Preços dos alimentos vão aumentar ou diminuir? Veja a perspectiva para 2025

Carne, leite e café foram os alimentos que mais impactaram as famílias no Pará em 2024.

Amanda Engelke / Especial para O Liberal
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Em 2024, o aumento nos preços de diversos alimentos impactou significativamente o orçamento das famílias paraenses, que podem estar se perguntando: esses preços vão continuar em 2025? Para responder a essa pergunta e entender qual o cenário para este novo ano, a reportagem conversou com Everson Costa, técnico e pesquisador do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA).

Everson explica que, ao longo de 2024, diversos itens da cesta básica sofreram aumentos. “A alta foi generalizada, mas a carne, o leite e o café foram os alimentos que mais impactaram as famílias no Pará", releva. A alta do café foi uma das mais notáveis. “Em 2024, o preço do café subiu 38%. Isso é algo bastante significativo, considerando que o café é um item básico no dia a dia da maioria das famílias”, pontua Costa.

O pesquisador observa que os aumentos se deram por vários fatores. “Os preços não aumentaram apenas por causa da inflação interna. A demanda externa e a relação com o dólar tiveram um papel importante. O Brasil é um grande exportador de produtos como carne e café, e o aumento do valor do dólar torna esses produtos mais atrativos para o mercado internacional, pressionando o mercado interno", analisa Everson.

O que esperar em 2025

Em 2025, o cenário não é otimista. A tendência, segundo Costa, é de que os preços continuem subindo. “Infelizmente, a previsão é que 2025 comece com uma continuidade desses aumentos. A relação com o mercado externo, especialmente o dólar e as condições climáticas, continua sendo um fator importante. O custo de produção também tem aumentado, devido ao preço dos insumos, que são importados", explica.

image Mayara Amaral, que mora com suas três filhas, precisou fazer ajustes para o fim de ano devido à alta no preço de produtos como o café (Cristino Martins / O Liberal)

O impacto será maior nos itens essenciais, como o leite e a carne. “Esses produtos devem continuar com uma alta, o que vai continuar pesando no bolso das famílias”, avalia, acrescentando que “os mais vulneráveis, especialmente as famílias que vivem com o salário mínimo, têm grande dificuldade para acompanhar esses aumentos, já que o aumento nos preços desses alimentos compromete a maior parte do orçamento familiar”.

Peso no orçamento

Everson também aponta que a alta nos preços impacta diretamente o orçamento das famílias. Dados divulgados pelo Dieese mostram que os gastos com alimentação o custo total da Cesta Básica de alimentos dos Paraenses foi de R$ 663,02 e comprometeu na sua aquisição quase 51% do antigo Salário Mínimo de R$ 1.412,00 – no dia 1º de janeiro, o valor subiu para R$ 1.518,00. 

O pesquisador do departamento alerta que, com a manutenção dos preços altos, o orçamento das famílias ficará ainda mais apertado. “Se esses aumentos continuarem no próximo ano, as famílias terão que fazer escolhas cada vez mais  difíceis”. Segundo ele, isso já foi observado no fim de 2024, quando muitas famílias deixaram de comprar alimentos para incluir na ceia de Natal por conta do custo elevado.

É o caso de Mayara Amaral, auxiliar administrativa de 36 anos, que mora com suas três filhas. Ela relata que precisou fazer ajustes para o fim de ano. "Tem muitas que deixei de comprar, como o peru. Tive que pensar: Esquece, cancela, porque isso não dá no orçamento. Frutas tradicionais do Natal também. Tive que trocar algumas coisas, como o peru pelo frango, ou deixar de comprar”, comenta.

Quanto ao café, Mayara diz que foi perceptível a diferença no preço. Antes, o café era um item que não faltava na mesa, mas agora, ela conta que tem dias que abre mão. “Eu comprava a R$ 9, agora estou comprando a R$ 12, até R$ 13. Nos dias que não tomamos café, trocamos por suco ou outra coisa. Isso porque tem semanas que não dá para comprar mesmo, acho que ficou muito caro", diz.

Seriam necessários cerca de 5 salários mínimos, estima Dieese

A realidade apresentada pelo Dieese também é sentida por Mayara, quanto ao peso da alimentação. No caso dela, mãe solo, mais do que os 53% do salário são investidos em alimentação. “Praticamente tudo é investido em alimentação", diz. Ela conta que muitas vezes precisa recorrer a empréstimos. “O kg da carne que comprava a R$ 42, e em menos de uma semana foi para R$ 47. O salário mínimo não dá para nada", conta, frustrada.

Everson cita que dos mais de 3,8 milhões de trabalhadores ocupados no Pará, cerca da metade recebem até um salário mínimo por mês, e que a alta nos preços dos alimentos é ainda mais sentida para essas pessoas. Ele conclui que, para uma família com padrão mínimo de consumo, seriam necessários cerca de cinco salários mínimos para cobrir todos os custos com a alimentação. Em novembro, o Dieese estimou que o salário necessário seria de R$ 6.959,31.

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