Soja, milho e animais vivos são destaque nas exportações do Pará em 2022

Juntos, itens somam 92,5% das vendas do setor para o exterior

Camila Azevedo
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Soja, milho e animais vivos foram os principais destaques nas exportações agropecuárias no Pará em 2022. Os números do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços apontam alta expressiva nas vendas ao exterior, em comparação com o mesmo período de 2021. No caso do milho, por exemplo, as exportações alcançaram um crescimento de US$ 333 milhões entre janeiro e dezembro do ano passado, o que representa um aumento de 324%. Entre os fatores que propiciaram o cenário, a grande demanda vinda do mercado chinês e a valorização do dólar são apontadas como as principais.

Ao longo de 12 meses, a soja teve variação positiva de 70,4% nas vendas para o exterior, somando US$ 1,38 bilhão. Já os animais vivos foram responsáveis pelo acréscimo de US$ 129 milhões na economia paraense, somando alta de 113% também em relação a 2022. Ao todo, estes produtos, junto com o milho, venderam 92,5% do total do setor agropecuário no ano passado.

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Expansão

Eliana Zacca, assessora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), explica que, no caso da soja, o principal motivo para o aumento das exportações são as demandas chinesas. Os valores arrecadados, ainda, são justificados pela valorização cambial sentida em 2022. “Mas, é fato que realmente a soja está se expandindo. O importante é que essa expansão tem sido feita em substituição a área de pastagem, como o preço está sendo muito bom, está havendo liberação dessas áreas”, destaca.

Dentro deste contexto, a tecnologia foi determinante para que o estado atingisse as altas marcas na exportação. “Em 2022, o Pará fechou o ano como o segundo maior rebanho internacional e isso está se dando pela intensidade da atividade, ou seja, aumento de produção com o auxílio da tecnologia. Além disso, a soja se transforma em proteína animal, então, essa alta demanda desses dois produtos [soja e animais] são fundamentais para viabilizar o que temos visto hoje, principalmente para o mercado chinês, que é, atualmente, o maior destino das exportações brasileiras”, afirma Eliana.

Condições geográfica do estado são atrativos

O avanço da fronteira agropecuária ressaltada por Eliana é resultado das condições que o Pará apresenta para a plantação. Terras, iluminação, fluxo regular de chuva - propiciando a disponibilidade regular de água - e sem temperaturas extremas são motivos que favorecem a produção no estado. “Inclusive, isso é promovido pela sua própria localização geográfica, que está bem próxima dos grandes mercados, o americano, europeu e asiático. Assim, há a grande procura de terras pelo pessoal da região Sul do Brasil, que procura áreas para o plantio”.

Os portos de Santarém e Barcarena são considerados pela técnica da Faepa como os que mais possuem localização estratégica. Quanto aos maiores produtores do Pará, Eliana aponta três. “No nordeste paraense, temos Paragominas, que é o principal polo produtor. No oeste paraense, é Santarém. No sudeste, Santana do Araguaia e, inclusive, na Tailândia está havendo um crescimento de área com mais de 20 mil hectares”, completa.

Projeções para exportação em 2023 são animadoras

A estimativa para este ano é que o plantio de grãos, incluindo a soja, chegue a 1 milhão de hectares. Vanderlei Ataides, exportador do Pará, diz que a quantidade de toneladas enviadas ao exterior também deve passar por um aumento. “O estado deve passar de 3 milhões de toneladas produzidas, são muitos navios que devemos enviar, sem falar das que passam em nossos portos oriundos de outros estados. Praticamente toda soja que o Pará produz vai para exportação. O estado está crescendo muito, muitas áreas de pastagens sendo convertidas para soja”, relata.

A expectativa é que haja um incremento de 6% a 8% na quantidade de terra plantada de soja. Mesmo assim, Vanderlei acredita que o preço do produto deve encontrar variáveis negativas. “Ano passado, nós tivemos soja sendo vendida por mais de R$ 200 no porto. Para este ano, o mercado está mostrando que será vendida a no máximo R$ 180. Isso se deve a um dólar mais baixo e o mercado brasileiro da soja é validado pela bolsa de Chicago. Vendemos dentro do Brasil e do Pará baseado no mercado de lá e ele está em movimento”, finaliza.

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