Proibição de venda de pomadas modeladoras pela Anvisa faz trancistas de Belém buscarem alternativa
Uso de outros produtos, como gel e óleos, são as formas encontradas pelas trancistas, que relatam queda na movimentação de clientes
Com a proibição da venda de pomadas modeladoras pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), trancistas de Belém estão precisando buscar alternativas para manter os negócios e oferecer segurança aos clientes. A medida é importante, uma vez que uma série de casos envolvendo cegueira temporária e inchaço nos olhos, provocados pelos produtos, foram notificados. Porém, a chegada de temporadas de alto movimento, como o carnaval, tem gerado preocupação nos profissionais.
A decisão da Anvisa é temporária e tem como objetivo prevenir novos casos de intoxicação relacionados ao uso dos produtos. Por isso, a trancista Camille Malcher, de 24 anos, procura sempre informar aos clientes sobre as alternativas que deverão ser adotadas e as que podem trazer um bom resultado sem a presença das pomadas. “Os recursos que nós temos são esses: alguns cremes próprios para cabelo e óleos, mas dificulta muito, porque escorrega. Então, depende do cliente, tem com a gente usar gel também”, explica.
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O retorno para o modelo tradicional de fazer as tranças será um cenário visto para a trancista, em contrapartida à decisão e aliado à necessidade de continuar com o trabalho. “Antes, não existia a pomada para ser utilizada, era só o cabelo e a técnica. Mas, com o passar do tempo, foi facilitando o mercado pra gente, fomos tentando arranjar novas formas de lidar com o cabelo da cliente. Em alguns casos, a pomada é a mais indicada, ela ajuda. Se o cabelo for mais saudável, a gente consegue não utilizar”, afirma.
Trancista tem preocupação com proibição durante a época do carnaval
A semana que antecede as grandes festas em comemoração ao período do carnaval são de grande movimento no espaço que Camille tem para atender. Para ela, a proibição veio durante um momento preocupante, em que muitos buscam penteados para aproveitar a época. “É nesse período que tem mais penteados práticos. Não que não dê para fazer as tranças, mas alguns clientes preferem esse uso por conta da durabilidade, menos frizz e tudo que ela proporciona no trançado”, diz a trancista.
Além disso, com o estoque de produtos parado, a possibilidade de prejuízos financeiros não é uma realidade distante para o negócio da Camille. “A gente compra o produto previamente, acredito que todas que trabalham com essa logística de espaço próprio, principalmente nas suas salas, guardam o estoque para essa época do carnaval, que é de grande demanda e acredito que, assim como a gente tem o estoque parado e a gente não vai usar o produto por conta de possíveis queimaduras e cegueiras, outras também não”.
Impacto nas vendas foi sentido
A trancista Maria Teixeira, de 37 anos, além de trabalhar trançando com as pomadas, também as vendia dentro do espaço em que atende. Ela conta que, mesmo não sendo o principal foco do trabalho, houve um impacto. “Usávamos [o produto] em praticamente todos os tipos de penteado oferecidos aqui. Agora, estou usando outros produtos, como gel cola, gelatina, o gel fixador e, até mesmo, creme de pentear, que é o que eu já usava principalmente em crianças, por exemplo”, destaca.
Queda na movimentação
A diminuição de movimento foi sentida por Maria, principalmente depois das divulgações de novos casos. “Na captação de novos clientes também, pois, por conta desse boom de casos envolvendo as pomadas e a proibição da Anvisa, as pessoas ficaram com receio de que vá acontecer algum problema com elas e preferem não arriscar. Mas, tem muitos produtos que podem ser usados na execução das tranças e que não vai oferecer nenhum risco à saúde, inclusive se preferir não usar produto nenhum, também é possível”, ressalta.
Como alguns casos de intoxicação por pomadas modeladoras já eram observados pelos profissionais, alguns se adiantaram e pararam de as usar, como foi o caso de Maria. “Os clientes ficaram preocupados, mas antes de noticiarem, a maioria de nós, trancistas, já tínhamos ouvido falar em pessoas que tiveram problemas causados pelo uso das pomadas modeladoras, então, comecei a fazer algumas recomendações de cuidados que elas deveriam ter. Nenhum cliente relatou qualquer problema relacionado à pomada”, completa.
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