Açaí deve ficar mais barato na próxima safra do que em 2024
A partir de julho, consumidores poderão pagar menos no litro da fruta, aponta supervisor técnico do Dieese
O litro do açaí fechou o ano passado com um reajuste de quase 16%, ultrapassando a inflação calculada para o período e refletindo diretamente no consumo dos paraenses. Os dados são do balanço divulgado nesta quinta-feira, 9, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA). Apesar da atual alta do produto, o órgão espera que na próxima safra os preços fiquem abaixo dos praticados na safra de 2024, quando houve uma seca na Amazônia.
“A expectativa é otimista, afinal de contas, todo ano a gente aposta que a produção cresça, mas que, acima de tudo, principalmente nesses tempos, que as questões climáticas colaborem mais e que os preços possam diminuir na nova safra”, afirma Everson Costa, supervisor técnico do Dieese/PA.
Consumidores passam a comprar menos
O açaí está entre as frutas favoritas dos paraenses, sendo considerado um dos maiores símbolos da nossa cultura. No entanto, os valores que vêm sendo cobrados em feiras, pontos de vendas e supermercados do Estado não estão agradando muito os consumidores. “O açaí sempre fez parte das minhas refeições. Eu gosto de consumir ele no final de semana, mas tenho comprado bem pouco. O litro tá muito caro, aumentou muito no ano passado, e isso faz com que eu sinta menos vontade de comprar, sabe!?”, relata Márcio Silva.
Para Luis Pacheco, de 70 anos, o preço do litro do açaí não está mais acessível para a população, especialmente para aqueles que recebem até um salário mínimo. “Um rapaz que ganha um salário mínimo não vai comprar açaí todo dia, com certeza. Se ele comprar, é com muito esforço e deixando de comprar outra coisa. O açaí é nosso, eu acho que o valor está um absurdo!”, diz.
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Preço alto: aumento na exportação e período da entressafra
De acordo com Everson Costa, um dos motivos para esse aumento é a alta procura e a baixa produção do fruto, que não está conseguindo acompanhar a demanda do mercado. “O açaí está sendo altamente procurado, não só pelo consumo interno. Nos últimos tempos, está ocorrendo um aumento na exportação, inclusive para a produção de cosméticos e outras aplicações. A demanda por ele está numa velocidade que não consegue acompanhar a própria produção; 90% da produção ainda está concentrada no Pará, mas ela ainda é altamente artesanal e ligada a meios de distribuição”, aponta o supervisor.
Agora, no início do ano, os preços devem continuar altos, especialmente por causa da chegada da entressafra - época em que o açaí se torna mais escasso. Com menos fruto disponível no mercado, os custos aumentam, tanto para os produtores quanto para os consumidores finais. Essa sazonalidade não afeta apenas a produção, mas também as vendas. Comerciantes relatam dificuldades e gastos com a comercialização do fruto.
“Na verdade, no período de entressafra, os preços ficam bem elevados. Eu costumo trabalhar com açaí da região das ilhas e ele sempre é o mais caro. Então, a gente sofre um pouco com o valor e acaba sendo obrigado a repassar esse preço para o nosso consumidor final”, destaca Heron Amaral, proprietário de um ponto de açaí na feira da Pedreira, em Belém.
Para Edson Calandrini, que trabalha com açaí há 17 anos, o transporte do produto também é um fator que soma no aumento dos preços. Segundo ele, o atravessamento do açaí está mais caro, o que reflete na alta do preço final do litro.
“No ver o peso, os homens que carregam açaí já estão cobrando R$ 1,50 em um paneiro. Ano passado era R$ 1, esse ano já aumentou, então isso já começa a refletir no valor. Além dos atravessadores, também há gastos com os funcionários, com a conta de energia, os equipamentos, tudo isso faz com que o preço aumente, infelizmente”, relata Edson.
Apesar da época de escassez, ambos vendedores esperam que o preço melhore com a chegada do mês de julho, momento em que as chuvas cessam e a nova safra se inicia. Até lá, os consumidores terão que continuar desembolsando um valor alto se quiserem consumir o açaí.
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