Salário médio de contratação com carteira assinada cai 5,6% em 1 ano no País, aponta Caged

Em maio, o rendimento médio deste ano real de admissão foi de R$ 1.898, contra um valor de R$ 2.010 em maio de 2021

Luciana Carvalho
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Segundo dados divulgados nesta terça-feira (5) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, o salário médio de contratação de empregos com carteira assinada voltou a cair em maio no País e acumula uma queda de 5,6% em 1 ano. As informações são do portal G1 Nacional.

O levantamento mostra que, em maio, o salário médio real de admissão foi de R$ 1.898, contra um valor de R$ 1.916 em abril, e de R$ 2.010 em maio de 2021, em valores corrigidos pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Nos cinco primeiros meses de 2022, apenas em abril o salário de admissão registrou aumento real. O valor médio de R$ 1.898 registrado em maio é o mais baixo desde dezembro de 2021. Segundo os dados do governo federal, foram criados 277 mil empregos com carteira assinada em maio no Brasil. No acumulado do ano, foram 1,05 milhão de vagas formais a mais.

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No entanto, os números do Caged apontam ainda, que os salários médios iniciais continuam encolhendo. Ou seja, a recuperação do mercado de trabalho e a queda do desemprego ainda não refletem em uma melhora da renda que segue sendo corroída pela inflação alta e pelo elevado número de brasileiros em busca de uma ocupação.

"Essa queda no salário de admissão já foi até pior. Mas isso não significa que o salário daqui a pouco vai começar a apresentar ganho. Provavelmente, não vai. Quem está entrando no mercado de trabalho, está predominantemente aceitando um salário menor do que se pagava 12 meses atrás", afirma Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ressaltando que o país ainda reúne 10,6 milhões de desempregados em busca de uma vaga no mercado de trabalho.

Levantamento feito recentemente pela CNC mostrou que, entre as 140 profissões com maior volume de contratações, em apenas 8 o salário de admissão conseguiu bater a inflação no último ano.

Maiores e menores salários iniciais

Segundo Caged, nos 21 principais grupamentos de atividades econômicas pesquisados, os menores salários de contratação em maio foram em vagas em serviços domésticos, alojamento e alimentação e no comércio. Já as maiores remunerações iniciais foram pagas em ocupações em atividades financeiras, no setor de eletricidade e gás e em organismos internacionais. 

Os salários iniciais também seguem menores que as remunerações médias dos profissionais que saíram das vagas. Em maio, o salário médio real dos trabalhadores demitidos foi de R$ 1.957. Ou seja, 3,15% acima do salário médio de contratação (R$ 1.898).

Setor de serviços 

O setor de serviços, o mais atingido pela pandemia e o que mais emprega no país, segue como o principal destaque na geração de novas vagas formais do país, sendo responsável por 62,6% do saldo de empregos criados nos 5 primeiros meses do ano, de acordo com o Caged.

No ano, o saldo é positivo em praticamente todas as atividades econômicas, com destaque para a indústria de transformação, construção, educação e atividades administrativas. 

A expectativa dos economistas é de uma desaceleração do ritmo de criação de vagas de emprego em função do aperto das condições monetárias e financeiras, em meio à alta da taxa básica de juros para tentar frear a inflação.

O Banco Central admitiu oficialmente que a meta de inflação será descumprida em 2022 pelo segundo ano seguido. A estimativa é de que o IPCA feche o ano em 8,8%. Diante desse cenário, é pouco provável uma inversão da rota de queda real dos salários de contratação no curto prazo.

"O desemprego está caindo, mas o nível de desocupação ainda é muito alto. Superar o sarrafo de uma inflação ainda perto dos dois dígitos, que tende a ser o cenário do final do ano, é difícil, o que faz com que seja pouco provável alcançar algum ganho real nos salários", diz Bentes.

(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política).

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