destaca que oportunidades de investimento surgem quando há um alinhamento entre as expectativas e a realidade futura da economia.
“Para aqueles que confiam na trajetória de queda dos juros e desejam antecipar o movimento, títulos prefixados e IPCA + podem gerar ganhos adicionais”, aconselha.
Para investidores mais cautelosos, que preferem esperar maior clareza no cenário macroeconômico, o Tesouro Selic oferece estabilidade e menor risco, de acordo com o economista.
“No final, a decisão depende não apenas de dados concretos, mas da forma como os agentes interpretam e reagem às incertezas do presente”, afirma André Cutrim.
Como ocorre o investimento do Tesouro Direto?
De forma geral, investimento é qualquer gasto ou aplicação de recursos que produza um retorno futuro. No caso do Tesouro Direto, segundo André Cutrim, o investimento ocorre por meio da compra de títulos públicos emitidos pelo governo federal, que utiliza esses recursos para financiar suas atividades e a dívida pública.
“A atual gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central (BC) traz expectativas de uma tendência de maior alinhamento com as diretrizes macroeconômicas do Executivo, enfatizando políticas que estimulem o investimento produtivo, ampliem o crédito e reduzam os custos financeiros”, explica o economista.
Conforme Cutrim, Galípolo, por sinal, já sinalizou a possibilidade de adotar uma condução monetária mais flexível, para daqui a alguns meses, ser capaz de equilibrar o controle inflacionário com o crescimento econômico e a geração de empregos. Isso, de acordo com o economista, está marcando uma potencial mudança em relação à rigidez ortodoxa que tem caracterizado diversas gestões do Banco Central.
No âmbito econômico, segundo o economista, o Tesouro Direto funciona como um mecanismo pelo qual o governo obtém financiamento diretamente do mercado, oferecendo títulos de diferentes tipos – prefixados, indexados à inflação (IPCA) e atrelados à taxa Selic.
“A rentabilidade e os riscos variam conforme o cenário macroeconômico, influenciado por fatores como inflação, taxa de juros e confiança dos investidores. A possibilidade de uma política monetária mais flexível pode afetar diretamente esses títulos, tornando os prefixados e os atrelados ao IPCA mais vantajosos caso o mercado antecipe uma queda mais expressiva da Selic nos próximos meses”, detalha André Cutrim.
Influência da política no investimento
Para o conselheiro do Corecon-PA/AP, no âmbito político, o investimento no Tesouro Direto é diretamente impactado pelos ruídos em relação à política fiscal e monetária.
“Declarações contraditórias, incertezas sobre o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal ou sinais de descontrole nos gastos podem aumentar o risco percebido pelos investidores, elevando os juros dos títulos e desvalorizando os papéis já emitidos”, avalia Cutrim.
Por outro lado, de acordo com ele, políticas que reforçam a credibilidade do governo, como controle de despesas e reformas estruturais, reduzem a percepção de risco, tornando os títulos mais atrativos e estabilizando o custo da dívida pública.
“Nesse contexto, a sinalização da gestão Galípolo sobre uma flexibilização da política monetária sugere uma mudança de postura que pode influenciar as expectativas dos agentes econômicos, impactando diretamente a demanda e os rendimentos dos títulos do Tesouro Direto”, explica o economista.
O Tesouro Direto reflete tanto a dinâmica econômica quanto o contexto político do país, sendo uma alternativa segura, mas suscetível às oscilações do mercado e aos ruídos vindos das decisões e incertezas do governo.
Para o economista, o possível novo direcionamento do Banco Central pode ser um fator decisivo para a atratividade desses investimentos nos próximos meses, especialmente para aqueles que buscam antecipar tendências de queda nos juros e maior estímulo ao crescimento econômico.
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